Golos, orgias e um Ferrari a arder. Cristiano Ronaldo: o regresso a Manchester e aos fantasmas do passado
Os momentos mais polémicos e tristes da vida de Cristiano Ronaldo aconteceram quando era jogador do United. Mas estes fantasmas não impediram o seu regresso a Manchester 12 anos depois.
Quando era criança e ainda vivia numa humilde casa na Madeira, Cristiano Ronaldo só interrompia os jogos com bola quando tinha de deixar o alcatrão para dar prioridade aos automóveis que pontualmente cruzavam o improvisado campo de futebol. O barulho estridente dos escapes encantava o miúdo de caracóis com 10 anos de idade. "Aquele anda de caraças", costumava dizer para o irmão, com os olhos cheios de sonhos.
Terá nascido ali o seu gosto por automóveis e o desejo de ter um barulhento Ferrari, um objetivo gozado pelos seus companheiros quando já treinava na academia do Sporting e ganhava, aos 16 anos, 1500 euros por mês. Mas os risos não esfriavam o querer de Cristiano e quando em 2003 se mudou para o Manchester United e passou a ter um salário de 180 mil euros, uma das primeiras coisas que fez foi encomendar um bólide encarnado da marca italiana. Ao resto da história sobre este Ferrari já lá vamos.
OS IMPLACÁVEIS TABLÓIDES
Dezoito anos depois de ter feito pela primeira vez a viagem de avião até ao noroeste da Inglaterra, Cristiano Ronaldo está de regresso a Manchester. Da primeira vez aterrou como uma jovem promessa de 18 anos, agora aos 36 leva na bagagem cinco Bolas de Ouro como melhor futebolista do mundo. E os fãs do United estão em delírio com a vinda do seu 'golden boy'.
É um regresso a casa, onde já foi muito feliz desportivamente, mas também ao local onde passou pelas maiores tristezas e polémicas da sua vida. A começar a despontar na alta roda do futebol mundial, Cristiano não estava preparado ver todos os seus passos escrutinados pela implacável imprensa inglesa.
A enorme quantidade de golos que CR7 marcava em campo era equivalente ao número de notícias nos tabloides sobre a sua vida privada. Namoradas, festas, gastos milionários, qualquer ângulo servia para mais uma manchete de jornal.
O rol de mulheres que alegadamente passava pela cama do craque português era infindável. E o próprio também ajudava a alimentar esta novela. Até namorar com a apresentadora Merche Romero, Cristiano Ronaldo gozava os prazeres de um jovem solteiro, mesmo que supervisionado pela irmã Kátia, o seu principal pilar nos primeiros tempos em Manchester. Foi o tempo em que os dois estiveram mais próximos - anos depois chegaram a estar de costas voltadas depois da cantora se ter envolvido com o jogador de póquer, Cláudio Coelho, na casa de CR7 em Madrid, sem o conhecimento deste.
A MORTE DO PAI
Depois da estreia na Seleção Portuguesa no Euro2004 e das lágrimas na final perdida para Grécia, Cristiano Ronaldo surgia confiante rumo ao Mundial 2006 na Alemanha. Mas em setembro de 2005 foi abalado com a notícia da morte do pai quando estava em Moscovo com a equipa nacional. Dinis Aveiro estava internado em Londres, numa derradeira tentativa de recuperação dos seus problemas renais consequência do abuso de álcool durante muitos anos. Sir Alex Ferguson, treinador do United, assumiu por esta altura um papel ainda mais importante na vida de Cristiano. Um segundo pai, como o próprio jogador confessou.
Ronaldo jogou contra a Rússia e foi ao Mundial em terras germânicas, mas esteve perto de abandonar a equipa em pleno torneio. Mesmo com toda a família presente na Alemanha a apoiá-lo, a mente de Cristiano passava por momentos conturbados. Uma publicação da altura chegou a avançar que foi a namorada e apresentadora de televisão a ter de ir ao hotel para apaziguar os pensamentos de Cristiano e impedir a sua "deserção". A relação com Merche acabaria por chegar ao fim e até encontrar a segunda namorada oficial em todo o tempo em que viveu em Manchester - Nereida Gallardo, em 2008 - Ronaldo vestiu de novo a pele de playboy nas capas dos jornais britânicos.
Voltemos agora ao Ferrari. O modelo da marca de sonho da infância de Cristiano, um 599 GTB Fiorano F1, avaliado em perto de 300 mil euros, acabou destruído num túnel nos arredores do aeroporto de Manchester. O futebolista saiu ileso mas não ganhou para o susto. Que no entanto passou depressa. Embora nunca mais tenha havido registo de outro acidente, a paixão por carros velozes não diminui e a garagem de Cristiano já não tem espaço para tanto carro de luxo, incluindo uns quantos novos Ferrari.
NOITES LOUCAS
No verão de 2007 rebentava a bomba no The Sun: "Ronaldo faz orgia com cinco prostitutas". Segundo o jornal, depois de uma vitória sobre o Tottenham, o jogador com o colega brasileiro Anderson (ex-FC Porto), Nani e outros amigos estiveram mais de cinco horas numa festa regada com álcool à beira da piscina da mansão em Alderley Edge, com cinco acompanhantes de luxo contratadas à agência McKenzies Escort. As jovens terão viajado cerca de 95 quilómetros desde Leeds até aos arredores de Manchester, onde se situava a casa do internacional português e registaram alguns momentos desse encontro com as câmaras dos telemóveis.
