
Está perfeitamente consciente da sua fragilidade física – até já haverão indícios de que enfrenta alguns pequenos esquecimentos e falhas de memória – e, por isso, Juan Carlos pensa cada vez mais na morte. Na sua própria morte. O rei emérito estará a "mexer todos os cordelinhos" para deixar o seu exílio dourado nos Emirados Árabes Unidos e regressar a Espanha. Não quer morrer longe da sua pátria. Deseja que o seu último suspiro seja dado no seu país.
O seu temor é tão grande que já terá, inclusivamente, falado com o filho, o rei Felipe VI. Ter-lhe-á falado ao coração. Pediu-lhe que o deixe regressar. Terá até prometido que não voltará para o Palácio da Zarzuela, em Madrid. Quer apenas retornar a "casa". Disse a Felipe que essa é a sua última vontade e que um filho não pode negar a vontade de quem, como ele, já tem uma idade tão avançada e tantos problemas de saúde. Fez questão de recordar a Felipe que tudo o que tem foi ele, o seu pai, que lhe deu. Inclusivamente a coroa, o trono e o cetro.
LETIZIA JÁ NÃO MANDA NADA
É evidente que o monarca não se mostrou indiferente às palavras paternas. Aos apelos de um pai doente. Ficou condoído com a situação do seu antecessor. Mas fez-lhe ver que, mesmo sendo rei de Espanha, o seu regresso não depende apenas de si. O governo, chefiado por Pedro Sanchez, também tem uma palavra a dizer. Terão obrigatoriamente que chegar a um consenso. A decisão tem de ser concertada. Quem já está completamente fora desta equação é Letizia. Se no passado foi ela – a ser verdade o que se diz – a mentora do plano que consistiu em afastar o sogro e a enviá-lo para um exílio longe de Espanha, hoje a mulher de Felipe Vi já não terá qualquer voto na matéria.
A rainha caiu em desgraça após as terríficas acusações feitas por Jaime del Burgo que garante que Letizia foi infiel ao marido. Ela e o ex-cunhado [foi casado com a irmã Telma Ortiz] terão vivido uma relação amorosa antes e depois do casamento real. Felipe VI, ao que parece, terá sido enganado pela mulher. Durante vários anos. Algo imperdoável. Na sequência destas acusações, os reis terão então acordado por uma "cessação de convivência", ou seja, vivem vidas separadas e apenas comparecem em público – como casal – quando isso é importante para a coroa. Foi também assim que Juan Carlos e Sofia geriram o seu casamento de fachada durante longos anos.
O TÃO DESEJADO REGRESSO À PÁTRIA
Portanto, perante estas condições matrimoniais, Felipe terá retirado todo o poder à mulher. Esta está relegada para um plano muito secundário e ele não lhe permite sequer – como aconteceu no passado – a imiscuir-se na vida familiar dos Borbón. Portanto, Juan Carlos poderá regressar em breve a Espanha e a Madrid sem que Letizia se possa opor. Vai ter de "engolir esse sapo", pois estava convencida que estava livre do sogro para sempre. A sua vingança contra o rei emérito, afinal, não resultou.
Com Letizia descartada e com o arquivamento da última questão legal que ainda tinha pendente, o rei emérito só aguarda que o governo e o filho lhe deem autorização para regressar de vez ao país. Anseia para que essa autorização não tarde a chegar, pois – como já referimos – não quer mesmo morrer no estrangeiro, avança o site ‘Monarquia Confidencial’. Enquanto reinou o país nunca quis falar do seu funeral ou do sítio onde gostaria de ser enterrado, ao contrário da rainha de Inglaterra, Isabel II, que tinha tudo planeado ao pormenor. Havia até um protocolo com o código ‘London Bridge is down". Pelo que se sabe, em Espanha não há nada equiparado pensado para a morte de Juan Carlos. Muito menos para a morte de Sofia.
QUER UM FUNERAL DE ESTADO
Hoje, ao que é dado a conhecer, o rei emérito "começa a mostrar-se obcecado com a organização das exéquias fúnebres" e onde será deposto o seu corpo. Os seus pensamentos sobre esta questão "chegaram a influenciá-lo animicamente, ao ponto de, em diversas ocasiões, se mostrar em baixo perante tantas incógnitas", garante uma fonte ao referido portal. Todas estas preocupações terão surgido precisamente depois de Juan Carlos ter "assistido às cerimónias fúnebres da rainha Isabel II, celebradas na Abadia de Westminster."
Muito ciente do papel que teve na história do país, sobretudo na construção da democracia, o emérito gostaria de ter um funeral de Estado, ao nível daquele que teve a rainha de Inglaterra. Só que para bem da monarquia é possível que isso não venha a acontecer, pois Felipe não quer dar mais razões à população de se indignar com gastos supérfluas da coroa. Ninguém ainda esqueceu as acusações que foram feitas a Juan Carlos. Tão graves que o levaram a abdicar e a dar o trono ao filho.
Mas não é só o rei emérito que se preocupa com a sua morte. Também a mulher, a rainha Sofia, de 85 anos, começa a preocupar-se com o seu fim. Hospitalizada na noite de terça-feira, 9 de abril, na Clínica Ruber, em Madrid, por causa de uma infeção urinária, a mãe de Felipe começa a pensar na sua finitude. O mesmo acontece com todo o país. Mas é o rei que mais pensa no assunto: na morte dos seus pais. Serão, garantidamente, pensamentos mais centrados em si próprio, mais egoístas, chamar-lhe-emos assim.
A TRISTEZA E OS RECEIOS DE FELIPE
O que lhe acontecerá quando perder os seus dois pilares? As duas pessoas que são a sua referência, mesmo que nem sempre tenha concordado com ambos em simultâneo ou cada um à vez? A orfandade é algo que angustia Felipe. O lugar que ocupa é muito solitário. É muito desgastante. E, além disso, foi esse mesmo lugar que fez com que se afastasse de muitas pessoas que lhe eram queridas. Falamos, por exemplo, das duas irmãs. A morte dos pais levará a uma aproximação de Felipe, Elena e Cristina? Estarão eles em condições de esquecer as mágoas do passado e voltarem a ser uma família? O monarca teme que isso nunca venha a acontecer.
É certo que Felipe ainda é casado com Letizia. Mas será que pode contar com ela para o apoiar quando se sentir mais desamparado e sem o ombro amigo dos pais, especialmente da mãe que tem estado sempre ao lado do filho? Incondicionalmente ao lado de Felipe. A ser verdade tudo o que se diz do casamento dos reis, dificilmente haverá volta atrás e, tal como falado, o divórcio poderá mesmo acontecer em abril de 2025, quando a infanta Sofia, a filha mais nova de Felipe e Letizia celebrará 18 anos, ou seja, quando cumprir a maioridade.
SENTIMENTO DE ORFANDADE TERRÍVEL
E por falar nas filhas, será que o rei encontrará o apoio que tanto precisa em Leonor e Sofia? Elas poderão dar-lhe a necessária força para prosseguir, mas dificilmente lhe darão aquilo que mais carece: atenção, apoio e compreensão. São demasiado novas para assumirem esse papel maternal. Nem têm que o assumir, diga-se. São filhas, não são mães de um pai que se sentirá triste, abandonado e órfão quando os seus pais partirem.
Com o avançar da idade dos pais e com a consequente fragilidade física tanto da rainha Sofia como do rei Juan Carlos, Felipe VI toma consciência da sua situação e prepara-se para o pior. Espanha faz o mesmo. Todos se preparam um desfecho mais trágico. Que vai inevitavelmente acontecer, só não se sabe quando.