Mário Jardel e o inferno das drogas. Iniciou-se na cocaína quando jogava no FC Porto
Todas as histórias de encantar têm um lado negro. O de Mário Jardel foi a cocaína. Numa entrevista à TV Record, o jogador brasileiro relata o inferno da droga, de como tudo começou e como quase morreu com uma overdose.
O jogador brasileiro, Mário Jardel, 46 anos de idade, nasceu no seio de uma família pobre, com muitas carências, na cidade de Fortaleza, Ceará. O pai morreu cedo, com pouco mais de 40 anos, tinha problemas com o álcool. Com a morte do marido, a mãe de Jardel entrou em depressão e também ela se refugiou na bebida, até hoje.
Mário Jardel conseguiu destacar-se. O futebol levou ao céu. Veio para a Europa, jogou no FC Porto e no Sporting, com uma passagem pela Turquia. Conquistou a Bota de Ouro, como o melhor marcador europeu. Tornou-se num herói, ajudou a família como pôde, construiu uma mansão na cidade onde nasceu, a casa onde vive atualmente.
Mas, todas as histórias de encantar têm um lado negro. O de Mário Jardel foi a cocaína. Numa entrevista à TV Record, o jogador brasileiro relata o inferno da droga, de como tudo começou e como quase morreu com uma overdose. "Eu já bebia. Aí, depois fui provar, a cocaína, e caí nessa armadilha", recorda.
A tia de Jardel, Maria de Almeida, recorda esse tempo de espanto e desespero: "Foi uma surpresa. O meu pai sofreu muito, chorou muito. Todo o mundo ficou arrasado. Foi logo o Jardel, o nosso atleta, o nosso herói. Foi muito difícil."
O jogador assumiu o vício publicamente em 2008, quando já usava droga há cerca de 10 anos. "A primeira vez foi aqui em Fortaleza. Eu não morava aqui, foi numas férias. Eu jogava no FC Porto [1996-2000]. Estava numa fase profissional excelente. Aí veio a curiosidade, aquela sensação da cocaína", descreve Jardel.
Foi para a Turquia e regressou a Portugal e conquistou a sua segunda Bota de Ouro em 2002. Depois a desilusão: ficou fora do Campeonato do Mundo. Queria muito ir e a notícia deixou-o de rastos. Para piorar a situação, Jardel separa-se de Karen Ribeiro. "A separação fez com que me abalasse, fui fraco, admito."
A cocaína que, até aí, tinha sido a companheira nas horas de diversão, passou a ser o seu refúgio nas férias no Ceará. "Entrei numa fase cruel, gastava muito dinheiro, sem responsabilidade, carente, chorava." Mário Jardel estava a chegar ao fundo do poço.
É quando sofre uma overdose que quase lhe rouba a vida. É internado no hospital e fecha-se na mansão em Fortaleza. Falta ao regresso de férias em Lisboa, no Sporting, onde jogava na altura. O clube de Alvalade envia o fisioterapeuta Rudolfo Moura a Fortaleza para resgatar o jogador. Fechado em casa, com seguranças, não lhe abre a porta. A espiral de destruição continua. À TV Record, Mário Jardel assume que está limpo há cerca de "um, dois anos".