
Perante este ralato, a observação do menino no hospital após ser encontrado e as tais conversas com psiocólogos, o relatório da PJ conclui que "Apesar do trauma vivido, Noah denota ser uma criança bem física e emocionalmente". E assim se arquivou o processo.
E depois disto? O que aconteceu?
UM ANO DEPOIS...
Na aldeia de Proença-a-Velha e arredores, a vida voltou ao "normal" após os repórteres da televisão e dos jornais terem concluido as suas reportagens sobre o pequeno Noah. A criança estava viva, salva, em casa dos pais.
Desde essa altura o casal também recuperou o seu dia a dia sem surpresas: continuaram a sua agricultura de subsístência, os encontros com amigos das várias comunidades da zona que também defendem que a vida no campo deve ser feita da forma mais natural possível. Após a invasão exterior de jornalistas que relataram a história das buscas pelo menino de dois anos, o casal decidiu proteger-se a si próprio e aos filhos. Fecharam as redes sociais - só deixando abertas aos seus próximos - muitos do que ajudaram nas buscas do menino.
Mas não se fecharam ao mundo. Rita e Leandro continuam a viver em Proença-a-Velha e, surpresa, estão a programar abrir um restaurante naquela aldeia da Beira interior, dando assim continuidade a uma atividade que é familiar ao antigo chef e que pode ajudar a desenvolver a região onde a desertificação impera.
Para os ajudar contam com os amigos, das comunidades vizinhas, em especial a de Penamacor, onde vivem portugueses e sobretudo muitos estrangeiros (holandeses, alemães, franceses...) que, tal como os pais de Noah, acreditam que é possível recomeçar e levar uma vida saudável e "limpa" longe dos grandes centros urbanos, vivendo de agricultura de subsistência, trabalhos aretsanais vendidos em mercados da região e até troca direta de bens essenciais.
Do "incidente", das buscas e da impressionante descoberta da criança, quase sem marcas no corpo apesar das 36 horas desaparecida e da noite passada ao relento, pouco e nada se vai falando na região, apesar das perguntas que ficaram sem resposta: como foi possível Noah estar tão bem - apenas desidratado, de acordo com o hospital - após tanto tempo sozinho e perdido, e como "escapou", afinal, de casa dos pais.
Segundo o relatório da PJ que arquivou o processo, e que afasta a intervenção de terceiras pessoas no desaparecimento da criança, está escrito que: "perguntaram se ele tinha ouvido as pessoas a chamarem-no, mas ele respondeu que não viu nada, nem viu ninguém. Explicou que ouviu apenas uma pessoa e foi ao encontro dela [indicando um dos membros do casal que o encontrou]". Mais, Noah contou que na noite que antecedeu a sua "fuga" de casa, o pai contou-lhe "sete histórias para adormecer", uma vez que havia trovoada e o menino estava com medo.
Informa ainda o relatório que, por causa do mau-tempo, a mãe também dormiu no beliche do filho e só se apercebeu de manhã, quando acordou, de que este já não se encontrava em casa.