
Confrontado esta manhã, à porta da sua nova casa na Ericeira, com o teor da notícia que faz hoje capa do jornal 'Correio da Manhã' (CM), de que o apartamento de luxo onde agora reside pertence ao primo direito José Paulo Bernardo Pinto Sousa, indiciado como sendo um dos seus testa de ferro em supostos negócios obscuros investigados no âmbito da 'Operação Marquês', o ex primeiro José Sócrates contra atacou dizendo que sente "sobre o jornalismo português o que podemos classificar como uma certa repugnância".
O ex governante confirma, contudo, estar a viver no apartamento com vista para o mar. "Foi a convite de um familiar que me é muito próximo e muito querido, que tinha aqui uma casa que lhe foi dada em dação com pagamento de uma dívida, estava fechada e eu decidi vir viver para aqui", confessa, defendendo que "isso diz respeito a mim e ao meu primo e mais ninguém". Primo que, recorde-se, é arguido no processo 'Operação Marquês' e apontado como sendo o principal correio e guardião de milhões guardados em contas na Suíça.
SÓCRATES ACUSA MP DE SER QUEM DÁ INDICAÇÕES AOS JORNALISTAS
Sócrates fala mesmo em "devassa da vida privada", quando se refere à sua ida para o apartamento da Ericeira, depois de ter deixado a casa com vista da marina no Parque das Nações, e dispara na direção dos seus principais inimigos desde novembro de 2014: "Os senhores jornalistas não querem informar ninguém. Querem é fazer devassa da minha vida privada", aponta, acusando a origem da linha editorial que considera estar a ser seguida. "Vocês estão a fazer aquilo que o Ministério Público vos diz para fazer: 'vão atrás dele e vejam como vive. E vocês fazem-no como se tivessem esse direito. Como se a minha vida privada e os meus direitos já não existissem", remata.
O 'CM' avança que José Paulo Bernando Pinto de Sousa recebeu o apartamento da Ericeira de um cliente angolano que lhe devia 500 mil dólares (cerca de 431 mil euros) em outubro último.