Eros Ramazzotti: "Ainda me sinto o mesmo menino que cresceu nas ruas de Roma"
Diz que tem andado "desaparecido" do público português, mas em entrevista à Flash, antecipa o reencontro desta sexta e sábado, em Lisboa. Recorda ainda a sua primeira vez em Portugal, as memórias do início da carreira, aborda a música feita pelas novas gerações e revela as (simples) ambições para o futuro.
Eros Ramazzotti ainda se recorda, como se fosse hoje, da primeira vez que cantou em Portugal, em 1996, no Estádio do Restelo. "Lisboa foi uma das cidades que me acolheu numa das minhas primeiras digressões europeias. Serei sempre grato ao público português pelo carinho que me deram desde o primeiro momento", recorda à The Mag. O cantor italiano está de volta a Lisboa para uma jornada em dose dupla e canta esta sexta-feira (hoje) e sábado na Altice Arena (a segunda data teve de ser lançada pela empresa promotora devido à enorme procura de bilhetes). "Estou desaparecido há alguns anos e por isso estou impaciente para subir ao palco".
Consigo, Ramazzotti traz a digressão 'Battito Infinito World Tour' e Lisboa é precisamente a primeira cidade do velho continente a 'testá-la' ao vivo. O cantor garante que "será uma oportunidade para nos divertirmos, dançar e cantar juntos durante horas". Para ver está uma das maiores produções de sempre do artista, com uma forte componente de efeitos visuais. "Temos um palco altamente tecnológico, uma produção e uma banda que vai surpreender o público, mas claro que o mais importante do espetáculo serão sempre as canções", diz. Para além dos temas do novo álbum, o público irá escutar também sucessos como 'Un'Emozzione per Sempre', 'Più Bella Cosa', 'Un'Altra Te', 'Se Bastasse Una Canzone' ou 'Un Attimo Di Pace'.
O regresso a Lisboa de um dos maiores sedutores da música latina, acontece precisamente quando passam 40 anos sobre a edição da sua primeira gravação, o single 'Ad Un Amico', em 1982, pouco depois de ter abandonado os estudos para seguir o sonho de se tornar músico profissional. Hoje é um dos maiores nomes da música italiana, mas garante que pouco ou nada mudou na sua essência. "Quarenta anos depois ainda me sinto o mesmo menino que cresceu nas ruas de Roma [Ramazzotti nasceu no bairro romano de Cinecittà], com a mesma garra, o mesmo entusiasmo e com a consciência de ter muita sorte de ter um público tão vasto por todo o mundo".
Aos oito anos Eros Ramazzotti recebeu a sua primeira guitarra, pela qual se apaixonou de imediato [foi-lhe oferecida pelo pai] e aos 18 começou a chamar a atenção para a sua voz depois de ter participado no concurso de música 'Voci Nuove Di Castrocaro' [foi graças a essa participação que assinou o primeiro contrato discográfico com uma pequena editora], mas foi em 1984 que tudo mudou verdadeiramente. "Acho que tudo começou em fevereiro de 1984 quando, com a canção 'Terra Promessa', pisei pela primeira vez o palco mais importante de Itália, o do Festival de Sanremo. Não esperava nada ganhar, mas lembro-me de ter sentido uma emoção muito forte. Pela primeira vez senti que tinha conseguido".
Hoje, soma mais de 70 milhões de discos vendidos em todo o mundo, mas desvaloriza os números. "Eles significam tudo e nada. Eu explico: são de facto um testemunho do grande trabalho que tenho feito, juntamente com a minha equipa, mas no final os números contam pouco, porque o que me interessa é continuar a fazer música sempre com sinceridade e paixão a quem me quiser ouvir".
Nos últimos 40 anos muito mudou no mundo da música, especialmente com a internet, mas o cantor deixa alguns reparos. "Com certeza que a internet deu grande visibilidade, principalmente a artistas emergentes que, no passado, teriam dificuldades para serem conhecidos do grande público. No entanto, olho sempre com cautela sobretudo para as redes sociais. Acredito que os jovens as usam para seguir em frente para alcançar rapidamente resultados que talvez merecessem um amadurecimento diferente para não correrem o risco de se perderem rapidamente no imenso mar de novas músicas com as quais somos bombardeados constantemente".
Se é verdade que Lisboa é a primeira cidade europeia a assistir oficialmente à nova digressão de Eros Ramazzotti, também é facto que o cantor fez um primeiro ensaio em Sevilha, onde contou, na primeira fila, com a filha Aurora, que tem sido uma inspiração na carreira recente do cantor e que em breve lhe dará um neto. Atualmente com 59 anos, Ramazotti entra na casa dos 60 no próximo mês de Outubro, mas o artista não dá grande importância à idade e só traça um desejo. "Apenas quero continuar a fazer música com o mesmo entusiasmo e alegria de quando era menino. Isso é o suficiente para mim", diz.