O escândalo, provocado, primeiro, pelo livro de Jaime Peñafiel ‘Letizia y Yo’ e, posteriormente, por todas as acusações feitas por Jaime del Burgo, ex-cunhado de Letizia, está a tomar proporções incontroláveis. O Palácio da Zarzuela tem-se mostrado incapaz de colocar um travão em todo este alvoroço mediático que atinge a rainha. Nem sequer tem tido competência para abafar o "diz que diz" que se gerou em torno das polémicas acusações do homem que jura a pés juntos ter vivido um fogoso romance com a mulher de Felipe VI. Mais, del Burgo ameaça mostrar provas desta história de amor que terá começado muito antes da antiga jornalista da TVE se ter cruzado com o então príncipe das Astúrias. Ele, que está a escrever um livro que diz ser uma autobiografia, mas que mais parece uma obra de vingança contra a rainha, afiança estar em condições de apresentar evidências fidedignas e irrefutáveis de tudo o que supostamente viveu na intimidade com Letizia. Já seria ela, então, casada com o herdeiro do trono de Espanha.
O povo, não sabendo em quem acreditar, divide-se. Uns acreditam que tudo isto não passa de uma cabala montada para destruir a rainha. Juan Carlos – o sogro que nunca gostou da nora – estará nos bastidores a orquestrar toda esta campanha difamatória que arruína para sempre o seu bom nome e honra. Mesmo que se venha a provar que tudo isto não passa de uma grandessíssima mentira, a rainha nunca mais estará livre de suspeita e desconfiança quanto ao seu caráter. Este é o entender da fação pró Letizia.
Depois, há aqueles que admitem que esta história tem fortes hipóteses de ter acontecido. Consideram que Letizia não é tão correta como aparenta. Que não era (é) digna do lugar que ocupa pelo casamento com Felipe. Estes, são aqueles que nunca gostaram da mulher pela qual o herdeiro do trono estava disposto a abdicar de tudo por amor. Deste grupo fazem parte os monárquicos mais conservadores e tradicionalistas. Aqueles que sempre olharam de soslaio para a plebeia de princípios republicanos e divorciada. Nunca Felipe deveria ter desposado uma mulher sem estatuto. Esta é a posição que sempre tiveram e que ainda hoje mantêm quanto ao casamento real. É a fação que faz oposição a Letizia.
O EXEMPLO DOS REIS EMÉRITOS, JUAN CARLOS E SOFIA
Mas enquanto o país se divide entre opiniões a favor e contra a rainha, a verdade é que o casamento real atravessa a maior de todas as crises. O divórcio está em cima da mesa, mas dificilmente os papeis chegarão a ser assinados pelos reis. Esse é o entender de vários especialistas em assuntos da realeza e com fontes confiáveis entre os Borbón. Os assessores aconselham o casal a manter o casamento no papel. A seguirem o exemplo dos reis eméritos que viveram anos e anos um casamento de fachada. Hoje, só não mantêm as aparências por já não haver nada a esconder. A união fictícia foi desmontada e desmascarada. Hoje, sabe-se que dentro de portas cada um fazia a sua vida, independente do outro e com total liberdade para fazer o que entendessem. Juan Carlos nunca deixou de fazer a sua vida. Foi infiel à mulher com um número imenso de amantes. Sofia aceitou em silêncio e conformada com o rumo do seu casamento. A grega casou para a vida e foi isso que cumpriu. Por isso, viveu décadas nestas condições. A razão por ter aceitado esta convivência imposta sem o mínimo de romantismo ou amor? O bem da monarquia. O mesmo aconteceu com Juan Carlos. Só a coroa o fez manter-se casado com Sofia.
E é assim que Felipe e Letizia têm vivido desde 2013. Sim, leu bem. Há 10 anos que os reis espanhóis optaram por uma cessação das suas obrigações matrimoniais. Em público aparentam ser um casal apaixonado e cúmplice – e tão bem que têm representado esse papel [a ser verdade as notícias que chegam de Espanha] – mas, na intimidade levarão vidas separadas.
