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Sexo, abusos, drogas, promiscuidade e toda a verdade sobre a sua morte. A vida privada de Freddie Mercury revelada pela… filha (sim, o cantor teve uma filha)

Nos últimos 15 anos de vida, o cantor dos Queen escreveu 17 diários que veem agora a luz do dia expondo o lado mais luminoso mas também o mais obscuro e sombrio da vivência de um dos mais notáveis artistas musicais da história. Os escritos desfazem mitos e criam outros, mas vieram instalar uma nova polémica. E que polémica!
Miguel Azevedo
Miguel Azevedo
27 de novembro de 2025 às 23:19
Freddie Mercury: diários revelam lado obscuro e polémicas da vida do cantor
Freddie Mercury: diários revelam lado obscuro e polémicas da vida do cantor Foto: D.R.

"Depois de mais de três décadas de mentiras, especulações e distorções, está na hora de deixar o Freddy falar". A garantia foi dada de forma enigmática por uma misteriosa mulher que, em 2021, procurou a famosa jornalista britânica Lesley-Ann Jones para lhe entregar aquilo de que muitos poucos sabiam da existência: dezassete diários escritos pelo cantor dos Queen entre 1976 e o ano da sua morte. Os últimos textos foram mesmo redigidos três meses antes do seu falecimento, a 24 de novembro de 1991.

Os diários, que veem agora a luz do dia pelas mãos da jornalista, repõem muitas verdades, revelam outras, desmistificam mitos e expõem Freddie Mercury tal como ele era e como nunca foi descrito, nem em biografias nem em filme. 'Com Amor, Freddie' é a aproximação mais fiel que o mundo alguma vez terá à vida de um dos mais notáveis artistas da história da música. Nele estão compiladas as confissões mais secretas do cantor, os amores, a timidez dolorosa, o bullying na adolescência, a bissexualidade, os abusos sexuais, a relação com os pais, a vida boémia, os períodos mais sórdidos da sua vida, a relação com o álcool e com as drogas e a sida que o vitimou. Mas afinal quem é a misteriosa mulher que tinha na sua posse os diários de Freddie?

Foto: RICHARD YOUNG / Rex Features

Poucas pessoas sabiam que o cantor mantinha um diário secreto, mas o próprio acabou por entregá-lo, pouco antes de morrer, à pessoa em quem mais confiava. Foi essa pessoa que, em 2021, começou a contactar, por intermédio de e-mails anónimos, Lesley-Ann Jones oferecendo-lhe acesso completo e irrestrito às confissões mais íntimas do artista. Não queria dinheiro nem reconhecimento, assegurando que não era a antiga namorada, nem um dos colegas de banda, técnico ou produtor. Garantia até que sabe onde estão depositadas as cinzas do artista e que visita o local com frequência. Ainda assim insistia: "Ninguém precisa de saber quem eu sou". A verdade é que durante três anos e meio, essa pessoa permitiu à jornalista mergulhar nas revelações mais pessoais de Freddie, tendo-lhe possibilitado criar agora uma narrativa que contraria muito do que pensávamos saber sobre si e o seu legado.

OS ABUSOS SEXUAIS E AS VERDADES REPOSTAS

A determinada altura, e confrontada com tantas revelações inéditas e íntimas de Freddie, Leslie-Ann Jones precisou de garantias da misteriosa mulher, não fosse esta uma impostora ou uma fã tresloucada. A revelação veio por carta, escrita à mão, para total surpresa da autora: “O Freddy Mercury foi e é o meu pai… pouco antes de morrer deu-me um conjunto de diários íntimos que vinha a escrever desde 1976, pouco antes de eu nascer”. A verdadeira identidade desta mulher, no entanto, continuará no anonimato como foi sua condição para a cedência dos diários. Respeitando esse pedido, Leslie-Ann Jones identifica-a, do início ao fim do livro, apenas e só por B. Mantida até então no segredo dos deuses, a filha de Freddie nasceu quando o artista tinha 30 anos, fruto de um caso de adultério entre o cantor e a mulher de um seus melhores amigos, “uma católica e esposa devota que se culpou pela sua fraqueza”. B. tinha 14 anos quando recebeu os diários das mãos do pai que, ciente da bomba que estava a confiar a uma adolescente, lhe deixou apenas um último pedido: para não os ler antes de fazer 25 anos.

Foto: Allan Ballard

Em 'Com amor, Freddie', revelam-se agora os segredos chocantes da infância do artista, os anos "profundamente infelizes" na escola, a revolta contra os pais por o terem colocado num colégio interno, os seus medos mais profundos e desejos mais apaixonados, explora a inspiração por trás das suas composições, revisita os seus relacionamentos mais íntimos, revela o amor de sua vida e repõe algumas verdades até sobre a doença que o vitimou, entre elas o facto de Freddie só ter desenvolvido Sida em 1989 e não em 1985, como sempre se pensou. Da infância e adolescência de Freddie é revelado o facto deste nunca ter tido brinquedos, tirando um pequeno comboio que o pai lhe trouxe de uma viagem e o facto de viver sempre agarrado a uma “timidez dolorosa”, sempre “desajeitado” e “muito inseguro” da sua presença. Depois da puberdade reparou que por causa do seu andar, dos gestos e das feições tinha adquirido uma aparência efeminada, algo que o colocou sempre como vítima de bullying. A isso juntaram-se abusos sexuais. “Depois de ser apanhado durante uma sessão coletiva de masturbação na escola, um dos professores começou a levar Freddie para os seus aposentos para abusar dele sexualmente” revela o livro. Foi nessa altura que o cantor, imagine-se, começou a praticar boxe para se defender.

