Letizia foi a "arquiteta" de todo o plano que obrigou Juan Carlos e exilar-se nos Emirados Árabes Unidos. Pelo menos, essa é a convicção de muitos espanhóis. A encabeçar o grupo de quem acusa a mulher de Felipe VI de ser a culpada pela derradeira "machadada" ao rei emérito está Jaime Peñafiel. O jornalista e especialista em assuntos da realeza espanhola brada aos quatro ventos que foi a antiga jornalista da TVE que "empurrou" o sogro para longe de Espanha e não a Justiça. Peñafiel não tem dúvidas em apontar o dedo a Letizia e acusá-la de instigadora. Denuncia todos os culpados que atiraram Juan Carlos para o exílio: "O seu filho, o rei Felipe, a sua nora, Letizia, o presidente do Governo, Pedro Sánchez, Jaime Alfonsín e a vice-presidente Carmo Calvo".
Está convencido de que este foi um ato de pura vingança da rainha consorte: "É conhecida a pouca ou mesmo nula simpatia que ambos nutrem um pelo outro. Juan Carlos o melhor elogio que disse sobre a nora é que ela é ‘uma rapariga muito esperta’. Com toda a carga pejorativa do termo", escreveu o temido jornalista no site do jornal 'República'. "Juan Carlos é um dos maiores detratores de Letizia, sobretudo desde que a "plebeia", como a chama de forma depreciativa perante os seus amigos, se converteu em rainha. Nunca a tratou bem: sempre pensou que era inferior a eles, mas acontece que a plebeia se saiu melhor que as suas filhas, as infantas Elena e Cristina", resume Peñafiel.
Portanto, não é de admirar que a rainha de Espanha nutra um ódio de estimação pelo sogro. Ela não esquece as muitas humilhações a que este a sujeitou desde o dia em que soube que o filho estava decidido a casar com ela. Também sabe o quanto ele se opôs ao casamento só por considerar que ela não era suficientemente boa para passar a ser um membro da família real. Nada a faz esquecer esses terríveis tempos em que era chamada de 'camareira'. Tempos em que foi obrigada a viver sob o mesmo teto dos sogros.
A antiga jornalista da TVE, tão rechaçada pelos Borbon, não descansou enquanto não se livrou de Juan Carlos. Terá urdido o seu plano nos bastidores, fazendo a cabeça a Felipe VI. Perante os inúmeros escândalos - de alcova e financeiros - Letizia explicou marido que temia que o sogro viesse a manchar a imagem do próprio Felipe, das duas filhas e, claro, que destruísse de vez a monarquia. Se assim fosse, Leonor nunca viria a ser rainha. Fazia-lhe ver que não era suficiente prescindir apenas e só da sua parte da herança do rei emérito e retirar ao pai a "mesada" que este recebia anualmente do orçamento da Casa Real.
A VINGANÇA DE LETIZIA
Letizia bateu o pé e foi justificando por A mais B que estas medidas não eram suficientes para apaziguar os ânimos e acabar com o clima de suspeição que recaía sobre toda a família real. Mesmo quando Felipe fez saber através de comunicado que nada sabia das contas na Suíça nem dos 100 milhões de euros de que era um dos beneficiários, tal como as suas duas filhas, a princesa Leonor e a infanta Sofia, a rainha sossegou. Continuava a dizer que Leonor nunca chegaria ao trono se ele não tomasse uma atitude mais drástica em relação a Juan Carlos. Tantas vezes disse, que o rei acabou por se deixar convencer. Não queria ser o responsável pelo futuro menos risonho da família. Tomou então uma atitude contra o pai. E tão difícil foi!
