
Os responsáveis de Hollywood estão atentos à difusão de um medicamento que tem visto um crescimento exponencial de popularidade entre as maiores estrelas da indústria. Trata-se de um medicamento, semaglutido, utilizado para o tratamento da diabetes de tipo 2.
O medicamento injetável, da empresa farmacêutica Novo Nordisk, conduz a uma perda de peso substancial em pouco tempo e, por isso, tem-se propagado por atores e atrizes, nomeadamente na antecâmara de eventos especiais como cerimónias de prémios, que, através da app de comunicações Signal, têm promovido os efeitos desta nova droga.
O ‘boom’ terá começado há três meses, quando as histórias de transformação corporal, alegadamente graças a este medicamento, se tornaram virais no TikTok, a rede social que tem assumido mais protagonismo e o maior nível de influência na atualidade: para contextualizar, a hashtag com o nome do medicamento tem mais de 180 milhões de visualizações, com cada vez mais utilizadores a descreverem o seu percurso sob o efeito deste medicamento.
Para mais, a utilização desta espécie de insulina tem sido associada, através de rumores em plataformas online, à forma física de famosos como Kim Kardashian ou Khloé Kardashian, ainda que nenhuma delas tenha feito quaisquer declarações sobre estas injeções. Para além disso, refere a 'Glamour', que ativistas que defendem a "body positivity" acusam as farmacêuticas de tentar lucrar com a glorificação da magreza enquanto ideal físico.
PESADELO DAS SEGURADORAS
À ‘Variety’, o nutricionista de Hollywood, Matt Mahowald, revelou como funciona esta substância: "Modera e empurra a secreção de insulina, fazendo com que o estômago encha mais lentamente. Promove a saciação", refere.
Quem não está a gostar desta nova moda, contudo, são as companhias de seguro: "Tem-se tornado num problema, toda a gente a entrar neste barco. As seguradoras estão a recusar-se a cobrir isto para todos os que não são diabéticos e isto levou ao pânico geral. As farmácias têm unidades de reserva até dezembro", afirmou ainda Mahowald. David Shafer, cirurgião plástico em Nova Iorque, declarou à ‘Women’s Wear Daily’ que "as pessoas já pedem pelo nome", acrescentando que 20 pessoas por dia, metade dos seus clientes diários, pedem a injeção.
E OS EFEITOS SECUNDÁRIOS DESTA ESPÉCIE DE "INSULINA"?
Há que ter em conta que o medicamento tem efeitos secundários, como a barriga inchada, obstipação ou diarreia. Um publicista de Hollywood explicou o porquê de isto não demover estes famosos: "Quem é que quer saber? Toda a gente que trabalha na indústria já tem síndrome de intestino irritável", proferiu à 'Variety'.
Por mês, as estrelas pagam entre 1200 e 1500 dólares – 1217 a 1521 euros às taxas de câmbio atuais – para ter acesso a este medicamento "milagroso". O maior risco desta tendência é fácil de adivinhar: muitas pessoas que sofrem de diabetes de tipo 2 dependem deste medicamento e a utilização deste, sem receita médica, para a perda de peso conduziu a uma escassez de oferta ao alcance dos diabéticos em vários locais. Já há mesmo pedidos para que a venda seja limitada a pessoas para as quais a produção deste medicamento é destinada.
MAS RESULTA MESMO?
Zhaoping Li, diretor de nutrição clínica na Escola de Medicina David Geffen, na Universidade da Califórnia, explicou à ‘Variety’, que o controlo de peso não pode ser feito somente através deste tipo de substâncias: "A obesidade é uma epidemia. O problema é que esta é só uma das ferramentas à nossa disposição, não é uma solução milagrosa. O maior estudo sobre estas injeções foi feito há menos de dois anos, restam muitas questões que ainda não foram respondidas", esclarece. Li frisou que a perda máxima de peso verificada após as injeções foi de 15% da massa corporal: "Tudo acaba por se cingir ao estilo de vida. Fazer exercício, comer de forma saudável e gerir o stress".
Também a psicóloga clínica Katie Rickel concorda com esta perspetiva. Em declarações à 'Town and Country Mag', subscreve que não existe uma forma específica que ajude a atingir o objetivo de perder peso: "Fazer com que alguém sinta menos fome ao nível físico não vai resolver todo o problema. As pessoas usam de forma errada medicamenteos para a OCD e até cocaína para gerir o peso. Claro, tomar cocaína pode ajudar a perder alguns quilos, mas a gestão do peso é multifatorial, não há fórmula mágica".