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João Cotrim de Figueiredo: o homem dos sete ofícios que estendeu o tapete vermelho a Cristina Ferreira e indignou Manuela Moura Guedes

Vendeu cabides porta a porta em miúdo, esteve no Turismo de Portugal e administrou várias empresas, mas foi o ano que passou pela direção da TVI que tornaria o seu nome mais conhecido dos portugueses. Da curta mas intensa experiência, ficaria uma amizade para a vida com Cristina Ferreira e uma guerra com Manuela Moura Guedes que o chamou de "pau mandado". Em 2019, deixou todas estas vidas para trás para mergulhar a fundo no universo político, sendo um dos candidatos à Presidência da República.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
18 de novembro de 2025 às 20:07
João Cotrim de Figueiredo, candidato à Presidência da República, recorda passagem pela TVI
João Cotrim de Figueiredo, candidato à Presidência da República, recorda passagem pela TVI

Em 2019, quando se lançou como candidato à Assembleia da República como cabeça de lista pela Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo causou alguma surpresa. "Eu sei, é uma surpresa até para mim. Mas aceitei porque já não consigo ficar sentado enquanto o País marca passo e não dá à geração dos meus filhos metade das oportunidades que a minha teve”, disse na altura para justificar o porquê de ter mergulhado a fundo, de repente, no universo político. No entanto, haveria de ser uma decisão sólida, que o leva agora a assumir-se como candidato à Presidência da República. 

"Não encontram ninguém mais independente do que eu. Se alguém se aproximasse de mim vindo da maçonaria e me quisesse apoiar, eu recusava esse apoio, porque não considero que uma organização discreta numa democracia deva ter a influência que a maçonaria tem nalgumas organizações políticas”, disse, em entrevista à RTP, confiante que estará numa segunda volta, o homem que já fez de tudo um pouco e não tem medo de recomeçar.

Nascido em Lisboa e aluno da Escola Alemã, estudaria mais tarde Economia em Inglaterra, onde manteve, em paralelo, vários trabalhos, que não seriam, no entanto, os primeiros, até porque a estreia aconteceu bem cedo, quando andou a vender porta a porta os cabides da empresa Manequim, fundada pelo seu bisavô. "A venda é das coisas mais nobres que existem; significa pormo-nos nos pés e na cabeça do outro para lhe passar algo relevante. Não é enganá-lo, é tornar a sua vida melhor", disse, sobre esses tempos.

Já formado, passaria pela administração da Compal e da Nutricafés, Privado Holding, Presidente do Turismo – foi o responsável por trazer a Web Summit para Portugal – até que, a chegar aos 50 e à procura de emprego, acabaria por aceitar um desafio inusitado que marcaria o seu percurso: liderar a TVI.

Os tempos eram complicados. Em setembro de 2009, por alegada pressão da Prisa, a administração da TVI em Portugal decide "suspender" o 'Jornal de Sexta', então conduzido por Manuela Moura Guedes, depois de o espaço noticioso ter exposto vários casos polémicos relacionados com o Partido Socialista e do então primeiro-ministro, José Sócrates. Na sequência da decisão, o então diretor José Eduardo Moniz apresentaria a demissão, alegando "divergências com a Prisa". Cotrim foi o senhor que se seguiu, o que lhe valeu alguns comentários menos simpáticos por parte de Moura Guedes. 

"Uma pena é o Dr. Cotrim ter sido um pau mandado dos espanhóis, os donos na altura da Media Capital, e ter mandado a liberdade de imprensa para as urtigas. Foi ele, no meio de ameaças de processos, que me obrigou a rescindir contrato com a TVI, numa altura muito difícil da minha vida profissional (...) Não, este senhor não me inspira confiança para Presidente da República", afirmou sobre o candidato.

A AMIZADE COM CRISTINA FERREIRA

João Cotrim de Figueiredo esteve apenas um ano na TVI, numa passagem curta mas intensa, na qual travou algumas amizades, sendo a mais mediática com Cristina Ferreira, algo que foi notório quando, em 2019, a apresentadora recebeu o antigo patrão na SIC para falar sobre a sua candidatura à Assembleia da República pela Iniciativa Liberal.

No final, os dois deram um forte abraço e foi visível que Cotrim de Figueiredo tinha segredado qualquer coisa a Cristina. Mais tarde, nas redes sociais, a estrela acabaria por desvendar o mistério, revelando alguma emoção.

"Acabou a conversa num abraço e a sussurrar-me 'amo-te muito'. Há pessoas que entram na nossa vida para não mais sair", rematou a apresentadora, ilustrando com um 'emoji' em forma de coração.

Apesar da passagem fugaz pelo canal, Cristina admite que este foi um diretor que a marcou particularmente.

"Foram anos muito bons", recordou Cristina Ferreira na mesma conversa, desfazendo-se em elogios diretos ao ex-chefe: "Deixa-me dizer-te publicamente que és o diretor do coração. E isto não é desmerecer o trabalho de nenhum outro. E isto por uma coisa: se hoje fores perguntar, nos corredores da TVI, qual foi o diretor que conhecia os nomes até de um empregado de limpeza, não há ninguém que não diga que não és tu. E isso não é para todos. Costumo dizer que eras bom de mais para a televisão."

Cotrim de Figueiredo ficou emocionado e agradeceu as palavras de Cristina, tendo-lhe oferecido um presente: uma moldura com uma fotografia em que a então apresentadora da SIC surgia na TVI ao lado dele e de Marcelo Rebelo de Sousa.

"Lembras-te da primeira conversa a sério que tivemos. Resististe para aí durante dez minutos, ou mais, à minha tese de que eras capaz de fazer muito mais do que estavas a fazer na TVI? Achavas que ainda não sabias fazer coisas sem o Manel [Luís Goucha] e eu disse-te: 'Cristina, és capaz e vamos fazer por isso. Vamos criar-te as condições para seres bastante mais do que estás a fazer hoje'", relembrou, referindo-se ao programa 'Somos Portugal', que a profissional apresentou na TVI entre 2011 e 2017, mostrando-se, assim, responsável pelo facto de a apresentadora ter passado a brilhar a solo, longe de proteção de Manuel Luís Goucha.

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