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A vida que teve de seguir em frente. Como a mãe e a irmã de Renato Seabra se refizeram da dor 14 anos depois do crime bárbaro

Homicida de Carlos Castro está a 11 anos de poder conseguir voltar ao seu país, em regime de liberdade condicional. Dos primeiros tempos em que contava com o apoio de toda uma comunidade em Cantenhede, já pouco resta e a mãe e a irmã são das poucas visitas que ainda recebe em Nova Iorque. Desde o fatídico dia do assassinato já nada está igual e, em contraste com a vida de Renato, que parou em 2011, a da irmã seguiu e floresceu, com Joana a cumprir o sonho de ser deputada à Assembleia da República.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
18 de agosto de 2025 às 20:38
A vida que teve de seguir em frente. Como a mãe e a irmã de Renato Seabra se refizeram da dor 14 anos depois do crime bárbaro
Após crime, família de Renato Seabra reconstrói vidas. Irmã é deputada
Renato Seabra
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Renato Seabra
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Após crime, família de Renato Seabra reconstrói vidas. Irmã é deputada
Renato Seabra
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Renato Seabra
Renato Seabra

Passaram-se 14 anos, mas a magnitude do crime faz com que o nome de Renato Seabra continue, aos dias de hoje, a suscitar grande interesse e curiosidade. Na memória de muitos ainda estará o homicídio bárbaro que ocorreu aos primeiros dias de janeiro de 2011. O modelo e Carlos Castro estavam a terminar uma viagem a dois em Nova Iorque, quando o impensável aconteceu.

O que se passou ao certo no quarto 3416, no 34º piso do Hotel Intercontinental, no coração da cidade, apenas Renato Seabra saberá, mas culminaria com a morte do cronista social, assassinado às mãos do manequim.

Mais tarde, perante a Justiça americana, Seabra acabaria por confessar que houve uma discussão com Carlos Castro e que, a partir daí, tudo se precipitou. Nos autos da polícia é descrito como o modelo agrediu barbaramente o cronista. Começou por lhe fazer um nó no pescoço e arrastou-o pelo chão. Depois, esfaqueou o socialite com o saca-rolhas com que o viria a mutilar, cortando-lhe o escroto e os testículos. Na confissão feita em tribunal, e que mais tarde viria a ser divulgada pela imprensa, pode-se ver-se a bárbara cronologia dos acontecimentos, descrita pelo jovem."O arguido afirmou que chegou a Nova Iorque a 29 de Dezembro de 2010, com Carlos. O arguido afirmou que a 7 de Janeiro de 2011, enquanto estavam no quarto 3416, o acusado e Carlos iniciaram uma discussão verbal que se transformou numa altercação física. O arguido afirmou que agarrou Carlos à volta do pescoço pelas suas costas e o arrastou, depois, pelo chão, enquanto pressionava a sua traqueia. O arguido afirmou que esfaqueou Carlos com um saca-rolhas na zona da virilha e na cara. O arguido afirmou que cortou os testículos de Carlos com esse saca-rolhas. O arguido afirmou que atingiu Carlos na cabeça com o monitor de um computador e que pisou a cara de Carlos, com os sapatos calçados. O arguido afirmou que atacou Carlos durante, pelo menos, uma hora. O arguido afirmou que, depois disso, despiu a roupa, tomou um duche, vestiu um fato e abandonou o quarto".

Foi nessa altura que se cruzou com Vanda Pires, amiga do cronista com quem tinham combinado encontrar-se e que estava a tentar ligar a Carlos Castro. De forma evasiva, Renato respondeu às perguntas de Vanda e avisou-a de que Carlos estava no quarto, saindo de seguida do hotel."O arguido afirmou que encontrou a amiga de Carlos e a sua filha, as quais perguntaram onde Carlos estava e o porquê de ele não responder aos seus vários telefonemas. O arguido afirmou que agiu de uma forma evasiva e que tentou ir-se embora, mas elas continuaram a questioná-lo sobre o paradeiro de Carlos e qual o quarto de hotel onde ele estava. O arguido afirmou depois que lhes disse qual era o quarto de hotel onde Carlos estava, deu-lhes o número de telefone desse mesmo quarto e abandonou de seguida o hotel. O arguido afirmou que andou a vaguear sem rumo nas redondezas, por algum tempo, entrando depois num táxi em Penn Station. O arguido afirmou que o taxista o levou até ao hospital St. Luke's Roosevelt."

