
"Há muitos cuidadores que entram em burnout, aconteceu-me a mim, e eu estou altamente deprimida. Não tenho o Estado a ajudar-me, vou começar a ser seguida por uma psicóloga em Évora e vou ter de pagar por isso", começou por assumir Joana Figueira em direto e perante as câmaras do programa 'Júlia', da SIC, conduzido por Júlia Pinheiro.
A atriz que hoje dedica os seus dias a cuidar da mãe, prossegue: "Há dois anos tinha pedido ajuda à minha médica de família e só dois anos depois é que veio uma resposta e foi de terapia de grupo, que uma resposta que para mim não é melhor nesta altura", conta.
"Vou começar um trabalho intenso, sou seguida em psiquiatria no Egas Moniz.Tenho andando muito mal e a todo o momento penso que, um dia destes, sou eu que estou internada. Tem sido muito difícil. As coisas com a minha mãe têm estado mais calmas, ela deu entrada num Centro de Dia lá na aldeia, mas eu ainda não consegui recuperar daqueles meses todos que estive com ela em casa, foram muito duros e eu não tive ajuda de ninguém", afiança Joana Figueira a Júlia Pinheiro.
Releva ainda: "Tive muita resposta das enfermeiras que iam lá a casa, todas me deram os parabéns a dizer que eu tinha feito um trabalho incrível, mas eu agora tenho de começar a cuidar de mim." Como se não bastasse os problemas de saúde da mãe, agora vê-se também a braços com a fragilidade de um pai com 88 anos: "Está super deprimido por ver a companheira [que vai fazer 86 anos] nestas condições e apercebe-se como é que os velhos estão a ser tratados neste país", disse. E diz ainda: "Quem pôs a minha mãe a andar fui eu, eu fiz o papel de uma equipa multidisciplinar. Eu pus a minha mãe a deixar de usar fralda, a comer sozinha, a ler. Desistiram dela, ‘ela é demente portanto não volta a ficar bem’. Eu sozinha recuperei a minha mãe. Custou-me a minha saúde, mas não estou nada arrependida. Faria tudo outra vez."