
Há cerca de um ano, Luís Montenegro ganhou as eleições legislativas pela AD, coligação partidária formada pelo PSD, CDS e PPM. A diferença para o principal rival PS, de Pedro Nuno Santos, foi de 54 mil votos. A margem mais curta em democracia.
Desde o primeiro momento em que os três líderes da coligação Aliança Democrática subiram ao palco para celebrar a vitória das eleições legislativa de 10 de março de 2024 que ficou patente o desconforto de Luís Montenegro e Nuno Melo para com o seu parceiro de ocasião Gonçalo da Câmara Pereira. O acordo entre PSD e CDS só podia usar o nome AD com a inclusão dos monárquicos.
O desconforto foi tão grande que, segundo as palavras de Câmara Pereira, os seus parceiros de coligação não voltaram a dirigir-lhe a palavra. O PPM terá ficado esquecido num qualquer recanto político.
Esta segunda-feira, 12 de maio, todos os caminhos foram dar à feira de Espinho. Uma verdadeira romaria partidária, que mais parecia a procisão dos votos. PSD, PS, Chega, PAN e PPM quase se atropelaram mutuamente entre as barraquinhas da feira. Para não cairem, os líderes dos partidos evitaram tropeçar nas estacas mas também nos rivais.
Os repórteres no terreno quiseram saber se Gonçalo da Câmara Pereira iria falar ao seu ainda colega de coligação Luís Montenegro. "Eu não vou falar. Se ele não falou comigo durante um ano, vai falar porquê? Dar-me abraços e beijinhos? Abraços e beijinhos já tenho há muito tempo. E a minha mulher dá-me beijinhos que eu sou casado há 50 anos com a mesma", atirou Câmara Pereira, com a crueza que lhe é conhecida.
Nesta corrida eleitoral, Montenegro e Nuno Melo já 'correram' com o PPM da coligação. Para isso mudaram-lhe o nome. Passou de simplesmente AD para AD – Aliança Democrática. Na resposta, o presidente do Partido Popular Monárquico (PPM) apontou que houve um “roubo” do nome da coligação AD pelo PSD e CDS-PP. “Não há AD, aquilo é uma coligação PSD/CDS que já houve várias vezes” e o que esses dois partidos “estão a fazer [é] a roubar o nome a uma coligação que existia", atirou então Gonçalo da Câmara Pereira.