
Durante anos foi uma das figuras mais importantes e influentes da sociedade portuguesa. Hoje, pouco se sabe da bióloga e romancista. Virou costas a Lisboa e vive em Estremoz, no Alentejo. Arredada do palco que foi dela durante décadas. Em entrevista à revista 'Sábado', Clara Pinto Correia revela como tem sido a sua vida que mais parece uma verdadeira montanha-russa.
Há casos que são indossiáveis do seu nome como a exposição de fotográfica 'Sexpressions' – também conhecida por 'Os Orgasmos de Clara Pinto Correia'. Composta por 10 fotografias com expressões da bióloga a ter orgasmos, esta exposição deu muito que falar e teve grandes consequências na sua vida.
"Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela", assume com mágoa.
Além disso, há ainda a polémica, em 2003, em que foi acusada de ter plagiado um dos seus artigos de opinião para a revista 'Visão'. Clara Pinto Correia recorda: "Eu estava nos Estados Unidos. Na altura não havia Google. As pessoas começaram a ligar-me para casa, a dizer que eu tinha plagiado não sei o quê. Nem sequer sabia do que estavam a falar. No segundo dia, telefonou a minha mãe a dizer: 'Não respondas a nada do que as pessoas te perguntarem. Estão a aproveitar tudo o que dizes para fazerem de ti parva.' E eu calei-me", contou.
"Telefonou-me um amigo a dizer que [no noticiário] estavam a fazer uma mesa-redonda sobre o plágio e por baixo passavam em letras pequenas 'explodiu o Space Shuttle'. Percebi o que tinha acontecido. Deixei o texto aberto sobre Vaclav Havel [presidente da República Checa de 1993 a 2003], que tinha traduzido, guardado e assinado com o nome da pessoa [colunista David Remnick], para citar. Mas eram 3h da manhã e eu estava completamente estafada. Depois deixei cair. Foi colado às outras partes que escrevi. Quando cheguei a Lisboa, três semanas depois, já não ia dizer nada" lembrou a catedrádica jubilada à 'Sábado'.