Dinheiro, muito dinheiro! E, para além disso, uma exclusividade ímpar, decoração de excelência, arte, sofisticação e glamour. Casa Cruz é o novo espaço obrigatório da cidade de Nova Iorque, também considerado o novo parque de diversões dos super-ricos. E obrigatório não quer dizer, de forma alguma acessível. Bem pelo contrário. O que é afinal este clube privado que se diz "apenas" um restaurante, localizado num edifício de estilo Beaux-Arts com seis andares, no número 36 East da 61st Street, no Upper Side Manhanttan?
A Casa Cruz New York é a irmã do famoso restaurante localizado em Notting Hill, em Londres, com o mesmo nome, e um dos espaços preferidos de estrelas como Kate Moss, Victoria Beckham, o sir Elton John, Mick Jagger ou o príncipe Harry. A 'Vogue' apelidou-o de "o novo restaurante mais glamoroso de Nova Iorque".
A maioria dos clubes privados de Nova Iorque cobra cerca de 4 mil a 5 mil dólares de anuidade (3,7 mil a 4,7 mil euros) aos sócios. A Casa Cruz faz as coisas de forma diferente. Tecnicamente é um restaurante onde, na sala principal – aberta ao público – com 66 lugares, se pode comer uma picanha wagyu por US$82 (€77) ou uma costeleta por "apenas" US$81 (€76) – preços relativamente acessíveis se considerarmos tratar-se de um dos restaurantes mais procurados de uma das cidades mais caras do mundo. O único senão é mesmo conseguir reserva para os próximos anos.
Porém, se quiser aceder aos pisos superiores e jantar nas salas privadas, e ser servido pela gastronomia sofisticada do chef Bill Brasile, terá que ser mesmo muito rico e pertencer ao clube dos 99 sócios que pagam entre US$250.000,00 e US$500.000,00 (€235.858,00 e €471.717,00) por ano. E mesmo que tenha estas quantias, e se ainda não é um dos sócios, não conseguirá entrar porque o número está fechado. Não há dinheiro no mundo que lhe permita entrar neste clube restrito de gente escandalosamente abastada. É este tipo de exclusividade que faz a aura de encantamento à volta da Casa Cruz.
Um desses afortunados parece ser o cantor Drake que, segundo a 'Page Six' terá alugado a Casa Cruz para dar uma festa para a família e amigos no final de um dos seus concertos no Apollo Theatre, no início de janeiro.
INSPIRAÇÕES EM COCO CHANEL E ARTE DE ANDY WARHOL
Os interiores são forrados a veludo verde, cobre dourado e painéis de cerejeira brasileira, e o terraço está coberto por uma tenda colorida projetada pela designer colombiana Johanna Ortiz. Há lareiras majestosas de mármore e cortinas elegantes de estilo 'chinoiserie'. Os empregados são vestidos pela estilista neozelandesa Emilia Wickstead, que tem entre os seus clientes Kate Middleton, princesa de Gales, ou Samantha Cameron, mulher de David Cameron.
Os privilegiados que conseguem sentar-se à mesa nos salões da Casa Cruz, almoçam ou jantam na companhia de obras de arte de Haring, David Hockney, Andy Warhol ou Louise Giovanelli. A enorme escadaria é inspirada na loja Coco Chanel, de Paris. O nome por trás da Casa Cruz é Juan Santa Cruz.
O HOMEM POR TRÁS DA MAGIA, JUAN SANTA CRUZ: UM RICO ENTRE OS RICOS
Santa Cruz, 51 anos de idade, é um homem elegante, de sorriso à George Clooney, que abandonou a carreira num banco de investimento para se dedicar àquilo que sempre o apaixonou: locais de excelência, boa comida, bons vinhos e pessoas interessantes. Para além da Casa Cruz New York, tem três restaurantes em Londres e um na Argentina.
Juan Santa Cruz nasceu no Chile e cresceu no Uruguai e na Suíça. Filho de um proprietário de terras chileno, os seus bisavô e tio-avô foram embaixadores do Chile no Reino Unido e a sua tia Lucía Santa Cruz era amiga do rei Carlos III. "Estudei Finanças e Economia em Boston", refere ao 'El País'. "Em 1995, quando me formei, mudei-me para Nova Iorque e trabalhei em Wall Street durante cinco anos. Em 2000, mudei-me para Buenos Aires para trabalhar num fundo de investimento", recorda ao jornal. A crise económica que assolou a Argentina em 2002, levou-o a repensar a vida. Tirou um ano sabático para pensar o futuro. Juan Santa Cruz queria um trabalho que não parecesse um trabalho. Tinha 29 anos de idade quando se tornou num restaurateur.
Em 2004, abriu a primeira Casa Cruz em Buenos Aires. Dez anos depois, inaugurou outra em Londres, num edifício vitoriano de Notting Hill. Chegou a Nova Iorque em 2016, para abrir um restaurante pop-up em Tribeca. A ideia era estar aberto durante 16 noites, mas o sucesso obrigou-o a ficar durante três meses. Foi quando se apaixonou pelo edifício Beaux-Arts, na Uptownn Manhattan, do início do século XX, desenhado pelo famoso arquiteto C.P.H. Gilberto.
Cada detalhe da Casa Cruz foi pensado por Juan Santa Cruz e pela sócia, Charlotte Santo Domingo, filha de Charles Wellesley, 9.º duque de Wellington. Levaram cinco anos a transformar o sonho em realidade. Atualmente, este é talvez o clube privado mais exclusivo de Nova Iorque. Aqui pretende-se que, acima de tudo, os convidados se divirtam – e muito –, quer queiram dançar, jantar ou simplesmente apreciar uma bela sala. "A minha intenção é fazer todas essas coisas tão bem que, independentemente daquilo que você mais gostar, irá ter tudo o que sempre quis", garantiu Juan Santa Cruz à 'Vogue'.
