
Detidas por Israel numa altura em que já estavam muito perto de chegar a Gaza, Mariana Mortágua e Sofia Aparício foram levadas pelas autoridades para Ketziot, uma prisão no meio do deserto, já bastante próxima da fronteira com o Egito. A prisão é considerada de alta segurança e chegou a ser o maior campo de detenção gerido pelo exército israelita.
Trata-se de um complexo com 40 hectares e, segundo a Human Rights Watch, na década de 90, um em cada 50 palestianos, esteve por lá detido. A prisão acabaria por fechar em 95, mas reabriria em 2002.
Num dos vídeos divulgados dentro da prisão, o ministro israelita Ben Gvir mostra-se a percorrer os corredores de Ketziot, afirmando que aquela é uma cadeia que recebe "terroristas", prometendo tratar os detidos como tal. "São tratados como terroristas, nas mesmas celas e com as mesmas circunstâncias. Isto significa que terão apenas o mínimo dos mínimos. Foi isto que prometi e é isto que farei".
Essas mesmas condições deram conta Sofia Aparício e Mariana Mortágua, no seu primeiro contacto com a Embaixada portuguesa em Israel. Ambas escreveram cartas para a família em que dão conta que não lhes deram água para beber, com a antiga modelo a admitir que os únicos alimentos que recebeu eram iogurte com pimentos crus.
"o relato que foi feito dá nota de que estiveram bastante tempo sem água quando estavam no porto". "No centro de detenção já havia água mas não parecia capaz de se beber (embora dissessem que era potável). Relataram isto e a embaixadora protestou logo na altura junto do responsável da área de detenção. O ministério fez o mesmo junto do Embaixador de Israel em Lisboa", foi a explicação do Ministério dos Negócios Estrangeiros ao Diário de Notícias.
As duas já assinaram os papéis necessários e aguardam agora a deportação para Portugal.