A rainha regozijou quando o marido veio a público banir Juan Carlos da família real. Esse foi um dia feliz para a espanhola de origens plebeias. Ainda assim… faltava mais um passo. Afastar o sogro definitivamente de Espanha. Conseguiu-o pouco tempo depois. Tal como conseguiu que ele não ficasse em Portugal, demasiado perto de Espanha. Os Emirados Árabes Unidos foram uma espécie de prémio que foi oferecido à mulher de Felipe VI. Suficientemente longe e com um bilhete só de ida. Respirava, enfim, de alívio. Depois, deu-lhe ainda especial gosto proibir as filhas, a princesa Leonor e a infanta Sofia, de visitarem o avô no exílio, em Abu Dhabi. "A estrutura de poder mudou e a rainha cortou o contato de Juan Carlos com as netas. O calcanhar de Aquiles do avô", avançou uma fonte da Zarzuela. E sim, o rei emérito tem sofrido muito com o afastamento do filho e das netas. Apenas a infanta Elena, e mais recentemente, a infanta Cristina têm estado a seu lado.
A SATISFAÇÃO DE SOFIA COM O DESTINO DO MARIDO ADÚLTERO
Mas não era apenas Letizia que se mostrava aliviada e feliz com o exílio forçado de Juan Carlos. Também a rainha Sofia celebrou a saída sem glória do marido. O homem com quem se mantém casada deixava o país, em cujo trono esteve sentado ao longo de três décadas, sob muitos apupos. A rainha de origem grega viu o exílio de Juan Carlos como a vingança perfeita de todos os anos em que foi desrespeitada com as inúmeras traições conjugais. Todas as humilhações públicas a que o marido a sujeito estavam a ser devidamente saldadas com este infeliz destino do pai dos seus três filhos.
Por muito dourado que seja o exílio, não deixa de ser um exílio que o mantém afastado do seu amado país, longe da família e dos amigos e até das muitas mulheres que foram suas amantes ao longo da vida. Uma exultação para a rainha emérita que nunca, como até então, se sentiu tão vingada. Nem sequer a pressão social a fez continuar a alimentar o casamento de fachada. Em ano e meio que o rei emérito permaneceu em Abu Dhabi, nem uma única vez visitou o marido. Sofia era uma mulher nova com Juan Carlos a muitos milhares de quilómetros de distância. Estava convencida de que nunca mais voltaria a estar frente-a-frente com ele. O mesmo pensou Letizia.
REGRESSO A ESPANHA DE JUAN CARLOS
Para grande espanto das duas mulheres, o emérito regressou a semana passada a Espanha. Embora por poucos dias, e contra todas as previsões, deixou o exílio para fazer uma espécie de teste: perceber como é que seria acolhido no seu país. E, para uma primeira vez, não poderia ter corrido melhor. Em Sanxenxo, na Galiza, onde passou o fim-de-semana em casa de amigos e acompanhou uma prova de regatas, Juan Carlos foi aplaudido nas ruas. Ovacionado com muitos vivas ao rei. Apesar da sua fragilidade física, o pai de Felipe VI era um homem feliz com esta receção que ultrapassou as suas melhores expectativas.
De longe, em Madrid, nem Letizia nem Sofia queriam acreditar no que estava a acontecer no norte de Espanha. Como era possível o povo manifestar-se positivamente ao regresso do homem que manchou o nome da monarquia? Mas o pior ainda estava para vir. As duas mulheres teriam que enfrentar Juan Carlos na segunda-feira, 22 de maio, num almoço de família no palácio da Zarzuela. Não se sabe se foi desculpa, mas a rainha emérita diz estar infetada com Covid-19, pelo que acabou por não almoçar com o ex-marido. Já sobre a presença de Letizia não há nenhuma confirmação oficial. É possível que também tenha arranjado uma desculpa para não ter de conviver com o sogro, um dos seus maiores inimigos.
Doravante, a grande preocupação da rainha e da sogra é que Juan Carlos comece a vir amiúde a Espanha e que numa dessas viagens acabe por querer ficar no país. Que se recuse a regressar a Abu Dhabi. Nenhuma das duas mulheres aceita este cenário e, por isso, é possível que unam esforços para impedir que isso aconteça.
