As lágrimas de Pinto da Costa no adeus! Dirigente chora sozinho na despedida e prepara a nova vida longe do futebol
O ex-dirigente portista fecha a porta do seu gabinete no Dragão e diz que vai sair de cena. Os mais próximos não escondem a preocupação, admitem que Pinto da Costa precisa de se afastar "a bem da sua sanidade", mas temem que não o consiga fazer. "Não é fácil começar uma nova vida com a idade dele..."
O momento passou em direto no final do jogo que deu a Taça de Portugal ao FC Porto: com a mão a cobrir a boca e os olhos marejados de lágrimas, Jorge Nuno Pinto da Costa chorou e mostrou uma fragilidade, como poucas vezes o fez ao longo dos seus mais de 40 anos ao longo do FC Porto.
Sem ironia, sem sarcasmo e sozinho, longe dos braços-direitos, da companheira ou daqueles que o ajudaram a alavancar os seus mandatos, o dirigente – que encerra esta segunda-feira oficialmente as suas funções na SAD – permitiu, durante largos minutos, que as lágrimas caíssem ao celebrar aquele que foi o seu último título como líder máximo dos dragões. Depois de ser abraçado por André Villas-Boas, o seu sucessor, desabou, num momento de grandes emoções.
A imagem, que se tornaria viral, conta mais, na verdade, do que as palavras que têm sido ditas desde que Pinto da Costa foi largamente derrotado nas eleições do FC Porto. Publicamente, tenta mostrar fair play, que a vida continua, que é apenas um ciclo que chega ao fim, mas por dentro, o conflito de emoções é gigante. Os mais próximos dão conta disso mesmo: que há uma tristeza que consome aquele que tem sido o símbolo do clube nas últimas décadas e que, neste momento, está a sentir a perda de uma forma muito reservada e solitária.
"Ele é um rochedo, não vai dar parte fraca, mas tudo isto está a ser duro para ele. É muito difícil. Nunca vai admitir que está mal, que está arrasado, mas está", diz uma fonte, acrescentando que se estas últimas semanas têm servido para se preparar para a nova vida, os momentos mais duros ainda estão para vir. "Toda a gente está preocupada, porque o Pinto da Costa não sabe viver de outra maneira. O Porto é a vida dele, portanto, o que está para vir é difícil e vai ser sofrido."
Entre os mais chegados, a preocupação impera e a vigilância apertada é palavra de ordem, para que Pinto da Costa sinta o embate o menos possível, aos 86 anos. "Não é fácil começar uma nova vida com a idade dele, especialmente quando nunca se imaginou outra. E ele nunca imaginou este cenário. Essa é que é a verdade", admite a fonte.
Depois das emoções da Final da Taça de Portugal, Pinto da Costa começou a fazer as despedidas e, quando a comitiva parou em Fátima, no regresso à cidade Invicta, anunciou a sua retirada de cena, perante os jornalistas. "A partir de terça-feira (dia 28 de maio) não falarei mais, só em casos excecionais", afirmou, garantindo que ainda tinha muito de fazer na segunda-feira (dia 27 de maio) antes de abandonar em definitivo a SAD. "Quero desejar sorte à nova Direção que tem um caminho difícil pela frente. No FC Porto o que é difícil resolve-se, o impossível demora um pouco mais. Amanhã (segunda-feira) é o meu último dia de trabalho, ainda tenho muito que fazer."
O FUTURO LONGE DO FUTEBOL
Com a Final da Taça conquistada no Jamor, Pinto da Costa encerra um percurso dedicado ao FC Porto, praticamente metade da sua vida. Diz que irá continuar a marcar presença no Dragão como adepto, pois não sabe viver sem sentir o clube, mas os mais próximos não têm dúvidas de que, a bem da sua sanidade mental, o dirigente terá de fazer o seu processo de luto, que implica necessariamente algum afastamento das lides do futebol.
Há quem diga, no entanto, que isso será impossível para Pinto da Costa, que poderá deixar-se consumir pelas questões relacionadas com um clube que sente como seu e passar a viver "enredado nesta teia". "Há dois caminhos e ele sabe que terá de se afastar. Resta saber é se irá conseguir", explica a fonte ouvida pela 'The Mag'.
Neste percurso difícil, conta com dois pilares essenciais: a mulher, Cláudia Campo, que tem estado ao seu lado precisamente nas alturas mais dolorosas e a filha, Joana, de quem se aproximou muito nos últimos anos, e que se transformou numa espécie de âncora de estabilidade, numa altura em que está de relações cortadas com o mais velho, Alexandre Pinto da Costa.
A chegada recente dos novos netos acabaria por trazer uma nova vida à família, à qual Pinto da Costa se tem agarrado, como uma das coisas extra futebol que mais o fazem feliz. "Ele tem sentido estes netos de uma forma diferente, com menos pressa, mais tempo e mais doçura. Isso vai trazer-lhe vida e felicidade nesta fase", adianta a fonte.
Uma fase que Pinto da Costa nunca achou possível que chegasse e que agora tenta enfrentar com uma calma que não conhece, que não lhe é inata nem característica e que recomende que leve a vida... um dia de cada vez.