
Num dos últimos 'The Voice Kids', Carolina Deslandes disse algo como "este é o melhor programa da televisão portuguesa". A cantora e jurada do concurso de jovens talentos não está longe da verdade. Se 'The Voice' já é um dos melhores programas de entretenimento em Portugal, pautando-se pelo rigor, pela procura da qualidade musical, sem apelar a facilitismos nem cair em "qualquer coisa basta", a sua versão infantil ganha por ser ainda mais emotiva. Se perde o lado adulto, a pensar em carreiras "para já", ganha em mimo e em emoção. O júri ajuda: a dupla de amigas na vida real Carolina e Bárbara Tinoco garantem a sensibilidade necessária no formato. Vê-las a cantar com adolescentes e crianças é quase como entrar numa casa de bonecas, no mundo encantado de Alice no seu país das maravilhas. A elas se junta Carlão, um verdadeiro "padrinho" no concurso, e o adorado pelo público Fernando Daniel. Os quatro estão perfeitos no seu papel. E o resultado está à vista: além do carinho que demonstram naquele palco de talentos para com as crianças, conseguem propagar essas emoções fortes em casa. Impossível ficar indiferente, ultrapassar a lágrima no olho nos momentos emocionantes – parecemos os pais das crianças que choram por tudo e por nada, cheios de razão para tal – e acreditar, sem lamechice barata, que é possível fazer bom entretenimento televisivo no nosso país.
Na mesma lógica das crianças, a TVI estreou a concorrente 'Uma Canção para Ti'. Se na primeira semana os resultados entusiasmaram, nesta última as coisas já não correram assim tão bem. Mas adiante. Aqui não se mede tanto o talento, mas o programa vive da componente "grande entretenimento", à laia de Sequim de Ouro (alguém ainda se lembra?): além das crianças e adolescentes em palco a dar o seu melhor, temos o lado espetáculo: o vestido da Maria, o da Rita, as graças do Goucha, as idas à plateia...
São dois formatos diferentes mas que na verdade têm em comum algo mais do que apenas "as crianças": fazem-nos acreditar que a nossa realidade na TV generalista não passa só por entretenimento de lixo. Há formatos com mérito, sim, e que nos deixam orgulhosos. Viessem mais assim.