
Quando foram colocados à venda em Agosto do ano passado, os mais de 200 mil bilhetes para os quatro concertos dos Coldplay no Estádio Cidade de Coimbra (dias 17,18,19 e 21 de maio) esgotaram em apenas poucas horas, batendo alguns recordes. Foi a maior e mais rápida venda de bilhetes em Portugal, sendo que nunca uma banda tinha marcado, por cá, quatro concertos de estádio de uma mesma digressão. Os concertos dos Coldplay provocaram também uma verdadeira revolução na cidade. Assim que foram anunciados, fizeram disparar, em alguns casos, para mais do dobro o preço dos alojamentos em Coimbra lotando de imediato a capacidade disponível. A loucura foi tão grande que houve mesmo notícias de garagens a alugar por 300 euros/noite, autocaravanas a 250 euros por dia e quartos em casas particulares a 175 euros. O efeito Coldplay estendeu-se também a todos os municípios à volta de Coimbra como Lousã, Condeixa, Luso ou Buçaco e chegou também à Figueira da Foz, Leiria e até Viseu. A especulação em torno do preço dos bilhetes, que chegaram aos 1000 euros no mercado negro, já conduziu inclusivé à detenção de oito pessoas.
A loucura em torno dos Coldplay obrigou também a montar uma mega operação de segurança. Só a PSP conta ter 150 agentes em cada concerto, mas no total de toda a operação vão ser mais de mil os ativos envolvidos no terreno, entre bombeiros, Proteção Civil, Cruz Vermelha Portuguesa e segurança privada. Reconhecendo a importância dos concertos em Coimbra, que colocam a cidade no mapa do mundo, a própria autarquia aprovou, em sessão de câmara, a doação de 440 mil euros à empresa promotora do espetáculo, a Everything is New. O presidente da Câmara Municipal considera que a cidade está perante "o melhor negócio de sempre" e que o retorno económico poderá chegar perto dos 100 milhões de euros. Entretanto também o próprio estádio sofreu trabalhos de renovação, desde a iluminação às casas de banho e acessibilidades.
Anunciada a 14 de outubro de 2021 de suporte ao nono disco de estúdio dos Coldplay ‘Music of Spheres’, a digressão ‘Music of The Spheres world Tour’ arrancou a 18 de Março de 2022 no Estádio Nacional da Costa Rica e terminará a 28 de setembro na Califórnia. Chega agora a Portugal depois de ter andado pela América Latina, EUA e algumas datas na Europa, recebendo os mais rasgados elogios. Nos EUA, o San Francisco Chronicle, escreveu que o novo espetáculo dos Coldplay é um "triunfo pós-pandémico alegre, brilhante e catártico", enquanto no Brasil a revista ‘Veja’ prefere ver o grupo como os "reinventores do concerto de rock". Já na Europa foi considerado, em França o "espetáculo do ano, capaz de alterar as regras do jogo pelo seu esforço na sustentabilidade". No Reino Unido, o 'The Times' chamou-lhe um "triunfante regresso a casa" enquanto o 'The Telegraph' considerou os Coldplay como "os novos mestres do entretenimento de estádio". Uma "masterclass de como um espetáculo pop deve ser feito", escreveu o NME.
Em 2019, os Coldplay já tinham avisado que não voltariam à estrada se não conseguissem desenvolver uma digressão amiga do ambiente. Para isso andaram durante dois anos a pensar numa forma de reduzir as emissões de dióxido de carbono em mais de 50 por cento relativamente à digressão anterior de 2016/17, tendo consultado vários especialistas ambientais. Ora esta é uma das grandes novidades da nova digressão dos Coldplay, sendo a mais sustentável de sempre levada a cabo por uma banda rock. A produção do espetáculo utiliza energia 100% renovável em quase todos os locais; conta com o primeiro sistema de geradores em tour no mundo, feito a partir de 40 baterias de carros elétricos BMW; bicicletas motorizadas e pistas de dança cinéticas, que permite aos fãs fazerem parte do espetáculo, criando energia através das mesmas; painéis solares e turbinas eólicas e até incentivos para encorajar os fãs a viajar de forma sustentável.
Recheado de efeitos visuais, até os confettis usados no espetáculo dos Coldplay são biodegradáveis e toda a pirotecnia (um dos elementos em destaque nesta digressão) foi adaptada para reduzir a pegada de carbono, com menos carga explosiva. O palco é feito de materiais reciclados e recicláveis e o PA foi projetado para consumir menos 50 por cento de energia e assim reduzir os efeitos da poluição sonora. Para dar o exemplo, o grupo reduziu também as viagens de avião, aproveitando voos comerciais e apostando nos transportes elétricos terrestres. Também o catering de todo o staff e banda foi pensado à base de produtos biológicos e da chamada cultura regenerativa. Finalmente, a banda estabeleceu ainda uma parceria com uma associação ambiental, a One Tree Planted, para plantar uma árvore por cada bilhete vendido ao longo desta digressão (e já lá vão mais de 4 milhões). Em maio de 2022, já tinham também doado mais de 2 milhões de euros à fundação ambiental J Van Mars.
