
Rui Borges foi chamado para socorrer o Sporting numa altura particularmente difícil. O vazio deixado por Ruben Amorim parecia impossível de colmatar e o treinador do Vitória chegava depois do desaire de João Pereira, que levou o clube a uma sequência de maus resultados.
Com um perfil discreto e sempre na sombra do brilho de jogadores como Viktor Gyökeres, foi trilhando o seu caminho que agora o leva a dar o bi-campeonato ao Sporting, num título sofrido até ao fim.
No final do jogo, o treinador era a imagem da emoção, mas também da humildade de quem não pretende tirar os pés no chão. Rui Borges garantiu estar a viver o sonho da sua vida, mas sem deslumbramentos. "Sou apenas o Rui Borges de Mirandela, com todos os defeitos, todas as virtudes, um rapaz que acreditou num sonho e foi trilhando o seu caminho com mérito, competência", disse, mostrando que, mais do que o reconhecimento público, o que lhe interessa é o orgulho dos seus, nomeadamente da família. "O maior troféu que posso ter é o orgulho dos meus, a alegria do meu filho, e dos meus pais, que estão em casa a sofrer muito. Quero deixar um beijo aos meus pais, à minha mulher e ao meu filho, a toda a minha família, porque o meu maior desejo era que eles em algum momento se sentissem orgulhosos do filho e acho que sentem, devem estar a sofrer muito, a chorar muito lá em casa", fez saber.
O treinador frisou ainda a importância do trabalho para se chegar ao objetivo final. "Eu e a minha equipa técnica chegámos aqui pelo trabalho, pela capacidade que tivemos de resiliência em alguns momentos. Pela competência porque é uma equipa técnica desconhecida, eu não fui um grande jogador, não estudei, sou apenas o Rui Borges, comecei lá atrás, deram-me oportunidades pelo trabalho... é o culminar de um sonho".