Quase quatro anos depois de ter sido afastada da TVI, Leonor Poeiras continua a não conseguir levar com a vida em frente e a depositar todas as suas energias no processo que moveu contra a estação e no qual pretende ver reconhecidos os seus direitos, depois de uma vida de dedicação ao canal, para o qual trabalhou 17 anos a recibos verdes, exigindo 1 milhão e 286 mil euros.
Apesar de ter perdido o processo, a antiga apresentadora, de 43 anos, pretende esgotar todos os meios de recurso até que lhe seja dada razão, mesmo que para isso tenha de ter pedido apoio judiciário para pagar as custas, uma vez que a ausência de rendimentos não o permite que o faça pelo seu bolso.
"A partir do momento em que ela atingiu de facto uma situação de grande insuficiência de meios requereu a concessão do apoio judiciário da modalidade da isenção de custas. Se assim não fosse ela já não teria hipótese de reagir agora perante esta decisão", explicou ao Correio da Manhã António Garcia Pereira, advogado de Poeiras.
A situação não tem sido a mais favorável para o antigo rosto da TVI. Poeiras não tem trabalho fixo desde que, em 2020, saiu da estação. Em televisão todas as portas se lhe fecharam e os únicos trabalhos que tem conseguido são na área institucional, com a apresentação de eventos, entre outras coisas pontuais, que não lhe garantem um ordenado fixo nem uma forma de sustento. Perante a falta de rendimentos, já viveu um terreno que tinha no Alentejo e admite que tem de estar permanentemente a reinventar-se para fazer face às despesas.
"Uma coisa muito triste em relação à justiça é que é preciso ter coragem e dinheiro. É muito triste. Ninguém se aguentaria sem ter trabalho na área, como eu, durante três anos. Isso aconteceu porque, obviamente, sempre geri as minhas poupanças da melhor forma. Mas também porque tinha um terreno no Alentejo e tive que o vender. Há todo um lado da minha vida que entreguei, eu estou a dar tudo neste processo", afirmou Poeiras.
"Vais contra a TVI, eles vão unir-se todos contra ti. Eu sei, eu assumo. Sabia e aceitei. Sabia que ia passar por um mau momento, que ia ser difícil, e foi. Cá estou eu, e não desisto", disse, acrescentando estar a fazer trabalhos na área da restauração para ver se encontra um novo caminho de vida.
"Estou a reestruturar a minha carreira na área da comunicação e em paralelo estou com projetos criativos de renovação de espaços e casas", respondeu há uns tempos aos seguidores das redes sociais.
DOR, SOLIDÃO E LUTA CONTRA A DEPRESSÃO
A brutal mudança de vida com o afastamento da TVI isolou ainda mais Leonor Poeiras, que admite ter tido anos bastante desafiantes a nível da saúde mental. Foram vários os fatores que a empurraram para um estado depressivo que Leonor Poeiras já afirmou estar a tratar, mas do qual está a ter dificuldade em sair.
"Não é uma questão de ficar melhor, é de aceitar. OK, não estou numa fase boa. Perdi o trabalho, perdi os meus pais, perdi a minha melhor amiga", disse, referindo-se a Mariama Barbosa, que morreu aos 47 anos após uma batalha contra um cancro no estômago.
A antiga apresentadora, que tem um filho, fruto do seu primeiro casamento com o fadista Miguel Braga e depois viveu um relacionamento com Gabriela Sobral, não voltou a reencontrar o amor e mostra-se, neste momento, numa fase de uma maior solidão, depois de ter perdido a sua família nuclear. "Eu não tenho pai nem mãe, não tenho esse apoio. Sermos órfãos mexe muito connosco. Parece que ficamos sozinhos. Quem me pôs no mundo, já não está cá", lamentou, para de seguida acrescentar:"Tive de aceitar as coisas que me aconteceram e tentar projetar o futuro. Tive de tentar evitar maus pensamentos. Tenho dias ótimos, muito bons. Mas as minhas noites continuam a ser muito complicadas. E vai ser assim até a minha vida estabilizar. Já não falta muito, mas ainda falta um bocadinho", disse aos fãs, com quem tem desabafado mais sobre aquilo em que se transformou a sua vida.
A ex-apresentadora depositava esperanças no desfecho positivo do processo para conseguir fechar essa gaveta da sua vida e seguir em frente, mas o cenário está longe de conhecer o fim pretendido por Leonor Poeiras.
