O Algarve de Marcelo Rebelo de Sousa já não é o que era... As razões para o presidente abandonar a praia "dos ricos" e isolar-se no meio do "seu" povo
Quem havia de dizer que o Presidente da República trocaria o seu elitista Gigi pela praia de Monte Gordo, onde "o povo é quem mais ordena". "Marcelo mudou", garante quem o conhece bem. Hábitos de um Presidente que se isolou no meio da multidão e só quer paz, sossego... e água salgada.
Os amigos do Presidente da República já não disfarçam a preocupação: Marcelo está diferente. Está mais sozinho, mais isolado, mais "consigo próprio". Ainda há escassas semanas, o padre Vítor Melícias o assumia em declarações ao jornal 'Expresso': o Presidente "fechou-se" nos seus pensamentos, na sua filosofia de encarar a vida.
E não se julgue que esta mudança se prende com as últimas polémicas em que viu o seu nome e o do filho, Nuno Rebelo de Sousa, envolvidos. Claro que o fator família foi fulcral para uma alteração de postura, tornando-se mais recatada. Mas a mudança de hábitos deu-se antes, na ressaca da pandemia. Marcelo trocou – grande parte do tempo – a sua casa de toda a vida, no centro histórico de Cascais, pelo Palácio de Belém, residência oficial do Presidente da República. Passou a ser ali que trabalha até altas horas da madrugada. Passou a ser também em Belém que os passeios a pé, à noite, começaram a ter lugar, agora junto ao rio, como antes perto do mar.
"Rezo muito por ele", admitiu o confessor Melícias, na altura, à mesma publicação, conhecida que é a religiosidade do Presidente e sabendo-se que cada vez mais se refugia na sua fé. Recorde-se que, ainda no último 13 de maio, a FLASH! publicou uma imagem de Marcelo, praticamente incógnito no meio da multidão de peregrinos, durante a procissão das velas, na noite de 12. O Presidente estava sozinho (só com a segurança obrigatória), um entre milhares de peregrinos. Consigo próprio e com Deus.
Este regresso às raízes, esta vertente despojada, quase "franciscana", que veio à tona, refletiu-se a toda a linha. Até nas férias, ou melhor, nas escapadinhas que, isso sim, continua a dar à praia sempre que consegue, para um mergulho de mar que lhe faz tanta falta.
DO GLAMOUROSO GIGI, PARA O POPULAR MONTE GORDO
Este ano, Marcelo já esteve no Algarve. Mas também a sua praia de eleição mudou no pós-pandemia: trocou o Gigi, areal da vida inteira, para onde fugia sozinho ou com a companheira de outrora, Rita Amaral Cabral, pelas águas de Monte Gordo, praia do Sotavento, mais popular, mais exposta. O Presidente andou por lá nos primeiro dias de julho e, como habitualmente, não se coibiu de conversar com os eleitores que não resistem a dois dedos de conversa com a mais alta individualidade do Estado. Não foi a primeira vez por lá este ano. Nos dias quentes de maio já tinha dado um mergulho, seguindo o exemplo do que acontecera no verão de 2023: banhos no Algarve, só em Monte Gordo, entre o seu povo.
Qual o porquê da mudança? Diz quem o conhece que duas razões presidem à troca de praias: "amizades" no novo destino de eleição, e cansaço da 'snobeira' da Quinta do Lago. "O que ele quer é sentir-se bem consigo próprio. Estar em paz", garante fonte próxima da presidência e do seu líder. "Se encontra essa tranquilidade naquela região do Algarve, tanto melhor. Não há segredo nenhum nisso".
Mas até há: Marcelo está mesmo cansado, e quando se refugia no mar, precisa de estar "consigo próprio" e fugir de encontros indesejáveis, de "amigos" da política, de quem não lhe interessa ser "misturado" enquanto for Presidente da República. Afinal, à mulher de César não basta sê-lo, há que parecê-lo, lá diz o ditado. E de ver o seu nome associado ao que nunca imaginou, já está o presidente "cheio".
De forma que, para já, assim continuará: por Monte Gordo, onde espera estar ainda em agosto. E onde é possível que se cruze – o Algarve, como o mundo, "é uma ervilha" – com Pedro Passos Coelho, habitué de verão na praia vizinha de Altura, ou com, imagine-se, Pedro Nuno Santos, que tem trocado a sua querida Praia da Rocha pelo Sotavento algarvio.
Desde que tenha paz e sossego, nada perturbará o Presidente nessa altura, dedicado a reflexões e a uns bons mergulhos que refrescam as ideias. Que assim seja.