
Daniel Kenedy voltou a emocionar-se ao relembrar o inferno pelo qual passou após a suspensão de um ano por uso inadvertido de uma substância proibida, que o fez falhar o Campeonato do Mundo de 2002, e o posterior vício pelo jogo, que redundou na ruína financeira e em endividamento.
"Estava a concretizar o sonho de qualquer jogador. Estive no Benfica, PSG, FC Porto e depois as coisas baixaram um bocadinho, Albacete, Estrela da Amadora… no Marítimo recuperei a alegria de jogar futebol. Estar no Mundial era tudo o que eu sonhava, depois da força que tinha tido para estar bem outra vez", começou por referir o antigo futebolista no talk show de Manuel Luís Goucha, na TVI, acrescentando depois: "Estar no Paraíso e ir para o Inferno e não saber porquê ainda é pior. Não gosto muito de falar de injustiça, prefiro sofrer do que ver os outros a sofrer o mal. Mesmo nessa altura, (…) estava a sair de Macau para apanhar um avião para Amesterdão, fiz 14, 15 horas sozinho, e a minha preocupação era dizer que estava tudo bem."
Enquanto cumpria a suspensão, a sua situação emocional levou à separação da mãe dos seus filhos: "A relação acaba porque eu queria estar sozinho, nada me fazia muito sentido. Fui a pior companhia de mim mesmo", confessou o 4.º classificado do ‘Big Brother Famosos 2.’
O natural de Bissau, de 48 anos, contou ainda que o vício do jogo começa no ano seguinte, quando já havia regressado aos relvados: "Durante o tempo em que estamos naquilo não temos noção de nada. Todos ganhamos, mas quando se ganha, perde-se. É sempre uma bola de neve. Nos primeiros tempos era uma questão de distracção, ia para passar o tempo, depois as coisas foram mais difíceis. Havia gente que era minha amiga e me emprestava… Bati no fundo, honestamente bati, não escondo as minhas coisas. Destruí-me um bocadinho, mas tenho essa força", sublinhou.