
Herman José está a celebrar 50 anos de carreira. A efeméride vai ser marcada com espectáculos no Campo Pequeno, em Lisboa, e no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Cinco décadas de carreira que marcaram o meio artístico e televisivo nacional de forma extraordinária. Herman mantém-se, aos 70 anos de idade, um dos artistas mais profícuos do nosso humor.
Uma carreira vasta e rica, com inúmeras personagens inesquecíveis, programas marcantes e controvérsias várias, mas também honras nacionais – no final do ano passado foi condecorado em Belém com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique por Marcelo Rebelo de Sousa, 31 anos depois de ter recebido das mãos do Presidente Mário Soares a comenda da Ordem de Mérito.
Com um programa na RTP, atualmente Herman José regressou ao "básico", em digressão pelo País com um espectáculo de música e humor. Por isso se define como "um artista de variedades". São 50 anos em que perdeu muito dinheiro – principalmente com investimentos desastrosos e uma burla milionária de 1,2 milhões de euros por um antigo colaborador – mas também ganhou fortunas que lhe permitiu uma vida de grandes luxos.
Herman José teve a sua "fase futebolista", como confidenciou em entrevista à revista 'Sábado'. E o que teria feito diferente? "Não vomitava luxo para cima das pessoas", afirma o humorista. "Tive a fase futebolista, quando começas a ter dinheiro para comprar as coisas mais estapafúrdias, no meu caso um Rolls-Royce em 1991, um Bentley em 1992, um bar em 1993. Enfim, uma fase surrealista. A pessoa está tão contente porque acabou de sair do Estrela de Amadora para o Bayern de Munique [risos] e a tendência é infantilizar-se", recorda Herman José.
Um comportamento que Herman olha agora como uma espécie de tomada de posição pública: "Foi também para contrariar aquela coisa antiga do 'escondam as pratas que vêm aí os comediantes'. Para se ser um comediante era obrigatório ser-se pobre e viver mal porque assim é que era. Portanto houve também aqui uma coisa de 'nós também podemos'. Isso foi muito agressivo para muita gente e era completamente dispensável".
Os anos trouxeram-lhe um olhar mais severo para com a ostentação: "Uma coisa que critico hoje nas redes é o constante vomitar de luxos para cima das pessoas, é cansativo, não é saudável e é responsável por fazer imensa gente infeliz, sobretudo os que acham que estão a perder qualquer coisa porque a vida é feita de relógios caros, casamentos milionários, idas às Maldivas e malas da Hermés".