
Para quem está de fora é complicado perceber o turbilhão de emoções que tem vivido Cristiano Ronaldo no último ano. De um momento para o outro, o deus do futebol mundial, o nosso Hércules, o imbatível, o único, o capaz de todos os feitos e de bater todos os recordes mostra-se, afinal, como um mortal como nós. Alguém que sofre com a vida pessoal, com as críticas dos adeptos ou da opinião pública, que luta para ficar e brilhar num clube, mas é empurrado para fora, alguém que disfarça o drama vivido em casa, mas que é obrigado a dá-lo a conhecer. Houve o desaparecimento do filho e a saúde débil da sua gémea, Bella, internada prematuramente e que agora volta de novo ao hospital - revelação feita por Georgina Rodriguez, a mãe, numa entrevista que chega às bancas na semana do fim do Mundial de futebol. Mais: campeonato do qual Portugal e Ronaldo saíram sem glória e que terminou ganho pelo arquirrival de CR7, Lionel Messi.
Que turbilhão de emoções deve ser este, na cabeça e no coração do craque, com o qual Ronaldo tem de lidar e superar-se a si próprio mais uma vez, mostrando a sua força em momentos em que não parece ser deus mas apenas um menino a precisar de colo e de mimos.
Não deve ser nada fácil. Nada.
E, neste caso, que fazer? Com o estatuto que tem, com os olhos do mundo em cima de si, Ronaldo é daqueles que não pode virar costas e dizer "deixem-me em paz" nem tirar férias para ter descanso, nem nada. Está em pressão constante, está a ser observado, julgado. Sempre. Por isso só há duas coisas a fazer: a primeira é preservar-se o mais possível – não se expor, não contar demais, não abrir as portas da intimidade para que vidas privada e profissional não se misturem. E não deixar que os outros – sejam família ou amigos – o façam por si. E por outro lado fazer o que sempre fez melhor: levantar a cabeça e seguir em frente. Nos melhores e piores momentos. Seguir sempre em frente, com aquela garra única que lhe conhecemos, superando-se mais uma vez. Se o conseguir, tempos maravilhosos virão, dentro e fora dos relvados. Feliz 2023, São Ronaldo!