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A verdade sobre a relação de Isabel II com a mãe, a mulher amava gin, sobreviveu a tragédias e acreditava na "vida-dupla": a 'Queen-Mother'

Isabel Bowes-Lyon morreu há precisamente 20 anos, com 101 anos de idade. Símbolo da resistência aos nazis aquando a Segunda Guerra Mundial, a Rainha-mãe, diz-se, estava conservada em gin. Mas há relatos de que a senhora, apesar do seu ar bonacheirão não era fácil de aturar. A princesa Diana terá sofrido muito às suas mãos. Muitas foram também as discórdias com a filha mais velha. Ainda assim, foi sempre o apoio indispensável nas alturas mais difíceis do reinado de Isabel II.
Ana Cristina Esteveira
Ana Cristina Esteveira
07 de abril de 2022 às 23:17
Rainha Isabel II, Rainha-Mãe
Rainha Isabel II, Rainha-Mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-Mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
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Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe
Rainha Isabel II, Rainha-mãe

O mundo tem a ideia de que a rainha Isabel II e a Rainha-Mãe sempre tiveram uma relação de grande cumplicidade. E assim foi, de facto, mas não se pode dizer que essa seja a única linha mestra desta relação mãe-filha. Várias pesquisas apontam também para alguns conflitos, desentendimentos e certos confrontos em que cada uma das mulheres media as suas forças até ao limite. Comecemos por traçar a personalidade de Isabel Bowes-Lyon.

Na adolescência, a jovem aristocrata escocesa, sonhava com uma vida calma e tranquila campo. Estava longe de imaginar o que o futuro lhe reservava. Talvez por ter ambições muito terra-a-terra, Isabel recusou as propostas de casamento do príncipe George Albert, segundo filho do rei George V. Fê-lo por três vezes. Não se via a viver na corte. A ter tão altas responsabilidades. A estar no centro das atenções. Mas ele não era homem de desistir e, por isso, insistiu até Isabel aceitar casar, deixar a Escócia e mudar-se para Londres, mesmo aterrorizada com a vida que iria ter como membro da família real e deixar a sua liberdade campestre para se encerrar – de livre vontade – no palácio de Buckingham.

Com o casamento, tornou-se duquesa de York (título que muitos anos mais tarde seria herdado por Sarah Ferguson quando esta casou com o príncipe André – terceiro filho de Isabel II e do príncipe Philip). Acreditava na altura que não lhe seria exigido mais do que desempenhar um papel secundário e de retaguarda no seio da família real. Isso foi até determinante ao aceitar o pedido de casamento, que se realizou em 1923. Mas estava tão enganada, como veio a verificar mais tarde, quando já não havia volta atrás.

AS VOLTAS DO DESTINO

Os duques de York foram pais de uma menina três anos após o casamento. Nascia a princesa Isabel, a filha primogénita. Mais tarde, ainda viveram a alegria de ver nascer mais uma menina, a princesa Margarida. George Albert, que ainda era príncipe e o segundo na linha de sucessão ao trono, revelou-se um pai extremoso que desenvolveu uma relação de grande proximidade com as duas filhas, principalmente com a mais velha.

Ainda assim, é Isabel Bowes-Lyon que assume o papel de educar as duas meninas. Os duques de York transmitem a imagem de uma família feliz e muito próxima, algo que contrariava a corrente da época, ou seja, pais distantes e que não se ocupavam pessoalmente na educação dos filhos. Isso acabou por criar uma aura de simpatia em torno do casal e das duas meninas. Os súbditos gostavam da proximidade que transmitiam. Mas diz-se que isso só foi possível, dado a atitude descomprometida do casal com o poder. Lá está, sempre julgaram que as suas responsabilidades não iriam além de serem só e apenas duques de York. Eduardo, o primogénito, esse sim, tinha por destino subir ao trono e tornar-se rei de Inglaterra. Mas como se sabe, o destino acabou por não seguir o seu desígnio.

