
O Cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, marcou presença na apresentação do novo livro do seu médico e amigo, Luís Paulino Pereira, 'Vida Plena – 50 Reflexões de um Médico'. O lançamento, que decorreu no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi um momento de reencontro e a oportunidade para uma conversa com a FLASH! sobre o papel da Igreja na luta contra os desafios impostos pela pandemia Covid-19.
Conhece o Dr. Luís Paulino Pereira há muito tempo?Conhecemos e até nos reconhecemos porque já os nossos pais se conheciam. O Dr. Luís Paulino vem de uma família que viveu muitos anos na minha terra, que é Torres Vedras, e por isso é uma amizade reencontrada e geracional mas, nos últimos anos, temos estado mais perto por motivos de amizade e também por motivos de saúde da minha parte. Ele tem sido incansável e muito atento como aliás é para toda a gente e como este livro tão bem conta. De uma vida profissional que é sobretudo de relação muito positiva com as pessoas que ele acompanha com muita presença, persistência e capacidade médica também e, sobretudo, com uma enorme humanidade.
Qual tem sido o papel da Igreja nestes tempos tão atípicos que vivemos? Como tem ajudado?Um exemplo do que a Igreja tem feito é olhar para o Dr. Paulino como um católico convicto, com uma Igreja ativa na sua profissão que é onde a maior parte, a esmagadora maioria, dos católicos e das católicas está, que é na sua vida doméstica e profissional. Foram tantos os exemplos de testemunhos de médicos, de enfermeiros, de enfermeiras, enfim de todo esse pessoal clínico que em várias situações, algumas delas bem complicadas como todos vivemos, deram o melhor de si próprios com outros seus colegas crentes e não crentes, mas da parte deles com muita dedicação e convicção.
A pandemia veio afastar ainda mais as pessoas da Igreja?Não digo isso. As pessoas olham muitas vezes apenas à presença ou não presença nos atos de culto e está claro que tivemos que os interromper por mais do que uma vez infelizmente, mas também para ajudar a que se superasse essa situação pandémica. De uma maneira muito geral, mas também muito verdadeira, a Igreja portou-se muito bem na sociedade portuguesa, porque está a ver o que é numa rede de quase quatro mil paróquias, e algumas delas com vários lugares de culto, ficar tudo assim tudo interrompido e, depois, quando se retomou com tanta cautela, em que não há praticamente casos a registar.
"A Igreja portou-se muito bem na sociedade portuguesa"
A Igreja teve aqui um papel social? Serviu de apoio a pessoas que passaram por maiores dificuldades?
A Igreja teve aqui um papel social? Serviu de apoio a pessoas que passaram por maiores dificuldades?
E o futuro é otimista?O futuro é aquele que nós fizermos, o futuro não está à nossa espera porque nós é que o vamos criar e creio que com toda esta solidariedade praticada e, de certo modo acrescentada, neste tempo de pandemia e de luta contra a pandemia nós ainda nos reforçámos na maneira de estar e de criar futuro. Um bom futuro.
Terá a pandemia tornado as pessoas melhores?Exatamente. É isso que nós transportamos para o amanhã. Para oferecer aos que cá estão e aos que vierem a seguir mas, como digo, não fiquemos à espera de um futuro, porque o futuro somos nós que o fazemos.