
O cantor José Cid, 81 anos de idade, guarda uma mágoa de infância, que haveria de descobrir apenas anos mais tarde. O músico nasceu e foi criado na Chamusca, Ribatejo, durante a II Guerra Mundial, conflito em que o Portugal da altura, sob a ditadura de António Oliveira Salazar, permaneceu neutro e fora da guerra.
Na manhã deste sábado, 16, José Cid foi o convidado de Mafalda Castro e Idevor Mendonça, no 'Dois às 10', da TVI, e recordou esse tempo e a história do pai, Francisco Tavares, que fez negócios com a Alemanha Nazi, de Hitler. "Não gostei nada. Foi uma coisa que só soube mais tarde, mas não gostei nada", lamentou Cid.
Esta não é a primeira vez que o músico recorda os negócios do pai com os alemães durante a II Guerra Mundial. Já em 2019, em conversa com Fátima Lopes, José Cid falou dos tempos de infância "passada no Ribatejo com os meninos de rua". "Eu não brincava com os meninos de nível social superior, mas sim com os de rua que eram mais divertidos", lembrou ao mesmo tempo que recordava a figuara paterna como "uma pessoa muito distante".
Francisco Tavares era um industrial e proprietário de uma "casa agrícola bastante grande na Bairrada". Com o casamento com Fernanda Salter Cid Freire Gameiro, mãe de José Cid, o empresário iniciou o negócio que lhe havia de trazer fortuna, à custa da Alemanha nazi.
"Quando ele casou com a minha mãe, no Ribatejo, fez uma fábrica de concentrados de tomate que eram deliciosos. Fez uma fortuna bastante grande a vender estes concentrados de tomate, e umas cebolinhas que a minha mãe inventou, para a Alemanha em plena II Guerra Mundial. De tal maneira que o concentrado de tomate e as cebolinhas foi a única coisa que Hitler pediu para levar quando teve de fugir", revelou José Cid a Fátima Lopes em 2019.