
António Sala está a comemorar 60 anos de carreira e, para assinalar esta data histórica, criou um espetáculo, António Sala - 60 anos de Carreira, em exibição no Europarque de Santa Maria da Feira. Com um percurso único na rádio e na televisão, há coisas de que se arrepende de ter feito, mesmo que tenham servido para pagar a casa nova, por influência da mulher.
"Aprendi que há coisas que se fazem, às vezes, pelo dinheiro e que dão mau resultado. Eu estava numa boa altura da minha carreira e aparecem uns sujeitos de Espanha. Vieram fazer-me uma proposta de uma coisa que eu não gostei logo, que eram publicitar umas pulseiras que toda a gente usava. Disse-lhes que não, mas insistiram. Cheguei a casa e contei à minha mulher. Tínhamos comprado casa há pouco tempo e ela disse: 'Eles que paguem a casa. Dá-lhes uma coisa que eles vão dizer que não.' Foi o que fiz. E aceitaram. Claro que os resultados, para mim, foram maus, porque algumas pessoas ficaram com a impressão que de que 'este sabe que está a vender uma coisa que não tem eficácia'. E ouvi coisas do género: 'Olha, o outro Sinhozinho Malta das pulseiras portuguesas'. Do ponto de vista financeiro, foi bom, mas, por outro lado, não é uma coisa de que me orgulhe", reconhece António Sala à 'TV 7 Dias'.
Na mesma entrevista, António Sala falou dos seus sonhos, três mais concretamente. O primeiro seria apresentar os Óscares de Hollywood; o segundo seria fazer um filme; e o terceiro seria ser presidente do Benfica, clube do seu coração. "Não guardo boas memórias. Nessa altura, os clubes viviam das quotas dos sócios, do merchandising, que era incipiente, não dava muito dinheiro. E eu recebo um convite de uma pessoa que não conhecia, Vale e Azevedo, por intermédio de um amigo, que também fazia parte da direção. E ele disse. "Queria convidar-te para seres vice-presidente para uma área muito específica. O Benfica tem de ter um canal de televisão. Aceitei o convite. As coisas, inicialmente, correrem bem, mas depois começaram a correr mal, porque o homem era megalómano. Era um senhor, mas não era honesto. Não guardo boa experiencia. Fui para lá porque sou benfiquista, mas só perdi dinheiro com o Benfica, porque era uma pessoa unânime e deixei de ser."
Hoje, o comunicador, de 75 anos de idade, dá cartas em 'Estrelas ao Sábado', da RTP1, e mostra-se muito crítico com o atual panorama da televisão: "Apresentei dois ou três projetos quer foram rejeitados, por acaso nenhum foi para a RTP. Foram para os dois canais privados. Um deles nem resposta me deram. Acho que foi deselegante... Mas eu não tenho idade nem estatuto para entrar numa política do quanto pior, melhor."
Embalado, António Sala lamenta que SIC e TVI prefiram apostar em reality shows, formatos sem conteúdo, como 'Era Uma vez na Quinta' e 'Big Brother'. "Não sou grande apreciador. O culto do nada não é nada. As raparigas que lá estão não estão vestidas do pescoço até aos pés. E eles a mesma coisa. Os rapazinhos que lá estão não foram escolhidos pela inteligência, mas pelo corpo..."