Renato Seabra acabaria por confessar o crime mais tarde. Foi condenado a uma pena de 25 anos a perpétua, que ainda cumpre nos Estados Unidos, tendo-lhe sido negadas todas as pretensões de continuar a cumprir a pena em Portugal.

A 11 ANOS DA LIBERDADE

Será em 2036 que Renato Seabra irá cumprir 25 anos de pena, e está agendada para setembro de 2035 a decisão sobre uma eventual liberdade condicional, para a qual contribuirá o bom comportamento do antigo modelo na prisão. A esperança de regressar ao seu país e aos braços da família é o que dá um propósito a Renato, no entanto o antigo manequim estará também ciente dos desafios que essa nova etapa da sua vida lhe irá trazer, nomeadamente o recomeçar do zero num país tão pequeno onde todos conhecem a sua história.

Natural de uma pequena localidade como Cantanhede, Seabra é um filho da terra e nos primeiros meses após a morte do cronista, várias páginas no Facebook e grupos de apoio uniram-se em defesa do jovem. No entanto, à medida que os anos passaram as vidas refizeram-se e Renato foi como que esquecido.

A família é o único suporte atual do ex-modelo, hoje com 35 anos, que compre pena na cadeia de alta segurança Clinton Correctional Facility, perto da fronteira com o Canadá. A mãe, Odília Pereirinha, ainda idealizou mudar-se para os Estados Unidos, chegou a lá viver nos primeiros meses, pedindo uma licença sem vencimento, mas o elevado custo de vida e o isolamento demoveram-na dessa decisão. Para pagar a defesa do filho e sustentar os meses em Nova Iorque, desfez-se de património, até perceber que uma mudança em definitivo seria incomportável. Regressou a Portugal e ao seu trabalho no Centro de Saúde de Cantanhede, dispondo-se a refazer a vida, ainda que parte do seu coração tenha ficado nos Estados Unidos.

A mãe de Renato Seabra, Odília Pereirinha
A mãe de Renato Seabra, Odília Pereirinha

Hoje, tenta visitar o filho pelo menos duas vezes por ano, sendo que o mesmo acontece com a irmã mais velha, Joana Seabra. Em Portugal, formou-se me Medicina e atualmente, segundo noticiou o Correio da Manhã desta segunda-feira, 18 de agosto,  ocupa atualmente o cargo de deputada na Assembleia da República, eleita pela AD. É uma das pessoas que está incondicionalmente ao lado de Renato, visitando-o sempre que a vida profissional e familiar o permite, tendo nas suas redes sociais várias fotografias em Nova Iorque.

A PAIXÃO FATAL

Renato Seabra e Carlos Castro conheceram-se no outono de 2010, altura em que o modelo começava a despontar nas passerelles. Encantado com o manequim, o cronista acabaria por lhe enviar uma mensagem, que marcaria o início da cumplicidade.

"Vou ao Porto, ao Portugal Fashion, estás por perto? Acho-te giro e és altíssimo, falamos se quiseres. Um abraço amigo", abordou no Facebook.

Numa outra mensagem, enviada a 16 de Outubro de 2010, Carlos Castro já demonstra os seus sentimentos pelo jovem Seabra, então com 21 anos. "Querido... hoje sábado aqui estou (ainda) no hotel...(pensei muito em ti) e para te mandar ternuras". Renato responde ao cronista algumas horas depois: 

"Como te disse por mensagem também tenho pensado muito em ti... pensei em tudo que disseste e quero estar contigo!! Um beijinho grande".

Depois disso, pouco se sabe o que aconteceu até à fatídica viagem, mas aos amigos mais próximos Carlos Castro, então com 65 anos, já não escondia que se estava a apaixonar perdidamente pelo modelo, a quem queria, inclusivamente, ajudar a dar os primeiros passos sólidos no mundo da moda. Viajaram juntos para aquilo que o cronista esperava que fosse uma espécie de lua de mel que, no entanto, se revelaria fatal.

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