
Ter nascido como a primeira filha dos atuais reis eméritos de Espanha, Juan Carlos e Sofia, não deu a Elena o direito de subir ao trono. O nascimento de Felipe tirou-lhe esse privilégio e essa mágoa ficou-lhe para sempre. Hoje, sexta-feira, 20 de dezembro, a infanta que celebra 61 anos, ocupa o quarto lugar na linha de sucessão. Depois de ter sido ultrapassada pelo irmão, também as sobrinhas, Leonor e Sofia, lhe passaram à frente.
Mas mais do que ser "apenas" a quarta na linha de sucessão o que mais lhe doeu foi tomar conhecimento de uma conversa que o seu pai - na altura rei de Espanha - teve com Adolfo Suárez, o primeiro primeiro-ministro eleito democraticamente e nomeado por ele. Detalhes dessa conversa são avançados pela jornalista Pilar Eyre no seu blog 'No es por maldad' ['Não é por maldade', em português] para a revista 'Lecturas'.
Diz esta especialista em assuntos da realeza que Juan Carlos dirigiu um pedido especial ao primeiro-ministro de então: "Exclua a infanta Elena da linha de sucessão. A minha filha mais velha não tem capacidade para governar." Perante esta exigência do monarca, Suárez terá expressado as suas dúvidas: "Mas isso vai contra os novos tempos".
Juan Carlos não gostou da oposição do primeiro-ministro: "Não me interessam os novos tempos! Elena não pode governar, ponto final! Não preciso de explicar mais nada", disse apontando o dedo indicador ameaçadoramente em direção a Adolfo Suárez. Depois desta conversa, entrou em vigor, a 6 de dezembro de 1978, uma nova constituição. No Artigo 57.1. poderia ler-se: "A coroa de Espanha será herdada pelos sucessores de Sua Majestade Juan Carlos I de Borbón (...). (...) neste caso (...) o herdeiro masculino terá preferência sobre a herdeira do trono."