
O pirata informático português Rui Pinto chamou Isabel dos Santos como testemunha no segundo julgamento por intrusões informáticas, noticiou a 'Sábado' esta quarta-feira, 23.
Em causa está o processo em que Rui Pinto será julgado em janeiro por acesso aos emails de dezenas de funcionários do Benfica, da Autoridade Tributária e Aduaneira, da Altice, Fidequity, IURD, Vieira de Almeida, Rio Ave, Morais Leitão, Soares da Silva e Associados, Cofina (agora Medialivre), Liga Portugal, entre outros.
Isabel dos Santos, que vive exilada no Dubai com mandado de captura internacional, terá sido uma das visadas da invasão dos emails, mas a defesa de Rui Pinto argumenta que as vítimas tinham seis meses para apresentar queixa depois de terem tido conhecimento de que as caixas de correio tinham sido acedidas, no entanto só apresentaram queixa depois de muitos anos após o conhecimento dos factos.
Conhecido pelo vazamento das informações que deram origem às investigações que ficaram conhecidas como Football Leaks, Rui Pinto também admite ter sido a fonte do escândalo Luanda Leaks, que expôs em janeiro de 2020 os negócios de Isabel dos Santos e levou-a a ser constituída arguida em Angola por vários crimes relacionados com corrupção e evasão fiscal.
Após a divulgação de 715 mil documentos, Isabel dos Santos e Rui Pinto chegaram a trocar acusações nas redes sociais depois de o pirata informático questionar se o antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, seria propietário de mansões em Portugal.
Isabel dos Santos disse que Rui Pinto é "um mero curioso que vive de fofoca" em resposta ao pirata, no antigo Twitter.
Neste novo processo, a defesa de Rui Pinto quer mostrar como a divulgação das informações no Football Leaks e, ao mesmo tempo, do Luanda Leaks, revela a preocupação social do 'hacker'. "Só com o acesso e exposição pública e de forma global, através de um consórcio de jornalistas de investigação dos documentos da [empresa] Fidequity" é que ficaria "claro e inequívoco quem seriam as peças-chave no auxílio e otimização do branqueamento de capitais da filha do presidente angolano", revelou a 'Sábado'. O que, argumentam os advogados, "numa interpretação extensiva do conceito legal", significa que Rui Pinto "agiu em legítima defesa do povo angolano" pois "apenas dessa forma se poderia travar os crimes em execução cometidos por Isabel dos Santos".
Rui Pinto foi condenado em setembro de 2023 a quatro anos de prisão, com pena suspensa, no caso Football Leaks, pela tentativa de extorsão à Doyen e a Nélio Lucas, bem como pela intrusão na Doyen, Sporting, PLMJ e Federação Portuguesa de Futebol.