Durante anos foi uma das figuras mais importantes e influentes da sociedade portuguesa. Mas, de repente, Clara Pinto Correia decidiu deixar tudo para trás e sair da esfera pública. Retirou-se e refugiou-se no Alentejo, mais concretamente em Estremoz. Foi inclusivamente nessa pacata cidade alentejana que a bióloga e romancista foi encontrada morta, a pouco menos de um mês antes de completar 66 anos. A viver sozinha, ninguém se terá apercebido que morreu há mais de "três, quatro dias", conforme está a avançar a CMTV.
Se agora levava uma existência resguardada, no passado não foi assim. Clara Pinto Correia tem o seu percurso de vida marcado por alguns escândalos. O mais mediático foi em 2003 quando foi acusada de ter plagiado um dos seus artigos de opinião para a revista 'Visão'.
Em entrevista à revista Sábado, a bióloga defendeu-se: "Eu estava nos Estados Unidos. Na altura não havia Google. As pessoas começaram a ligar-me para casa, a dizer que eu tinha plagiado não sei o quê. Nem sequer sabia do que estavam a falar. No segundo dia, telefonou a minha mãe a dizer: 'Não respondas a nada do que as pessoas te perguntarem. Estão a aproveitar tudo o que dizes para fazerem de ti parva.' E eu calei-me", recordou.
"Telefonou-me um amigo a dizer que [no noticiário] estavam a fazer uma mesa-redonda sobre o plágio e por baixo passavam em letras pequenas 'explodiu o Space Shuttle'. Percebi o que tinha acontecido. Deixei o texto aberto sobre Vaclav Havel [presidente da República Checa de 1993 a 2003], que tinha traduzido, guardado e assinado com o nome da pessoa [colunista David Remnick], para citar. Mas eram 3h da manhã e eu estava completamente estafada. Depois deixei cair. Foi colado às outras partes que escrevi. Quando cheguei a Lisboa, três semanas depois, já não ia dizer nada" lembrou a catedrádica jubilada à 'Sábado' no início deste ano.
Outro projeto que deu muito que falar o a exposição de fotográfica 'Sexpressions' – também conhecida por 'Os Orgasmos de Clara Pinto Correia'. Composta por 10 fotografias com expressões da bióloga a ter orgasmos, esta exposição deu muito que falar e teve grandes consequências na sua vida, conforme garantiu nessa mesma entrevista.
"Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela", assumiu com mágoa.