
Desde domingo que Daniel Oliveira deve andar com insónias.
Afinal, a estreia de 'Big Brother Famosos' aproximou de forma constante a TVI da SIC. No domingo, noite da estreia, houve um "espate técnico" (com 19,4%) embora o reality show tenha dado um KO à também estreia da nova edição de 'Hell's Kitchen', a cargo do arqui-rival de Cristina Ferreira, Ljubomir Stanisic (sobre estes dois falaremos adiante).
Na segunda-feira, a SIC ganhou o dia com um share de 18,2% enquanto a TVI teve 18,1%. Na terça, a diferença continuou a ser de uma décima: 17,4% para a SIC, 17,3% para a TVI. Na quarta-feira - último dia a que temos acesso, até à hora em que estamos a escrever esta notícia às audiências auditadas da Marktest - a diferença entre as estações rivais aumentou, mas só ligeiramente: 17,8% de share para a SIC, 16,7% para a TVI.
À primeira vista, tudo corre bem a Daniel Oliveira já que continua a ganhar - e o que conta são os resultados finais de cada dia. Só que as coisas não são assim tão simples para o diretor de Programas da SIC. Porque apesar dos muitos desaires de Cristina Ferreira desde que se mudou, há pouco mais de um ano para a TVI, a grande verdade é que a distancia que separa as duas estações nas audiências tem vindo a diminuir, atingindo esta semana mínimos.
O que se passa afinal? Qual o quebra-cabeças que Oliveira tem de resolver? E o que tem Cristina de garantir para inverter os resultados, como há tantos meses deseja?
O FENÓMENO 'BIG BROTHER'
Se a estreia de 'Big Brother' se tornou assunto do dia devido aos concorrentes polémicos e que despertam curiosidade - Bruno de Carvalho é o melhor exemplo - o sucesso do reality show vai além das galas de domingo, essas, sim, conduzidas por Cristina Ferreira. Os "especiais" diários do programa têm obtido resultados excelentes. O 'Extra' do final da noite há muito que não tem concorrência possível, sendo o programa mais visto no horário - de longe. Quanto ao 'Extra' do fim do dia - o acesso ao prime time - praticamente dobrou os resultados obtidos pelo seu antecessor, 'Cristina ComVida' - que chegou esta semana ao fim e que foi a maior desilusão entre os programas pensados e apresentador por Cristina Ferreira.
O 'Extra' da tarde só consegue chegar sequer perto dos números obtidos pelo 'Preço Certo' de Fernando Mendes que quase todos os dias consegue posicionar-se entre os programas mais vistos do dia, com mais audiência do que a maioria dos de horário nobre.
E o que acontece com a SIC neste horários em que leva KO? O novo stress de Daniel Oliveira versão 2022, tem um nome: novelas brasileiras. São elas que não conseguem vingar à tarde (ao contrário do que acontecia no verão, contra 'Cristina ComVida') e muito menos no fim da noite.
E se à noite isso é sumenos importância, no acesso ao 'Jornal da Noite', ser terceiro torna-se perigoso. Até porque, neste momento, os resultados do noticiário conduzido por Rodrigo Guedes de Carvalho ou Clara de Sousa são um feito. A SIC entra a perder, ganha com o Jornal, e volta a cair a seguir. Ou seja, o público "muda de canal" para assistir àquele espaço mas depois abandona... o que é preocupante.
Fenómeno oposto acontece na TVI. É só depois do 'Jornal das Oito', de Pedro Mourinho, que o público regressa para ver outro fenómeno de popularidade: a novela 'Festa é Festa'. Aliás, a estreia da mesma representou a primeira grande vitória de Cristina Ferreira - à época já com o apoio de Gabriela Sobral a comandar a ficção da estação, embora a responsabilidade sobre o tom desta produção seja da inteiramente de Cristina.
'Festa é Festa' tem-se batido com 'Amor Amor', levando quase todos os dias a melhor. Agora conta com uma nova aliada: 'Quero é Viver', a nova ficção da TVI que esta semana já conseguiu ser o programa mais vista do dia - embora seja emitida depois das 22 horas.
Para onde caminhamos então? Para um "take over" da TVI? Finalmente a inversão dos resultados? Conseguirá a SIC, numa estratégia de defesa, de jogar com programas seguros e familiares, sem "ondas" nem "invenções" garantir a liderança? A informação é suficiente para atenuar as fraquezas da programação? Ou Daniel vai continuar a optar por novos "embalados" de programas já emitidos - o exemplo mais flagrante é 'Terra Nostra', que já conhecer não sei quantos "vale a pena ver de novo" em cima dos mesmos episódios com a reedição dos mesmos.
ENTRETANTO NOS TRIBUNAIS...
É que este vai também ser o ano do "tudo ou nada" para Cristina Ferreira. Se, por um lado, a diretora de Entretenimento da TVI "morde os calcanhares" à SIC, este é também o ano em que irá enfrentar os antigos patrões em tribunal. A SIC exige 20,3 milhões a Cristina Ferreira por esta ter quebrado o contrato com a estação a 17 de junho de 2020. A apresentadora contesta, evidentemente, e diz ter sido enganada. A SIC tenta provar quanto perdeu em contratos comerciais com a saída do mais cintilante dos seus rostos.
Mas há mais contas a acertar nos tribunais este ano. Ljubomir Stanisic, o chef-estrela, que quebrou o contrato com a TVI a 14 de agosto de 2021 - poucos dias depois de Cristina Ferreira ali ter sido apresentada oficialmente no papel de diretora de Entretenimento (ou seja, superior hierárquica de Ljubomir) - também terá este ano de responder em tribunal sobre a sua atitude. A TVI pede ao chefe jugoslavo um valor bem mais modesto do que a SIC quer de Cristina Ferreira, mas igualmente imponente: 1,2 milhões.
Para já, esta semana, na disputa direta com Cristina na noite de domingo, Ljubomir saiu claramente derrotado. O seu 'Hell's Kitchen' esteve muito aquém de 'Big Brother Famosos'. Mas mais do que um problema de Ljubomir, é problema de Daniel Oliveira, que apostou forte neste "cavalo", desta vez sem o resultado pretendido. A verdade é que o formato 'Big Brother' é muito mais forte do que o novato e fofinho 'All Together Now', também apresentado por Cristina, com o qual 'Hell's Kitchen' concorreu na primeira temporada. Agora a artilharia é mais pesada. E é bom que Oliveira comece a pensar em armas de ataque, sob pena de "morrer" agarrado àquilo que já rendeu demais, mas foi ultrapassado por falta de audácia.