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Marco Paulo: o testamento, a herança e o património. Afinal, quem vai gerir o legado e o espólio milionário deixados pelo cantor

Cantor morreu aos 79 anos e deixa um património que vai muito mais além daquilo que de material amealhou. A partida de Marco Paulo levanta uma série de questões, mas o artista precaveu-se em vida e deixou explicado como queria que tudo fosse gerido quando cá não estivesse. O agente, melhor amigo e companheiro de todas as horas, António Coelho, é uma peça chave para entender o futuro.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
24 de outubro de 2024 às 21:15
Marco Paulo em casa
Marco Paulo em casa Foto: Liliana Pereira

Marco Paulo amava a vida, o carinho com que os milhares de fãs o mimavam, a alegria de poder cantar e sentir como as suas músicas tocavam o coração das pessoas. Foi por isso sempre bem claro em relação à forma como encarava a morte e também ao apreço que sentia com as homenagens que lhe faziam quando ainda cá estava.

"Não me façam nada depois de eu morrer, nada. Porque depois aí eu não vou saborear nada, aí vou descansar. Se alguém tem que fazer alguma coisa que me façam agora, para eu bater palmas e dar uma boa gargalhada", disse no programa 'Alta Definição', da SIC.

Ao longo dos últimos anos, de altos e baixos numa luta contra o cancro, viveu sempre rodeado de amor, da família, dos amigos, que nunca deixaram a sua mão, e, acima de tudo, teve tempo de se ir despedindo dos seus, preparando o dia em que já cá não estivesse, que aconteceu na quinta-feira, 24 de outubro, quando nos deixou, aos 79 anos.

Por essa altura, Marco Paulo, cada vez mais fragilizado, já tinha atualizado o testamento para deixar parte dos seus bens a todos aqueles que impactaram de forma especial a sua existência.

Uma dessas pessoas é o afilhado, Marco António, que sempre tratou por Marquinho, o filho que nunca teve e que ocupava um lugar muito especial no coração do artista. Numa das últimas entrevistas à 'TV Guia', o cantor explicaria que já tinha assegurado o futuro do afilhado, que também é músico, tem atualmente 33 anos e vive nos Países Baixos.

"É o filho que nunca tive. Preocupo-me com o futuro dele. Já fiz o testamento e ele está incluído. Organizo tudo a preparar o futuro das pessoas que estiveram sempre ao meu lado. Já precavi tudo isso para que elas estejam resguardadas", disse, assegurando que a doce memória de Marco António viverá para sempre consigo.

"Sei que um dia vou partir, mas ele irá ficar eternamente no meu coração."

Marco António é filho do amigo de uma vida do cantor, António Coelho, que conheceu durante uma atuação em Matosinhos e acabaria por tornar-se não só confidente, não só amigo de todas as horas, mas também sócio e agente musical. Juntos, celebraram os maiores êxitos do artista, as conquistas mais suadas, mas António não foi só o braço direito de Marco Paulo, foi o amigo sempre à cabeceira que zelou pela sua saúde até ao fim dos seus dias.

É por isso de esperar que continue a ter parte ativa na gestão da música que Marco Paulo deixou, e que ficará para sempre, fazendo parte do panorama artístico e cultural português.

MEU QUERIDO ALENTEJO

O legado de Marco Paulo e a sua herança vão muito para além do dinheiro que conseguiu amealhar ao longo da sua carreira. Falar do seu nome é recordar como os seus temas, o seu estilo, marcaram uma geração com aquilo que seria, talvez, o início de um estilo mais pop, como o artista levou milhares e milhares de fãs às lágrimas não só pela forma como cantava, mas também pela generosidade com que sempre retribuiu os abraços que lhe eram dados. 

Paralelamente, a sua devoção a Nossa Senhora, a força, a resiliência e o foco nos verdadeiros valores da vida completavam o quadro de um homem que nunca foi pai, mas era um bocadinho filho de todas aquelas mulheres que o idolatravam.

Em vida, foi guardando os seus discos de ouro, recordações de uma vida que se confundia com os palcos numa sala da sua casa de Sintra, mas também esse património destinou em vida: tudo será entregue à Câmara de Mourão, terra que o viu nascer e pela qual sempre nutriu uma enorme estima.

"Já foi dado à câmara da minha terra. Irá para um museu em Mourão. Vai ser num lagar de azeite – porque o Alentejo é azeite – e a câmara vai disponibilizar em nome dos mouranenses, que o meu espólio, os meus melhores fatos de galas e concertos, um museu para que tudo possa ser visto", contou, acrescentando que quer que os lucros das visitas ao museu sejam repartidos entre a conservação do espólio e as crianças necessitadas de Mourão.

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"De tudo aquilo que as pessoas pagarem – porque as coisas precisam de manutenção – uma verba muito importante vai para as crianças de província."

O melhor amigo é uma das pessoas que se vão encarregar de que serão cumpridas as últimas vontades de Marco Paulo que, antes de partir, já deixava saudades. No dia da sua morte, o País enlutou-se, dos mais altos cargos às figuras da televisão, passando por todos aqueles que o artista tocou, ninguém deixou de prestar a sua homenagem, por mais singela. Porque goste-se ou não da sua música, havia qualquer coisa de Marco Paulo que se confundia com uma Portugalidade que faz com que, mesmo depois da sua morte, ele viva um bocadinho, em cada um de nós.

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