Por muitas voltas que se dê, o sucesso dos Coldplay e da recente digressão da banda deve-se ao talento e à mente criativa de Chris Martin, um músico que chegou a confessar que um dia gostava que o seu grupo tivesse tantas músicas nos karaokes como os Beatles. É visto pela grande maioria como um dos músicos mais porreiros do mundo do espetáculo e nem a ex-mulher Gwyneth Paltrow, com quem tem dois filhos, lhe poupa elogios tendo-o já considerado como o tipo mais ‘cool’ que conhece e o melhor pai à face da terra (é ele quem leva e apanha os filhos na escola).
Praticante de Yoga (o que também faz dele um dos artistas mais zen da área do entretenimento), sabe latim, é licenciado em Estudos do Mundo Antigo, é ambidestro e um apoiante de tudo o que são causas sociais. Já deu a cara pela violência contra as mulheres, participou em campanhas a favor do Gana e Haiti e é embaixador da Global Citizen, plataforma de ação social que se ocupa em resolver alguns dos maiores desafios do mundo. Não se envolve muito em política mas chegou a posicionar-se publicamente contra George W. Bush por causa da Invasão do Iraque.
Nascido em Exeter, Inglaterra, a 2 de Março de 1977 (tem 46 anos), filho de um revisor de contas e de uma professora de música, Chris Martin diz que começou a escrever canções para engatar miúdas. "Nunca fui bom com as mulheres. Não sou naturalmente bonito como o Jude Law e é por isso que tive de aprender a compor", disse uma vez em entrevista ao 'Daily Star'. Ainda assim, perdeu a virgindade já tarde, aos 22 anos, e diz que só percebeu que era heterossexual quando se sentiu, pela primeira vez, atraído por seios. Completamente anti-vedeta, admite que não é particularmente muito cuidadoso com o seu look: "Costumo vestir-me como alguém que não tem emprego, por isso as pessoas até acabam por não me dar muita atenção", brinca, lembrando que é alguém que se pauta pela normalidade. "As pessoas acham que andamos de helicóptero e que andamos com os Grammy de um lado para o outro". Não fuma, não bebe bebidas alcoólicas, não gosta de saladas e admite que é viciado em chocolate, sendo que panquecas com Nutella é provavelmente a sua refeição preferida.
Fortemente influenciado por Radiohead e U2, Chris Martin formou os Coldplay em 1988 enquanto estudava na University College London (ainda limpou casas de banho para pagar as propinas), altura em que conheceu Jonny Bucland, Will Champion e Guy Berryman, sendo que o sucesso chegou logo com o primeiro disco ‘Parachuttes’. Durante dez anos, o músico debateu-se com um grave problema de saúde, que o podia ter afastado da música. Entre 2002 e 2012, sofreu de tinnitus, vulgarmente conhecido com ‘zumbido no ouvido’, o terror para qualquer músico e durante aquele tempo foi obrigado a usar aparelhos específicos para evitar a perda total de audição. Mas recentemente, em 2022, uma infeção pulmonar obrigou-o a cancelar alguns concertos. Foi graças aos Coldplay que conheceu Gwyneth Paltrow, mais concretamente nos bastidores de um concerto da banda em 2002. Casaram no ano seguinte e tiveram dois filhos, Apple e Moses. Em 2014, Chris e Gwyneth anunciaram a sua separação, tendo o músico começado três anos depois a namorar com a atriz norte-americana Dakota Johnson, com quem ainda hoje mantém relação.
Falta apenas dizer que nada do sucesso dos Coldplay seria possível se não fossem as canções do grupo, temas orelhudos, ora festivos, ora mais introspetivos, que já fazem parte da história do cancioneiro pop mundial. O próprio Barack Obama chegou a confessar que a playlist do seu iPod estava carregada de canções dos Coldplay. No que toca aos espetáculos do grupo, em Coimbra, aqui deixamos o alinhamento provável do espetáculo, tendo em conta um dos últimos concertos que o grupo deu no Brasil, mais concretamente a 16 de Março no Estádio do Murumbi, em S.Paulo.
Nota final: um dos temas seguintes será cantado com um fã, escolhido pelo grupo aleatoriamente para subir ao palco.
ALINHAMENTO DO SHOW:
- Higher Power
- Adventure of a Lifetime
- Paradise
- Charlie Brown
- The Scientist
- Viva La Vida
- Something Just Like This
- Coloratura
- Yellow
- Human Heart
- People of the Pride
- Clocks
- Infinity Sign
- Hymn for the Weekend
- Aeterna
- My Universe
- A Sky Full of Stars
- Cry Cry Cry
- Play Video
- Magic
- Humankind
- Fix You
- Biutyful