A história relatada em 'Casa Gucci', o novo filme de Ridley Scott protagonizado por Lady Gaga, estava destinada a ser transportada para o grande ecrã. O enredo tem tudo para dar certo: famosos, moda, crime, vingança, fortunas de fazer inveja... e uma vilã no feminino. E, o que é mais incrível, é que é uma história verídica.
O filme não podia ser mais relevante numa altura em que há cada vez mais procura e oferta de conteúdos sobre crimes reais (true crime). São thrillers, documentários - basta espreitar a impressionante variedade que existe na Netflix - e até podcasts e canais de TV temáticos já disponíveis em Portugal, como o ID Channel e o Crime&Investigation.
Um exemplo de uma série de muito sucesso baseada em crimes reais - neste caso de celebridades - é 'American Crime Story', de Ryan Murphy, produtor de 'American Horror Story'.
A primeira temporada, 'The People v. O. J. Simpson' é sobre o assassínio de Nicole Brown, a mulher do jogador de futebol americano O.J Simpson e a segunda, 'The Assassination of Gianni Versace' retrata o assassínio do estilista Gianni Versace às mãos de Andrew Cunanan.
"Quando comecei a estudar crimes reais, ninguém me levava a sério", afirmou a escritora Jean Murley ao 'The Guardian'. "Agora sinto é a forma dominante de contar histórias", revelou.
"Nós assistimos a estas histórias porque queremos saber quem são estas pessoas capazes de tirar a vida a alguém", disse Luke Neal, co-autor da série 'Des', sobre o assassino em série Dennis Nilsen, acrescentando: "Mas isso não interessa. O que interessa é as vidas que eles tiraram".
MULHERES SÃO AS MAIORES ADEPTAS DO GÉNERO
Há estudos que comprovam que as mulheres são as principais fãs deste género, e há uma razão lógica para isso.
"A minha pesquisa revela que as mulheres gostam de crimes reais quando [a história] lhes dá informação sobre como escapar ao assassino", disse a psicóloga Amanda Vicary, acrescentando: "As mulheres ouvem para saber o que fazer se as puserem na bagageira de um carro".
A VERDADEIRA HISTÓRIA ALÉM DE 'CASA GUCCI': O QUE ACONTECEU REALMENTE?
'Casa Gucci' tem ainda mais um elemento apelativo: o cérebro por detrás do crime retratado é uma mulher, algo estatisticamente raro. O filme conta a história de Patrizia Reggiani, que entrou na abastada família Gucci através do seu casamento com Maurizio Gucci, neto de Guccio Gucci, o fundador da prestigiada casa de moda.
Em 1995, Maurizio foi assassinado a tiro à porta do seu escritório, em Milão, e as autoridades acabaram por provar que se tratara de um assassino contratado por Patrizia. Dois anos depois, a socialite, então com 49 anos, foi condenada a 29 anos de prisão pela morte do marido.
Devido a bom comportamento, saiu em liberdade em 2013, depois de cumprir apenas 16 anos de prisão.