Acabaram despedidas da agência e uma delas falou a uma revista portuguesa, confirmando o teor sexual do encontro, embora sublinhando que Cristiano "não se envolveu", ficando apenas "a observar" numa ponta da piscina. Curiosamente, Ronaldo só vendeu esta casa em 2019, por 2,3 milhões de euros.
Este foi apenas um dos escândalos - que motivou mesmo um processo de inquérito por parte do Manchester United - que Ronaldo teve lidar ao longo dos seis anos em que viveu em Inglaterra. O dinheiro entrava a um ritmo alucinante na conta de CR7, que passou a fazer férias nos Estados Unidos. Miami, Nova Iorque e Las Vegas passaram a ser destinos habituais do craque, apanhado pelas objetivas dos paparazzi muitas vezes agarrado a beldades à beira da piscina ou em discotecas.
AS ACUSAÇÕES DE VIOLAÇÃO
Já antes deste episódio da orgia, Cristiano Ronaldo esteve a contas com uma acusação de violação. Duas mulheres disseram que foram violadas pelo craque - na altura com 20 anos - e um amigo (na casa dos 30) a 2 de outubro de 2005 num quarto do Sanderson Hotel, de 5 estrelas, em Londres, após uma vitória do United sobre o Fulham (3-2). Ronaldo negou qualquer envolvimento, foi ouvido pela polícia britânica e o processo acabou arquivado por falta de provas.
Foi o primeiro mas não o último caso semelhante a envolver o nome do internacional português. Bem mais mediático acabou por ser o "affair" Mayorga. Ronaldo preparava-se para deixar o United rumo ao Real Madrid em 2009 e umas férias em Las Vegas acabaram com uma séria acusação de violação por parte da jovem norte-americana. O caso só foi conhecido anos mais tarde, mas ao contrário do que tinha acontecido quatro anos antes, desta vez Cristiano assumiu que se envolveu com a queixosa, mas que o sexo tinha sido consentido. Cristiano terá passado um cheque de 318 mil euros em 2010 para chegar a uma acordo extrajudicial com Kathryn Mayorga, mas a americana voltou à carga em 2018 e pede 64 milhões euros de indemnização.
Este é um caso complicado: a queixa inicial no tribunal estadual do Nevada caiu (o que significa que Ronaldo não será julgado pelo alegado crime, portanto não será condenado a uma pena de prisão), mas o processo avançou com nova queixa cível no tribunal federal, com o tal pedido astronómico de compensação financeira requerido pela ex-professora. A NAMORADA E O FILHO No verão de 2008 Ronaldo, já um ídolo do United com a sua mítica camisola 7, foi passar férias à Sardenha, Itália. Ao seu lado estava uma bela jovem de nome Nereida Gallardo. A primeira espanhola na vida do craque viria a tornar-se sua namorada até 2010, altura em que o Ronaldo "apresentou" ao mundo Irina Shayk. Já como jogador do Real Madrid.
A NAMORADA E O FILHO
No verão de 2008 Ronaldo, já um ídolo do United com a sua mítica camisola 7, foi passar férias à Sardenha, Itália. Ao seu lado estava uma bela jovem de nome Nereida Gallardo. A primeira espanhola na vida do craque viria a tornar-se sua namorada até 2010, altura em que o Ronaldo "apresentou" ao mundo Irina Shayk. Já como jogador do Real Madrid.
Antes, em 2009, no final da sua ligação a Manchester, Cristiano conseguiu cumprir um desejo: ser pai ainda novo. Após várias deslocações aos EUA, terá utilizado os serviços de uma clínica especializada em "barrigas de aluguer" para conceber Cristiano Ronaldo Júnior. O primogénito nasceu a 17 de junho de 2010 e sobre a sua mãe nada se sabe.
E é com todo este passado ligado à cidade de Manchester que Ronaldo regressa 12 anos depois de ter saído. "Estou de volta ao meu lugar. É como um sonho que se tornou realidade", escreveu CR7 nas suas redes sociais. E a continuar a marcar como fez esta última quarta feira por Portugal, tornando-se no maior goleador de sempre ao serviço de uma seleção, os adeptos do United só podem sorrir de felicidade com o regresso do seu menino pródigo, que no interior, apesar dos 36 anos marcados no passaporte, continua a ser o mesmo que se encantava no Funchal por carros que "andam de caraças".
"Estou de volta ao meu lugar. É como um sonho que se tornou realidade", escreveu CR7 nas suas redes sociais. E a continuar a marcar como fez esta última quarta feira por Portugal, tornando-se no maior goleador de sempre ao serviço de uma seleção, os adeptos do United só podem sorrir de felicidade com o regresso do seu menino pródigo, que no interior, apesar dos 36 anos marcados no passaporte, continua a ser o mesmo que se encantava no Funchal por carros que "andam de caraças".