
Há pouco mais de uma semana, Pinto da Costa era recebido com glória no edifício da Alfândega do Porto para a apresentação do seu livro 'Azul Até ao Fim'. Cânticos do FC Porto eram entoados, e gritava-se o nome de Pinto da Costa à sua passagem. O antigo presidente azul e branco, sempre pronto para a ironia ou para o humor, ainda deu alguns sorrisos, mas o que lhe vimos mais nesta ocasião foi a lágrima fácil e uma emoção que quase soava a despedida. Teve lá todos os seus grandes amigos, companheiros de vitórias dos dragões e da família só faltou mesmo o filho Alexandre, com quem está de costas voltadas há mais de dois anos.
O lançamento de 'Azul até ao Fim' era como que o último apontamento de agenda que Pinto da Costa tinha a título profissional. Depois, como fez questão de escrever no livro, era aproveitar a família e amigos, umas idas aos fados, um dia de cada vez, e esperar que o progredir do cancro na próstata – que lhe foi diagnosticado há cerca três anos – fosse brando o suficiente para ter muitos momentos felizes com os seus e celebrar os seus 87 anos, no final de dezembro.
No entanto, segundo a 'FLASH!' apurou através de uma pessoa próxima do antigo homem-forte dos dragões, nos últimos dias o seu estado de saúde agravou-se consideravelmente. "Está muito frágil, o estado de saúde agravou-se, o cenário é delicado", lamenta uma fonte, acrescentando que, perante o agravar do quadro clínico, o conselho foi que Pinto da Costa se mantivesse o mais resguardado possível, que é precisamente o que tem acontecido. "Tem estado mais em casa, com os seus. Infelizmente, a nível clínico não há muito que se possa fazer nesta fase."
A filha Joana tem sido um dos grandes apoios nesta fase, não deixando a cabeceira do pai, assim como a companheira, Cláudia Campo, uma alegria que estes últimos anos de vida lhe trouxeram. Por isso mesmo, no livro, Pinto da Costa fez questão de lhe dedicar dois capítulos, em que enaltece a força que a bancária lhe tem dado. Segundo foi possível apurar, até à data não houve qualquer reaproximação ao filho, isto apessar de no livro, escrito em tom de diário, o antigo presidente do FC Porto ter demonstrado o quanto o entristecia estar afastado de Alexandre.
A MENSAGEM DE DESPEDIDA
Todo o livro de Pinto da Costa é escrito num tom nostálgico, como se fosse quase uma carta de despedida. Fala daqueles que o marcaram, do amor pelos filhos, e do quanto as perdas que sofreu nos últimos anos o magoaram, nomeadamente de dois irmãos, que falaceram com a diferença de um mês. Revela sempre a vontade de os reencontrar em breve, assim como a mãe, a verdadeira mulher da sua vida.
Também no lançamento do livro, acabaria por deixar, perante quase 1500 pessoas, uma mensagem considerada de despedida. Com a emoção estampada nos olhos, pediu aos presentes que encarassem a sua partida com naturalidade, que deixassem os lamentos para outras situações, que recordassem sempre o melhor dele. "Quando chegar a hora, quero que aceitem isso com naturalidade e saibam que o meu amor por vós é eterno."