Internado há 17 dias, a lutar contra uma pneumonia bilateral, o estado de saúde do Papa Francisco é grave o suficiente para que seja confrontado com a eventualidade da sua própria morte. Ao abordar o assunto, o pontífice, de 88 anos, já disse que abandonar este mundo não o assusta e fez até questão de deixar tudo pronto para as suas cerimónias fúnebres e abrir caminho para a sucessão.
Mas há algo que não esconde como sendo uma grande dor por estes dias: a vontade de poder abraçar pela última vez a sua única irmã viva, Maria Elena, 12 anos mais nova, com quem sempre manteve uma relação muito especial. A irmã do Papa vive em Buenos Aires, ao cuidado de monjas, e também está doente. Os dois não se encontram pessoalmente desde 2013, altura em que Francisco deixou a Argentina para não mais voltar, mas falam ao telefone pelo menos uma vez por semana e continuam a escrever cartas um ao outro, como o Papa assumiria na sua biografia. Em entrevistas, Maria Elena diria também que, apesar da distância física, Francisco continuou a ser sempre um irmão muito presente.
Os dois tornaram-se ainda mais chegados desde que perderam os pais e os dois irmãos do meio, tornando-se nos únicos elementos vivos da família nuclear. "Ficámos apenas Maria Elena e eu. E uma exuberante ninhada de netos e bisnetos", escreveu o Papa na sua biografia. Nenhum dos irmãos de Francisco, com exceção de Maria Elena, o viu atingir o mais alto cargo da Igreja Católica, e a irmã foi uma das primeiras pessoas a quem ligou a anunciar a sua nova condição, com a emoção a tomar conta desse telefonema.
No entanto, desde que Francisco chegou ao Vaticano que o estado de saúde da irmã tem piorado drasticamente, sendo que os médicos a aconselharam a não ir até Itália, uma vez que a longa viagem de avião não seria benéfica para a sua saúde. O abraço com a irmã era o momento mais desejado por Francisco nesta fase da sua vida, mas apesar dos muitos rumores em torno do assunto, não é expectável que Maria Elena seja autorizada a fazer tal viagem.