Como o burlão famoso que perdeu as pernas enganava ricos em nome do Presidente Marcelo
Alexandre Alves Ferreira é um antigo relações públicas caído em desgraça que ligava para ricos e influentes (e muitos incautos) e fazia-se passar por assessor de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi descoberto e está acusado de vários crimes.
Alexandre Alves Ferreira ficou conhecido como relações públicas dos famosos e chegou a ter um site em nome próprio onde anunciava os seus préstimos profissionais mas rapidamente o nome dele passou a ser associados e esquemas e burlas, nomeadamente entre jornalistas, que muitas vezes viram os seus nomes usados por Alexandre para tentar sacar produtos a marcas, como cremes, perfumes ou outros bens usados em produções com famosos.
Como a sua voz passou a ser conhecida junto das principais lojas e agências de comunicação, Alves Ferreira mudou o método. Passou a usar o nome de um assessor de Marcelo Rebelo de Sousa para ligar a ricos e poderosos a pedir donativos para determinados fins. E esse foi o seu maior erro: foi denunciado e está agora acusado de vários crimes, que começam a ser julgados esta segunda-feira.
Alexandre Alves Ferreira deverá aparecer em tribunal de cadeira de rodas, depois de ter perdido as pernas por causa da diabetes, segundo disse a vários amigos. Os médicos amputaram uma perna e depois tiveram de, numa segunda fase, cortar a outra, por causa da diabetes.
Segundo a acusação, citada pelo 'Expresso', em março de 2017, Alves Ferreira ligou à secretária de Artur Santos Silva, fundador do Bpi, e conseguiu convencê-la a dar o número do banqueiro. O relações públicas ligou-lhe às 3 da manhã para lhe pedir o número da presidente do Banco Carregosa porque tinha um convite para lhe fazer em nome de Marcelo. Santos Silva estranhou o telefonema do "assessor" e avisou a Presidência da República.
Antes tinha ligado para o presidente do Grupo Solverde e usado a mesma técnica. Identificou-se como sendo o assessor Duarte Vaz Pinto e pediu dinheiro para "uma vítima de Pedrógão que precisava de uma cirurgia plástica urgente ao rosto naquele dia" e que por isso precisava de um donativo. Um donativo que deveria ser feito em sigilo absoluto, sem dizer nada a ninguém, pedia o "assessor".
Desconfiado de que estava a ser alvo de um esquema, Manuel Violas entrou com contacto com a Presidência da República e descobriu a patranha.
Nessa mesma altura, segunda a acusação do Ministério Público, o relações públicas atacava a presidente da Casa Ermelinda Freitas pedindo-lhe um depósito em numerário para a mesma vítima de Pedrógão. Leonor Campos acedeu em doar mil euros mas pediu recibo... O burlão disse que voltaria a ligar mas não o fez.
Alves Ferreira está acusado de 7 crimes de abuso de designação e um de falsificação informática, mas livrou-se dos crimes de burla porque Manuel Violas e Leonor Campos recusaram fazer queixa.