
Mesmo para quem não provou, é difícil não estar já enjoado tal é a frequência (e a violência) com que somos 'obrigados' a ver imagens do chocolate do Dubai, porque, de repente, ele está por toda a parte. São os influencers que aparecem com o verde do pistácio a escorrer pelos cantos da boca, com um brilhozinho nos olhos por terem conseguido um exemplar do doce, que está sempre a esgotar - mesmo que o seu preço possa custar 20 vezes mais do que um modesto Kit Kat, por exemplo - são as grandes superfície que nos bombardeiam com publicidade a anunciar que também já têm o famoso chocolate, ou os milhares de memes, até da PSP com piadas sobre o assunto.
É mais uma daquelas febres que não se explica muito bem, mas que haverá milhares de casos na história - quem nasceu nos anos 80, por exemplo, também andou de 'ondamania' nas mãos porque quem não tivesse uma era um 'ovo podre', atirou pega monstros à parede, e, mais recentemente, quando o sushi chegou em força a Portugal, quem ainda não tivesse comido as suas 20 peças era uma espécie de alien na cidade.
Supomos que seja assim com quase todas as grandes modas. Mas e no caso do chocolate do Dubai? Aqui tudo começou com um vídeo que a norte-americana Maria Vehera publicou no TikTok a provar o dito chocolate. As imagens tiveram milhões de visualizações e o fenómeno começou o seu percurso, sendo que ainda demorou quase um ano a chegar a Portugal.
Noutros países europeus, por exemplo, a febre foi tanta que os tribunais na Alemanha regulamentaram o que pode ou não ser chamado chocolate do Dubai, precisamente pelo facto de se ter começado a vender 'gato por lebre', que é como quem diz, para quem não conhece o produto original, vê uma barra de chocolate com um recheio esverdeado e fica satisfeito.
Em Portugal, o produto chegou no final do ano através da marca Lindt, mas esgotou no próprio dia. O stock voltou em março e foi replicado em cadeias de supermercado como o Lidl ou o Pingo Doce, mas a elevada procura fez com que, de repente, estivesse à venda na Vinted ou OLX por valores que podiam atingir os 100 euros.
Ora, como o desconhecimento pode levar a que se cometam verdadeiras loucuras por um chocolate, que não tem ouro e nos ingredientes base leva pouco mais do que chocolate e manteiga de pistácio, algumas almas generosas decidiram descodificar o assunto. É o caso de Margarida Neuphart, mulher do futebolista Adrien Silva, que vive no Dubai e sabe do que fala.
Segundo a própria, o original vende-se na Fix Dessert Chocolatier, é feito à mão e não está disponível nas cadeias de supermercados. Tem uma produção diária limitada e só se pode comprar num determinado período do dia. Além disso, tem de ser comido nos três dias seguintes, correndo o risco de ter de deitar 17,20€ para o caixote do lixo. Um alerta para que perceba melhor o que está prestes a comprar antes de embarcar na febre do momento.