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Os momentos mais marcantes do casamento do príncipe Philip e da rainha Isabel II

Eduardo VIII foi rei por pouco mais de 10 meses. Abdicou do trono e de tudo (até da própria família e do seu país) por amor a uma mulher: Wallis Simpson, norte-americana e divorciada do primeiro marido e em vias de se divorciar do segundo. Foi dito ao rei que o povo nunca aceitaria uma rainha uma mulher divorciada com dois ex-maridos vivos. Além disso, a acontecer o casamento de Eduardo com Wallis Simpson, haveria um sério conflito ter como chefe supremo da Igreja de Inglaterra um homem casado com uma divorciada, já que a Igreja Anglicana proibia o casamento de pessoas divorciadas com ex-maridos ou ex-mulheres vivas. Assim, não restou mais nada a Eduardo do que abdicar do trono em favor ao irmão. Este, sem esperar, tornou-se rei George VI. Consequentemente Isabel Bowes-Lyon sai da sombra e é obrigada a assumir um papel de destaque, o de rainha consorte.

A ADMIRAÇÃO DO POVO 

Ainda que contrariada, a mulher soube assumir as suas responsabilidades e isso foi notório numa altura bastante crítica para a História de Inglaterra quando Londres foi bombardeada pelos aviões alemães na Segunda Grande Guerra Mundial. Isabel, corajosamente, decidiu permanecer na capital do reino. Ela e a filhas não saíram do lado do rei, mesmo que isso tivesse posto em risco as suas próprias vidas. O povo nunca mais esqueceu o ato heroico da família real.

Adolf Hitler chegou a dizer que a rainha consorte de Inglaterra era "a mulher mais perigosa da Europa". Tratou-se, sem dúvida, de um elogio, tendo em conta de quem veio. Podemos dizer que a atual rainha herdou o estoicismo da sua mãe, pois em várias ocasiões do seu já tão longo reinado, Isabel mostrou igual coragem nos mais variados momentos de crise.

Traçado o perfil e o percurso um tanto insólito de Isabel Bowes-Lyon, debrucemo-nos agora sobre a tão falada, mas pouco conhecida relação mãe-filha.

Isabel II enfrentou os pais pela primeira vez quando se apaixonou por Philip. Diz-se que é essa a altura que marca um ponto de viragem na relação da atual rainha com a mãe, que foi aquela que mais se mostrou avessa ao namoro da filha com o príncipe de origens gregas e alemãs. Philip Mountbatten é visto pela Rainha-mãe como um jovem "perigosamente progressista". Apesar dos seus títulos nobiliárquicos e de ser um herói de guerra, não considera que ele seja o marido ideal para a sua filha primogénita, que um dia subiria ao trono e se tornaria rainha de Inglaterra.

Até ao aparecimento de Philip, Isabel era muito próxima da mãe. Deixou de o ser e Isabel Bowes-Lyon ressentiu-se disso. Não gostava de ter de competir pela atenção da sua tão amada Lilibeth. Mas a jovem não desistiu e só pensava naquele príncipe grego que não tinha um tostão, mas que era deveras encantador. Com medo que Isabel seguisse as pisadas do tio (quando este se apaixonou por Wallis Simpson), a rainha consorte recuou e, resignada, deu a sua bênção a esta união. Aceitou Philip como genro e integrou-o na família real de Inglaterra. De facto, perante a intransigência da filha, nada mais poderia fazer, pois a mulher do rei George VI percebeu que essa característica é mais uma herança sua. Até nisso, elas são iguais.

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Coroação rainha Isabel II de Inglaterra

A SUBIDA AO TRONO E O NASCIMENTO DA 'QUEEN MOTHER' 

Em 1952, acontece uma das maiores tragédias para mãe e filha. O rei George VI, a quem foi diagnosticado um cancro de pulmão, morreu subitamente de trombose coronária quando tinha apenas 56 anos. Isabel estava no Quénia numa viagem oficial. É-lhe pedido que regresse de imediato a Inglaterra e essa viagem de regresso a casa foi das mais dolorosas que já alguma vez fez. Perdeu o pai e aos 25 anos herdava um trono. Também a mãe vivia o seu maior pesadelo. Chorava a morte do marido e tinha ainda que sair do Palácio para dar lugar à nova rainha e ao marido. Depois das dolorosas exéquias fúnebres, tanta para uma como para outra, Isabel Bowes-Lyon refugia-se na sua tão amada Escócia para fazer o luto do marido. Não consegue estar ao lado da filha numa altura em que ela mais precisou de si. Mas a sua dor era demasiado grande.