Foto: D.R.

Aos 15 anos, Freddie escreveu uma carta aos pais a dizer que tinha entrado para uma banda. O caminho pela música nunca mais havia de ter volta a dar, mas antes de alcançar o sucesso, a fama e o dinheiro, Freddie passou dificuldades. "Quando terminou o Ealing College e o pai lhe cortou o apoio financeiro, a sua situação económica tornou-se mais precária do que nunca. Abriu uma banca num mercado para vender tudo o que lhe caía nas mãos, roupa usada, sapatos, arte, antiguidades e até quadros pintados por si próprio". Alguns devem andar hoje dispersos por aí.

A PROMISCUIDADE, O SEXO PERIGOSO E O GRANDE AMOR DA SUA VIDA, MARY AUSTIN

Foi ainda na adolescência que Freddie reconheceu a sua bissexualidade, algo que o haveria de acompanhar até ao fim dos seus dias. "Sentia-se fisicamente atraído por homens e precisava e gostava de ser dominado sexualmente, mas no que toca a emoções sentia-se atraído por mulheres". Com homens viveu as suas experiências mais intensas, com as mulheres encontrou sempre o porto seguro, especialmente junto da sua eterna namorada e grande amor da sua vida, Mary Austin, com quem namorou oficialmente entre 1970 a 1976 e de quem esteve próximo até ao final dos seus dias. Revela agora o livro, que Freddie levou uma vida boémia até à primavera de 1970, quando foi viver com Mary. Diz o cantor que foi ela quem lhe "curou algumas feridas". Outra novidade: "Freddy e Mary fingiram perante o mundo exterior que tinham terminado a relação para que ela não fosse envergonhada ou ridicularizada em público pela promiscuidade gay do Freddie".

Foto: Getty Images

Os excessos do cantor no que diz respeito ao sexo, marcaram grande parte da sua vida pessoal e acabaram, de resto, por condená-lo à morte. Segundo as novas revelações que constam do livro de Leslie-Ann Jones, "as temporadas de Freddie em Manhattan foram mesmo o período mais sórdido da sua vida". O cantor "procurava sexo sem compromisso e desejava sexo cada vez mais violento e perigoso". Álcool, cocaína e Poppers (nitrito de amilo), faziam parte do seu quotidiano. Quando em 1983, os Queen estiveram em Los Angeles para gravar o álbum 'The Works', "Freddie apaixonou-se por um homem que julgou ser o tal, mas a coisa correu mal, durou umas semanas e depois disso, o cantor entrou numa depressão profunda". E uma vez mais foi Mary que o salvou. Entre 1980 e 1985 Freddie "foi monstruosamente promíscuo. Teve níveis diferentes de relações com homens". Nos seus diários refere "inúmeras aventuras de uma noite. Um número de arrepiar de verdade". O seu consumo de álcool e drogas chegou "a atingir picos Himalaicos”. Escreveu que chegou a perder o respeito por si próprio ao ponto de se sentir "imundo por dentro". Dizia que tinha criado um "monstro extravagante que estava a destruir-lhe a vida". E foi sempre Mary Austin que o resgatou da lama.

Foto: Richard Young/ Rex Features

Como parceiro passivo, Freddie sempre soube que estava mais exposto e que corria mais riscos de contrair doenças venéreas, mas quando soube que tinha sida entrou em "profunda negação". Outra das inverdades que sempre se contou em torno da saúde do cantor é que ele sofria de convulsões frequentes, algo que, à época, até afetava muitos homens que sofriam da doença. Mas "o que ele tinha era ataques de pânico, agravados pelo álcool e pela cocaína, algo que o atormentou durante anos".

A MISTERIOSA FILHA DE FREDDIE MERCURY, REJEITADA PELA FAMÍLIA

Entre as muitas revelações que constam de 'Com Amor, Freddie', sabe-se agora que o cantor gostava de apanhar conchas na praia; detestava política e políticos na mesma proporção que adorava a família real; na hora de jantar, alinhava talheres, pratos e copos com uma régua e adorava todo o tipo de animais, especialmente os cisnes por serem o símbolo do amor.

Freddie Mercury numa festa de aniversário no Mrs. Henderson's Club, em Munique, em 1985
Freddie Mercury numa festa de aniversário no Mrs. Henderson's Club, em Munique, em 1985 Foto: Richard Young/ Rex Features

Para finalizar e regressando à filha de Freddie Mercury – a tal mulher misteriosa que agora se conhece apenas pelo nome de B. – só houve uma artista a quem o cantor revelou a sua existência: Montserrate Caballé: o grande amor que Freddie teve no mundo da música. Não deixa de ser, no entanto, irónico que apesar de ter desejado e exigido o anonimato, B. se tenha tornado, entretanto, numa das mulheres mais faladas do mundo. Muitos fãs e até antigos amigos e colegas do cantor já vieram a público exigir um teste de ADN, algo que será difícil de conseguir: Freddy foi cremado, os seus pais há muito que faleceram e a sua única irmã, Kashmira Bulsaro, não aceita, por questões religiosas, a existência desta sobrinha por ter sido concebida em contexto de adultério. Ainda assim, a autora, que chegou a viajar de Londres para Montreaux, na Suíça para se encontrar pessoalmente com B. garante: “Nada me preparou para o momento em que a conheci: os seus olhos, nariz, maxilar, tom de pele são inconfundivelmente Freddie”.

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