
Nunca se falou tanto em igualdade de género, aceitação corporal, liberdade sexual e empoderamento feminino como nos dias que correm. Mas, já diz o ditado... faz o que eu digo, não faças o que eu faço e, na indústria da moda, bem que se pode 'brincar' ao faz de conta e convidar, de vez em quando, uma modelo roliça para subir à passerelle, mas quando chega a hora da verdade as magras são as grandes estrelas da 'parada'.
Em plena Semana de Moda de Milão, os desfiles estão ao rubro e os eventos paralelos sucedem-se em ambiente de grande glamour. A Calzedonia, por exemplo, reuniu as suas 'caras' [ou deveríamos dizer corpos] para a apresentação da nova coleção. Sob o mote 'A Legs Celebration', que é como quem diz, uma ode às pernas, a marca centrou todo o evento em pernas esguias, compridas e sensuais, voltando a enaltecer os corpos abaixo do tamanho 36, que se pensava estarem a cair em desuso na moda.
Mas o caso que deu verdadeiramente que falar foi o de Kim Kardashian. Depois de nos ter habituado às suas curvas voluptuosas, a socialite norte-americana marcou presença na Semana de Moda de Milão e deixou toda a gente de boca aberta. No final do desfile da Dolce&Gabbana, do qual foi curadora criativa, Kim surgiu na passerelle e os mais distraídos tiveram de olhar duas vezes para a reconhecer.
O 'bumbum' generoso que a tornou famosa tinha praticamente desaparecido e o volume corporal deixou de existir com a socialite, de 41 anos, a ser, inclusivamente, tendência no Twitter devido à sua mudança de imagem.
E nem todos gostaram desta alteração. É que se no passado Kim Kardashian passou uma imagem de auto-aceitação das curvas, ajudando muitas fãs com esta postura, agora há quem se sinta desiludido pelo facto de a estrela se ter rendido 'ao inimigo' e ter posto a magreza novamente na moda.
Kim Kardashian surpreende com mudança em 4 anos ao aparecer em programa dos Estados Unidos. O que acharam da mudança? pic.twitter.com/5XncZ8bI91
— POPTime (@siteptbr) September 17, 2022
MODELOS PLUS SIZE
Do lado oposto da barricada temos quem luta para passar a imagem de que nos devemos aceitar tal como somos, mesmo que isso implique passarmos dos dois dígitos na balança.
Há muito que a indústria da moda criou o segmento plus size e, por exemplo, depois de fortes críticas, a marca de lingerie Victoria's Secret passou a incluir muitas destas modelos nas suas coleções, que se tornaram mais inclusivas. A britânica Ashley Graham tornou-se numa das mais conhecidas modelos voluptuosas.
Mas se na passerelle é Ashley a dar a cara pelo plus size, no mundo da música é Lizzo quem se tem tornado famosa por falar sobre auto-aceitação. Com mais de 100 quilos, a cantora já disse várias vezes que ama o seu corpo e nas redes sociais não se inibe de o mostrar, para gaudio dos seus mais de 12 milhões de seguidores.
Durante a última cerimónia dos Emmy, Lizzo emocionou mesmo os presentes quando, ao vencer uma estatueta, recordou o quanto sonhou com aquele momento, mesmo quando achou que era impossível de atingir. "Quando eu era uma menina, tudo o que queria era ver-me representada nos 'media'. Alguém gorda como eu, alguém negra como eu, alguém linda como eu", explicou. "Se eu pudesse voltar atrás e dizer algo à pequena Lizzo, seria que ela ia ver essa pessoa".
"Amo-me e sou gorda. Uma coisa não exclui a outra", afirmou ainda Lizzo, garantindo que, depois de se ter aprendido a aceitar, nunca mais desejou ser magra. Será que, à semelhança de Kim Kardashian, ainda a vamos ver a vestir um 36?