Quando regressou a Londres, instala-se então em Clarence House e converte-se em ‘Queen Mother’ com apenas 51 anos de idade. Ainda terá tido alguns pretendentes, como o rei Olaf da Noruega, mas optou por não voltar a casar. Passou a ocupar-se a tempo inteiro dos netos, sempre que Isabel estava ausente, e é daí que vem a sua tão forte relação com o príncipe Carlos. O seu neto preferido. Também as corridas de cavalos, a sua grande paixão, passaram a ocupar-lhe os dias, bem como as apostas. Dizem que era muito boa nisso!

Mas será que Isabel Bowes-Lyon aceitou de ânimo leve ter sido relegada para segundo plano pela sua própria filha?

O escritor Christopher Warwick, garante que a Rainha-mãe não gostou nada da atitude da filha. Terá mesmo ficado furiosa por ser substituída por Isabel II. Considerava que ainda era uma mulher nova e que poderia ter permanecido mais uns anos como rainha regente. Dar tempo a que a filha se preparasse para reinar. Mas essa não foi a decisão de Isabel II.  "Ela [Isabel Bowes-Lyon] teve a sensação de ter sido expulsa do palácio. Adorava o seu papel de rainha consorte e de repente não tinha mais nada. A Rainha-mãe mostrou-se muito infeliz por se ter tornado apenas na "Rainha-mãe".  Tinha muitos ciúmes do título da sua própria filha", garante Warwick. No entanto, a opinião do autor é contestada por outros jornalistas especializados na realeza britânica. Dizem esses especialistas que Isabel Bowes-Lyon era, acima de tudo, uma mulher com um grande sentido de dever e provavelmente terá sido ela a incentivar a filha a ser a melhor monarca possível.

A REAPROXIMAÇÃO

Isabel Bowes-Lyon terá sobrevivido a dois cancros e a inúmeras tragédias familiares, sem nunca perder seu sorriso e o seu ar bonacheirão. Ainda assim, não seria tão afável quando algo não corria como era seu desejo. A princesa Diana terá sofrido com ela e não escondia o medo que tinha da avó do marido, o príncipe Carlos.

A Rainha-mãe não entendia o porquê do príncipe de Gales não poder ser feliz com Camilla Parker Bowles, embora fosse casado com Lady Di. Tom Quinn, especialista em assuntos da realeza britânica, explica no documentário ‘The Queen Mother: Grandmother to the Nation’  que o neto se divorciasse de Diana, embora não gostasse dela. A Rainha-mãe achava que se mantinha uma união de fachada, mas que Carlos poderia manter uma relação mais ou menos oficial com a mulher que sempre amou: a duquesa da Cornualha. Isabel Bowes-Lyon mostrava ter pouca paciência para Diana e para a sua visão de um casamento feliz e de conto de fadas. Desde então, a sua relação era muito tensa.

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Será que é desta? Príncipe Carlos pode subir ao trono em breve

Já com Isabel II, a relação mãe-filha voltou ao que era no início. Voltaram a estar muito próximas e cúmplices. As mágoas do passado foram esquecidas e, de facto, conseguiram construir uma relação baseado num imenso respeito uma pela outra. Assim, quando morreu no dia 30 de março de 2002, a poucos meses de completar 102 anos de vida, a dor foi muito grande para Isabel II, que havia perdido a irmã, a princesa Margarida, há muito pouco tempo: "Minha família e eu sempre soubemos o lugar importante que ela [Rainha-mãe] ocupava neste país e no coração de nosso povo", disse a rainha sem conseguir mostrar a dor por tão grande dor. "Mas o grande número de homenagens que prestaram à minha mãe nos últimos dias foi realmente impressionante. Encontrei grande conforto nesses atos individuais de bondade e respeito", disse Isabel II numa mensagem marcada pelo luto e pela verdade de sentimentos. Ficava orfã!

 

 

 

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