Está o caldo entornado! Susana Torres riposta violentamente contra Éder mas leva resposta à altura
Depois da participação do antigo jogador da seleção portuguesa no programa de Joana Marques, a 'coach' de alta performance virou as costas de vez ao herói do Euro 2016 num longo testemunho, no qual aludiu ainda a detalhes da vida pessoal do futebolista e o acusou de ingratidão. Éder reagiu e desmentiu a profissional que tornou célebre após a final de Saint-Denis, com duras críticas.
Este é o terceiro ato de uma história que põe a claro o antagonismo entre duas personalidades cujo sucesso está umbilicalmente ligado e que culminou num dos momentos de maior alegria coletiva da história recente de Portugal: Éder, marcador do golo da vitória do Euro 2016, e Susana Torres, a antiga ‘coach’ de alta performance do futebolista.
Tudo começou quando, na rubrica ‘Extremamente Desagradável’ da Rádio Renascença, Joana Marques sublinhou algumas das referências mais insólitas de Susana Torres a detalhes do trabalho que realizou com Éder e que alega terem culminado no inesquecível remate que gelou o Stade de France. Na altura, Susana Torres repudiou a menção jocosa ao seu trabalho por parte da humorista.
Depois, de forma talvez surpreendente, o próprio Éder dirigiu-se aos estúdios da estação de rádio e foi entrevistado no programa conduzido por Joana Marques e Ana Galvão, e aproveitou para desmentir várias das declarações feitas por Susana Torres, às quais reagiu com surpresa.
Agora, chegou a vez da ‘coach’ reagir, e fê-lo sem reservas, através de um vídeo de 13 minutos publicado no seu Instagram. Este começa com o agradecimento de Éder a Susana Torres na ‘flash interview’ ainda no relvado do palco da final do Euro 2016, ao qual se segue um recorte fictício de um jornal com a palavra 'Ingratidão'.
De seguida, Susana Torres partiu em sua própria defesa: "Nestes últimos dias, no enquadramento que é tudo menos inocente, o Éder foi convidado a vir da Bélgica a Portugal para participar num programa que tinha propósitos e objetivos muito claros. O Éder talvez não tenha percebido, mas acho que toda a gente percebeu, porque é que o convite surgiu deste programa precisamente neste momento", começou por referir.
"Toda a gente percebeu que aquilo não foi uma entrevista, mas sim algo cuidadosamente preparado com um único objetivo: atingir-me. Com perguntas previamente elaboradas e pedidos de comentários a certos pormenores, o Éder cumpriu o seu papel no ataque que estava devidamente preparado, acabando por dar respostas, as respostas pretendidas. E lá conseguiram, que ele dissesse tudo, menos a verdade. Conseguiram mesmo que ele dissesse que dar-me um pontapé era mais importante que o pontapé do golo da final, pelo qual sempre o iremos lembrar", continuou.
Posteriormente, Susana Torres acusa Joana Marques de ter tido um intuito muito claro: descredibilizá-la. "O objetivo era agredir e acima de tudo, desacreditar. Neste momento, eu não quero ir tão longe como seria justo. Irei apenas e tão só ao ponto necessário para que se possa perceber a verdade. Não vou, nem posso apresentar aqui imagens que comprovem certos pormenores claramente irrelevantes, mas que têm em comum terem ocorrido com a presença de ninguém. Tal como o facto de saber se o Éder, quando me telefonou antes da final, sem ter praticamente jogado até então, estava choroso ou estava feliz. Para todos esses pormenores, basta que se leia o livro que ele escreveu em co-autoria comigo [‘Vai Correr Tudo Bem’] ou então as inúmeras entrevistas que ele deu", afirmou, completando com vários vídeos de declarações de Éder nessas circunstâncias.
Susana Torres voltou depois ao ataque, aludindo a fatores da vida pessoal de Éder nos tempos em que ambos colaboraram: "Pergunto eu: já não como profissional, mas apenas como Susana. Como lembras o tempo, em que por razões que não tinham nada a ver com futebol, te refugiaste na minha casa, morando com toda a minha família que te acolheu e te apoiou, com quem tu estavas quando recebeste a notícia da tua convocatória para a seleção?"
"O Éder, quando foi para o jogo da final, levava uma luva branca, para quê? Essa luva tinha a palavra ‘believe’ [acreditar] que foi escrita por mim. O Éder mal marca o golo imediatamente se lembra e calça a luva. Porquê? Se nós sabemos que a luva era para ser usada em caso e só em caso de golo, se é inquestionável que a luva tinha a palavra ‘believe’, e se ele a levou para a final e a sacou mal marca o golo, como é que é possível dizer que esse golo da final não foi previamente sonhado?", interrogou.
