
Graça Freitas, a ex-diretora-geral da Saúde, de 67 anos de idade, revelou agora que enfrentou a doença em silêncio durante a pandemia da covid-19. A lutar contra um cancro da mama, a prioridade era o País e salvar vidas de um vírus demasiado agressivo e letal, desconhecido até então.
Pela primeira vez, Graça Freitas falou abertamente sobre a sua batalha para vencer o cancro na estreia do podcast 'Tenho Cancro. E Depois?', da jornalista Sara Tainha. A ex-diretora-geral da Saúde teve ao seu lado Fátima Vaz, diretora do serviço de Oncologia Médica do IPO de Lisboa, a médica que a acompanhou durante o tratamento. Inicialmente, foi-lhe diagnosticado um cancro da mama e, posteriormente, também outros, no colo do útero e na pele.
"Eu preocupava-me mais com a pandemia, vou ser sincera. A pandemia era a minha prioridade na altura. Nós temos sempre prioridades na vida e eu achava que já tinha passado o pior do cancro, já estava em velocidade de cruzeiro em relação ao cancro, já estava a fazer terapêutica, enfim, de segurança", afirmou. "Fiz um rastreio e, no âmbito do rastreio, foi-me detetado um pequeno nódulo e eu fiz a opção de ser tratada no IPO. A partir daí, confiei inteiramente nessa opção que fiz", afirmou, em declarações ao podcast.
"Encarei o cancro desde o dia em que soube que o tinha como uma inevitabilidade. Era um facto, eu tinha-o e só tinha um objetivo. E o meu objetivo era manter-me viva", recordou Graça Freitas que perdeu o cabelo logo após o primeiro tratamento: "Caiu naturalmente. Quando caiu, caiu, pronto. Caiu da noite para o dia, ao fim da primeira sessão de quimioterapia, num hotel onde eu estava na altura."
"Estava convencida que a radioterapia, de alguma forma, sobretudo depois de ter passado pela quimio, ia ser um processo mais simples. Infelizmente, não foi", refere. "A radioterapia foi uma experiência traumática por si", garantiu.
Para além da ajuda do marido e dos amigos, Graça Freitas agradeceu o apoio do motorista da DGS: "Era ele que me levava ao IPO. O senhor Bruno. Eu tenho uma dívida para com o senhor Bruno brutal. Ele levou-me às 33 sessões de radioterapia. Naquelas 33 sessões, ele foi pôr-me à porta da radioterapia, ajudou-me a sair de lá e, depois, via como é que eu estava, o estado em que eu estava, e tinha uma máxima que era: ‘nunca pior, senhora doutora’. Eu nunca me esqueço".