
O príncipe Harry mostrou-se surpreso com a resposta do irmão, o príncipe William, depois de um pedido de paz na sequência da decisão do duque de Sussex de deixar as funções como membro sénior da casa real.
A declaração consta no início do livro 'Spare' ('Na Sombra', na versão portuguesa), quando Harry descreve um encontro marcado com o pai, o rei Carlos III, e o irmão mais velho, William, nos jardins de Windsor, após o funeral do príncipe Philip, em abril de 2021, onde o duque de Sussex expressou o desejo de reconciliação com a família.
Em vez da simpatia que esperava, Harry disse que a resposta de William foi exatamente o oposto. William disse-lhe: "Foste embora, Harold", escreve o duque de Sussex no livro de memórias. "Sim - e tu sabes porquê", respondeu Harry, surpreso. "Não sei", reagiu William. "Realmente não sei".
Quando ouviu aquelas palavras, os dois irmãos já estavam numa discussão acesa, o rei Carlos III já tinha feito o apelo que depois fez vários títulos na imprensa internacional: "Por favor, rapazes, não façam dos meus últimos anos miseráveis".
Harry descreveu a cena: "O meu querido irmão, o meu arqui-inimigo, como é que aquilo tinha acontecido?", questionou o filho mais novo da princesa Diana e do rei Carlos III no livro. "Sentia-me extremamente cansado, queria ir para casa, e apercebi-me do conceito complicado em que a casa se tinha tornado", continuou.
"Ou talvez sempre tenha sido. Gesticulei para os jardins, para a cidade, para a nação, e disse: 'Willy, era suposto esta ser a nossa casa. Íamos viver aqui para o resto das nossas vidas'", desabafou.
Harry também recordou que após ouvir aquela resposta de William "não conseguia acreditar no que estava a ouvir". "Uma coisa era discordar sobre quem era o culpado ou como as coisas poderiam ter sido diferentes, mas para ele alegar total ignorância das razões pelas quais eu tinha fugido da terra em que nasci – a terra pela qual eu tinha lutado e estava pronto para morrer – a minha Pátria Mãe?", lê-se.
"Essa frase carregada. Afirmar que não sabe porque é que eu e a minha mulher tomámos a medida drástica de pegar no nosso filho e fugir do inferno, deixando tudo para trás – casa, amigos, mobília? A sério?"
Quando se tratou da simpatia do seu pai, que ainda era o príncipe Carlos, Harry também teve uma surpresa: "Virei-me para o pai. Ele estava a olhar para mim com uma expressão que dizia: 'Nem eu'".
"Uau, pensei. Se calhar não sabem mesmo. É espantoso. Mas talvez fosse verdade... E se eles não sabiam porque é que eu tinha partido, talvez não me conhecessem de todo. E se calhar nunca me conheceram."
Naquela reunião, apenas a entrevista de Harry e Meghan Markle com Oprah Winfrey tinha sido emitida. Ainda faltavam as gravações do documentário da Netflix, onde Harry fez acusações ainda mais polémicas contra a família real.
O duque de Sussex está longe de conseguir um reconciliação com a família, apesar de ter dito várias vezes que a decisão estava do lado do irmão e do pai.
Em declarações ao 'The Mirror', o escritor e especialista da realeza Tom Quinn disse: "Ao longo dos anos em que Harry se queixou do tratamento que lhe foi dado pela família, o seu único objetivo era obter um pedido de desculpas e ver o seu pai e o seu irmão corrigirem-se. Harry não consegue perceber que queixar-se em privado pode funcionar; queixar-se publicamente só piora as coisas e, no caso de Harry, isso significa que cada vez mais laços com o seu passado estão a ser cortados".