"Eu lamento profundamente o sentimento de ingratidão que a minha família tem perante esta atitude do Éder e que é aquilo que mais nos magoa. No fim, lamento até pelo próprio Éder, que deve continuar a ser lembrado como o herói do Euro 2016, ao invés de contribuir para propósitos que nitidamente lhe escapam", acrescentou.
Por fim, deixou um repto ao antigo futebolista do Sporting de Braga: "Quando eu comecei a trabalhar com o Éder, em dezembro de 2014, as redes sociais estavam inundadas de críticas, de ofensas e de ataques pessoais, que lhe dirigiam e que o faziam sofrer bastante. (…) O Éder tinha 27 anos. Hoje, com toda esta história, ele deu-me a mim a oportunidade de sentir o que ele sentiu, ao ter de certa forma colaborado para inundar a Internet com críticas e com nomes a denegrir a minha imagem, assim como o meu trabalho. Talvez eu fosse a última pessoa a merecer que ele tivesse feito isto. A diferença é que ele era sozinho, as críticas atingiam-no só a ele. No meu caso, eu tenho três filhos de 11, 14 e 16 anos, mas está a atingir-nos a todos. Talvez seria interessante também perguntar-lhe, como será que ele se sente em relação a isto?"
Agastado com as acusações de Susana Torres, Éder decidiu responder na noite desta segunda-feira. "No final do jogo que deu a Portugal a vitória no Euro 2016, fiz questão de agradecer à Susana Torres, mental coach com quem trabalhava nessa altura. Fi-lo (e voltaria a fazê-lo) porque acredito que devemos ser gratos, e quis retribuir essa ajuda, contribuindo também para o sucesso profissional da Susana. Fico, por isso, perplexo, quando vejo agora Susana Torres acusar-me de ingratidão", referiu Éder na mesma rede social.
"Deixei de trabalhar com a Susana em outubro de 2016, quatro meses depois do Campeonato da Europa porque percebi que já não tínhamos o mesmo objetivo: eu queria concentrar-me na minha carreira de futebolista e a Susana queria que eu pedisse folgas ao meu treinador para vir a Portugal dar entrevistas para promover o seu trabalho (incluindo o livro para o qual cedi a minha imagem e história, sem receber um cêntimo em troca)", prosseguiu.
"Mais uma vez reforço que não me arrependo de nada do que nessa altura fiz. Talvez tenha sido ingénuo. Aquilo a que assisti nos últimos anos foi a um aproveitamento da minha história por parte da Susana Torres, apropriando-se inclusivamente daquele golo na final do Euro 2016. Fala dele como sendo dela, quer em entrevistas, quer no seu site onde podemos ler ‘um campeonato europeu de futebol conquistado’. É um detalhe, porém bastante revelador da postura adotada pela Susana Torres, que se tem desdobrado em entrevistas onde, na tentativa de tornar o seu feito cada vez mais épico, vai adicionando cada vez mais mentiras a meu respeito", continuou o avançado.
Depois, Éder listou um rol de declarações de Susana Torres que diz não corresponderem à realidade, como a de que terá pedido "para ir jogar para o Barcelona" ou que Fernando Santos lhe prometera "que iria entrar num determinado jogo", que auferia "dois milhões de euros" quando jogou na liga inglesa ou que lhe ligara a chorar. Esta última levou ainda a uma reflexão: "Não chorei, mas ainda que tivesse chorado, seria legítimo da parte de um profissional fazer esse tipo de revelação acerca dos seus clientes? Onde ficam a confidencialidade e a ética no meio disto?"
"Assisti a tudo isto calado, nos últimos sete anos e, já que falamos em gratidão, creio que Susana Torres podia ser-me grata também por esse meu silêncio. Acredito até que as invenções tenham vindo a ser cada vez mais exageradas porque a Susana acreditou, conhecendo o meu perfil, que eu nunca a desmentiria. Acontece que, há dias, num programa da Rádio Renascença, fui confrontado com algumas das declarações que a Susana fez sobre mim. Tive, obviamente, que dizer que são falsas. Ser grato é permitir que a outra pessoa minta a nosso respeito? Não creio. Não tenho qualquer interesse em alimentar guerras nas redes sociais, pelo que esta será a primeira e última publicação que faço sobre este tema", frisou.
Por fim, deixou uma garantia a Susana Torres: "Estarei sempre agradecido pelo processo de ‘coaching’ que fiz (…), mas a Susana como pessoa já perdeu o meu respeito há muito tempo". Na caixa de comentários, Éder foi elogiado por figuras do futebol como Bruno Fernandes, que o apelida de "herói nacional", Simão Sabrosa ou Nuno Gomes, e até outros campeões europeus de 2016 como João Mário, Adrien Silva ou Rafa.