A DOR DA VERDADE
O que aconteceu, então, em 2013 para que Letizia e Felipe optassem, em privado, pela dissolução dos laços matrimoniais? Dizem os analistas reais que esta foi a data em que o monarca foi confrontado com a verdade. Foi no verão desse ano que Jaime del Burgo terá revelado tudo ao rei, pedindo-lhe que deixasse a mulher "sair" do casamento. Que estavam apaixonados e que eram um casal. Terá sido um choque imenso para Felipe. Só que Letizia terá voltado atrás quando o marido a recordou que poderia ir embora, mas que as filhas, a princesa Leonor e a infanta Sofia, ficariam com ele. Assim estipulava o acordo pré-matrimonial por ela assinado antes de se casar com o príncipe das Astúrias na Catedral da Almudena, em Madrid, no dia 22 de maio de 2004.
Para não perder a convivência diária com as filhas – em caso de divórcio só iria poder estar com elas em dias previamente estipulados pela Zarzuela – a ex-jornalista da TVE decidiu dar uma segunda oportunidade ao seu casamento. Terá feito um esforço para superar as diferenças aparentemente irreconciliáveis. Só que a desilusão que Felipe sentiu acabou por não permitir uma reconciliação total e plena. A grande preocupação do rei deixou de ser reconquistar a mulher, mas sim fazer de tudo para que este escândalo nunca viesse a ser conhecido. E, durante 10 anos, o silêncio foi total. Mas não foi eterno.
"O CASAMENTO CHEGOU AO FIM"
Joaquín Abad, que escreveu a biografia não autorizada de Letizia, afiança: "Em 2013, Felipe descobriu as traições da sua mulher e isso marcou o declive do seu casamento. Depois de superar as idas e vindas da consorte, decidiram separar-se, ainda que não se divorciaram. A Casa Real recomendou manter uma aparência de normalidade ante a opinião pública, enquanto cada um levava a sua própria vida em privado" revela o autor que ultimamente tem dado muitos pormenores sobre a cessação da convivência marital dos reis.
"Seguiram o exemplo dos eméritos Juan Carlos I e Sofia. Numa tentativa para restaurar o seu casamento e relações íntimas, decidiram fazer terapia", explica ainda Joaquín Abad. "No entanto, a distância e os danos entre eles já eram demasiado grandes. Ao longo do tempo, experimentaram momentos melhores e piores, com maior ou menor aproximação, mas nunca conseguiram recuperar a conexão que tinham antes de casar ou durante os primeiros anos de casamento." Há muito que serão um casal desapaixonado. Liga-os as duas filhas e o sentido de responsabilidade com a coroa.
A EMOÇÃO DA ALTIVA LETIZIA
Joaquín Abad acrescenta ainda: "Agora, com a revelação pública do escândalo, o casamento chegou ao fim, definitivamente. Faz muito tempo que as suas relações estão sepultadas. Ainda que vivam sob o mesmo teto, levam vidas separadas. Deixaram de conviver como casal, mas continuam a morar no Pavilhão do Príncipe, embora durmam em quarto separados."
Letizia sofre. Estará, inclusivamente, doente com todo este escândalo. A razão da sua fragilidade não terá a ver com o facto de Felipe estar a par da sua aventura amorosa com o ex-cunhado, pois isso ela já sabia. O que a fere de morte neste momento é a vergonha pública a que ficou sujeita após as revelações de Jaime Peñafiel e Jaime del Burgo. Já em relação aos Borbón – a tão odiada família do marido – a rainha não recebeu qualquer apoio. Apenas os seus pais, Paloma Rocasolano e Jesús Ortiz, têm estado incondicionalmente a seu lado. Além disso, conta ainda com a amizade de quatro amigas. De resto, está sozinha. Mas será que está mesmo?
Nos últimos tempos, sempre que sai do palácio para assumir os compromissos da sua agenda oficial, tem sido brindada com algumas manifestações de carinho por parte da população. Foi o que aconteceu ainda esta semana em Salamanca, cidade onde esteve para presidir à apresentação do projeto ‘Salamanca, Cidade do Espanhol’. A outrora "fria" e altiva Letizia não fica indiferente. Emociona-se amiúde com estas demonstrações de afeição.
A questão que agora se coloca é se Letizia e Felipe vão aguentar toda esta pressão. Será que ela vai conseguir ultrapassar o facto de ver a sua honra para sempre manchada? E ele, será que vai ser capaz de superar a humilhação a que foi sujeito? Será que estes dramas pessoais vão ser mais fortes do que o sentido de responsabilidade e amor pela coroa? Dificilmente, pois colocando tudo numa balança é quase certo que a monarquia vai sair a ganhar nesta difícil equação.
