
O cantor Marco Paulo vive todos os anos a noite e o dia de Natal com imensa tristeza. O artista, que é acarinhado por centenas de milhares de fãs em Portugal e entre os portugueses emigrados na diáspora, confessa à The Mag as razões porque, nesta data, foge de festejos e de grandes celebrações. E este ano tem uma razão acrescida, e dolorosa, para não fazer festa em casa. "Vai fazer muito tempo que não faço Natal. Não o faço porque morreram os meus pais. Morreu a minha irmã. Eu estive doente…", descreve, preferindo recordar outros natais mais felizes: "A partir de certa altura fazíamos o Natal mais para o Marco António (afilhado, hoje com 32 anos) do que para nós. O Marco António era o caçula, a criança da casa. O Natal era só para ele".
Três décadas depois de ter chegado bebé à mansão de Sintra, hoje rodeada de luxuriante vegetação, onde reside o cantor, Marco António já é um homem feito… e apaixonado. "Agora ele vem da Holanda passar o Natal comigo, com a mãe e com o pai (Toni Coelho) e traz a namorada, a Aleksandra, que tem 22 anos. Ela é da Polónia. É um doce de rapariga. É uma miúda maravilhosa e já foi aprovada por todos na família. E ele também já está aprovado pela família dela", acrescenta o cantor.
FUTURA "AFILHADA" ELOGIA O "PADRINHO"
O intérprete dos sucessos musicais 'Morena, Morenita', 'Joana', 'Eu Tenho Dois Amores' ou mais recentemente 'Na Hora do Adeus', relata que o afilhado Marco António conheceu Aleksandra no conservatório onde ambos estudam em Amesterdão, na Holanda, já vivem juntos, e Marco já prontificou a ser o padrinho de casamento. "Ela é muito trabalhadora. Agora trabalha em part-time numa loja de brinquedos", começa por descrever, revelando o que Aleksandra acha de Portugal.
"Ela já cá esteve, adora Portugal. Já fala português, desde que começou a namorar com o Marco António. Já assistiu a alguns dos meus programas 'Alô, Marco Paulo'. Adora ouvir-me cantar. Diz que eu tenho uma voz muito bonita. Disse-lhe que eu tinha uma voz fora do vulgar", conta, orgulhoso.
Antes de Aleksandra entrar na vida do afilhado, os últimos natais era todos um pouco menos agitados na casa de Marco Paulo. "Juntávamo-nos os cinco e quem também vinha antigamente cear à minha casa eram os meus pais. Estávamos cá todos, o miúdo era pequenino e a pouco e pouco as coisas foram mudando, faz parte da vida. Os meus irmãos passam em casa deles com os netos e nós passamos aqui na minha casa, mas não com muita alegria", refere, explicando, sem querer dizer um nome, porque fala desta forma: "Infelizmente faleceu-nos há pouco tempo uma grande amiga, que também costumava passar o Natal connosco, faleceu há mês e meio".
NATAL, TEMPO DE MEDITAÇÃO DO QUE ANDAMOS A FAZER
O cantor assume que não é "muito de ligar ao Natal". "O Marco António já tem mais idade, tem 30 e tal anos. A minha prenda para ele é aquilo de que ele sentir necessidade. Ofereço-lhe um envelope e ele depois faz o que quiser ou compra o que quiser. É mais prático. Ele está na vida dele e faltam-lhe dois anos para acabar o curso e poder dirigir orquestras ou tocar numa orquestra, se assim entender, portanto o dinheiro faz-lhe sempre falta", conclui.
A ceia, dois dedos de conversa, o envelope para Marco António e ala para a caminha cedo. "Ele continua a ser o caçula da casa. E as pessoas da família, cada uma festeja na sua casa e eu não sou muito de prolongamento da noite. Não faço serão. Não estou muito preocupado em saber o que o menino Jesus me dá. Vivi sempre o Natal com o menino Jesus e não com o Pai Natal. É uma noite como se fosse o dia do meu aniversário. É, no fundo, o aniversário do nascimento do menino Jesus. Há esse respeito, como católicos que somos, de festejar o aniversário do menino Jesus. Não faço cá grandes festas. É uma noite para meditação do que andamos cá a fazer", sublinha.
"NOITE TRISTE" E MEMÓRIAS DE QUEM SOFRE
Marco Paulo assume que a noite da Consoada é "uma noite em que estou sempre um bocado triste". E porquê? O cantor revela tudo: "Pelos que não estão. Penso nas pessoas de quem muita gente se esquece: dos sem-abrigo, pessoas necessitadas e doentes que estão no hospital e em casa sozinhas sem família. Isso é que me custa pensar nessas pessoas", verbaliza acrescentando que ainda se lembra "de ser menino e de quando vim para a cidade" e não se esquece que "não tinha sapatos para calçar, mas não havia falta de comida na mesa". "Hoje há falta de comida, há falta de convívio, de amigos, de amor, as pessoas olham só para o seu umbigo. A noite de Natal é uma noite de meditação e de oração e de nos lembrarmos que foi nesse dia que Jesus Cristo nasceu", salienta.
E O BACALHAU VAI À MESA? SIM OU NÃO?
Quando lhe perguntamos se é fã do fiel amigo no prato na noite de Natal, Marco Paulo recua à sua infância e às memórias que guarda com carinho desta quadra. "Quando eu era miúdo, os meus pais tinham uma horta, tínhamos um caseiro, fazia-se muito o cultivo das coisas que iam ser gastas no Natal e éramos muitos. E era só naquela noite que se comia aquilo, mais as filhoses. Agora comemos bacalhau com batatas e couves quando queremos. Se me apetecer bacalhau com batatas e couves digo à minha funcionária e ela faz. Eu que não sei cozinhar sujeito-me a pedir. Olhe, apetece-me isto. Já fui mais fã de bacalhau. Mas é uma noite em que como quase sempre bacalhau com batatas e couves", revela o artista.
TEM PIANO MAS NÃO HÁ FESTIVIDADES
Questionado sobre se o afilhado, que estuda para ser músico, toca piano e viola baixo, dedilha algumas notas no piano que está sala do padrinho na noite de Natal, o cantor é perentório: "No dia de Natal ele não toca porque sabe que o padrinho gosta que as coisas sejam muito calmas e serenas. Não faz grande alarido porque ele se apercebe que festejo com respeito a data mas não sou de grandes festividades".