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O grande momento de Nininho Vaz Maia, o cigano da Picheleira, que já esteve preso, impressionou Cristiano Ronaldo e que até já grava com Tony Carreira

Avelino Vaz Maia (Nininho nas lides da música) apresenta-se este sábado no Campo Pequeno em Lisboa e dia 15 na Super Bock Arena no Porto. Esta é a história de um jovem como tantos outros de etnia cigana, que se agarrou à música numa das piores fases da vida, que conseguiu dar a volta e que hoje é um dos maiores fenómenos da música portuguesa
Por Miguel Azevedo | 30 de novembro de 2023 às 22:21
Nininho Vaz Maia Foto: dr

Vendo bem, 2014 não está assim tão distante. Há nove anos, Nininho Vaz Maia ainda estava em prisão domiciliária com pulseira eletrónica a cumprir ano e meio de pena por causa de desacatos numa saída à noite com amigos. "Esse tempo deu-me maturidade e experiência. Deu-me para perceber que só dependemos de nós e que somos capazes de ultrapassar tudo", dizia em 2021 numa entrevista a Manuel Luís Goucha. "Foi uma aprendizagem e fiz-me mais homem". Ora, foi precisamente durante esse período de reclusão imposta que a música surgiu "por brincadeira". O cantor decidiu passar para o papel uns versos que lhe vinham à cabeça e, como andava a aprender uns acordes de guitarra, arriscou em fazer a sua primeira canção. Uma prima ouviu-a, colocou-a no Youtube e o fenómeno nasceu. "Mas nunca pensei que pudesse chegar aqui" desabafa hoje.

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Em apenas quatro anos, Nininho granjeou uma popularidade que poucos conseguem: soma 11 milhões de visualizações no Youtube, 622 mil seguidores no Instagram e 293 mil ouvintes no Spotify. Já participou numa novela da TVI, já foi jurado num programa de talentos ('All Together Now'), lançou dois discos, passou pelos Coliseus de Lisboa e Porto, atuou em alguns dos mais importantes festivais de verão e até já convenceu Tony Carreira a gravar consigo (a participação entre os dois faz parte do novo disco do cantor cigano 'Aparentemente' lançado na semana passada).

"Fui ao estúdio dele mostrar-lhe uma canção, convidei-o para cantar comigo e ele aceitou. Foi um sonho concretizado". 

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Este sábado, Nininho Vaz Maia sobe ao palco da segunda maior sala de Lisboa, o Campo Pequeno e dia 15 apresenta-se na maior sala do Porto, a Super Bock Arena. "Está tudo a acontecer a um ritmo incrível. Ainda não tive tempo de assimilar. Parece que apanhei a meio um comboio de alta velocidade. Às vezes sinto que tenho que abrandar", diz em declarações à The Mag.     

Foi apenas em 2019, quando entrou num estúdio pela primeira vez, que Nininho Vaz Maia se apercebeu que afinal a música até podia ser um caminho. "Senti medo quando ali entrei, porque aquele era um mundo que não era meu. Não conseguia acreditar". Hoje, ainda incrédulo, diz-se eternamente grato. "Não imaginava que o meu país fosse receber-me com tanto carinho. Ter começado tudo isto por curiosidade e perceber agora que sou uma fonte de inspiração para tanta gente, dá-me uma enorme responsabilidade". Uma das pessoas que se rendeu a Nininho Vaz Maia, foi, recorde-se, Cristiano Ronaldo, ele que em junho de 2022, durante umas férias na ilha de Maiorca, surpreendeu tudo e todos com um vídeo gravado no seu iate em alto mar, a cantar o tema 'É agora'.  

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Nascido na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, Nininho Vaz Maia passou a sua infância e adolescência no bairro da Picheleira, no Beato, com a família. Filho de pai cigano (também chamado Avelino), deixou a escola aos 16 anos para começar a trabalhar. Fez de tudo um pouco. Foi monitor de jovens, trabalhou nos armazéns do IKEA, esteve no negócio da compra e venda de carros e até há pouco tempo tinha uma empresa de táxis com um tio. Fazendo honra das suas origens ciganas (o primeiro disco chamava-se orgulhosamente 'Raízes'), o cantor admite que quebrar as barreiras e os preconceitos que ainda existem contra a comunidade cigana é uma das suas missões. "Quero acreditar que tenho contribuído para isso, nem podia dizer o contrário por tudo o que tenho recebido das pessoas, mas ainda há muito trabalho a ser feito de ambas as partes, não do ponto de vista da aceitação mas da integração", diz à The Mag.   

Oriundo da família cigana Maia (uma das que tem maior tradição em Portugal), e apesar da paixão pela música, é precisamente junto daqueles que lhe estão mais próximos que Nininho encontra ainda a sua grande prioridade. Muitos dos seus vídeos, inclusive, foram gravados com vários elementos da sua família à porta da casa onde nasceu e cresceu na Picheleira. Reconhece que a comunidade cigana tem uma "cultura muito fechada" mas garante que há muitos mitos criados, um dos quais à volta do casamento prometido. "Se não houver amor não se casa", dizia em entrevista em 2022 (o próprio pai casou com uma mulher não cigana).  

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"Sincero" como o pai e "bondoso" como a mãe", Nininho Vaz Maia é pai de três filhos (um deles também se chama Avelino) e tem hoje como grande pilar da sua vida a atual mulher Triana Marine (uma espanhola não cigana), a quem chama "guerreira". É ela que é a sua manager e figura central na sua carreira artística. É com ela que Nininho divide parte da composição e da produção da sua música. "Até é ela que me veste", assegura. Cruzando o flamenco com a pop e a tradição cigana, o cantor prepara já o segundo volume de 'Aparentemente' (o tal disco acabado de sair), e que será para editar mais próximo do verão. Quanto ao futuro, é tão peremptório quanto ambicioso: "Sou uma pessoa muito exigente comigo e visualizo cada vez mais a minha internacionalização".     

 

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