
As imagens chocantes dos reis de Espanha a serem insultados e agredidos com lama em Paiporta, Valência, correram o mundo.
Felipe VI e Letizia foram o alvo da ira de algumas das vítimas das cheias que devastaram a região e causaram já 219 vítimas mortais, depois de uma onda de revolta e indignação devido à alegada ação lenta e inadequada do governo e das autoridades nas operações de salvamento e resgate nas zonas mais afetadas. Ambos mantiveram no entanto a dignidade e Letizia foi inclusivamente ouvida a pedir perdão a todos os que se cruzavam com ela.
Embora a responsabilidade recaia verdadeiramente sobre Pedro Sánchez, o Primeiro-Ministro espanhol, María José Gómez Verdú, especialista em protocolo real, assinalou os erros que os reis cometeram nesta visita tão controversa que ocorreu cinco dias após a tragédia, em declarações à 'Lecturas'.
"Uma visita no dia a seguir ao desastre, ou pelo menos dois dias depois, teria sido o ideal", começou por dizer, embora já se tenha concluído que a demora da visita dos reis prendeu-se com o facto de Felipe VI e Letizia não quererem interferir com as tarefas de resgate.
No entanto, além da demora, María José Gómez Verdú aponta mais um detalhe que enfureceu os presentes: o enorme aparato policial destinado apenas a proteger os reis e não a oferecer o auxílio que tanta falta fazia.
"A presença de tantos seguranças parecia também não ser para ajudar as vítimas, mas para proteger os reis. Esta imagem contrastou com a falta de meios de salvamento nas áreas afetadas", continuou, acrescentando: "A presença de toda esta equipa para escoltar a realeza foi desconcertante para a população (...) A oportunidade para demonstrar realmente apoio teria sido melhor aproveitada se o foco da visita tivesse sido facilitar e reforçar os esforços de resgate no local".