
Assistir a uma emissão do Festival da Canção levanta, atualmente, mais questões do que garante uma noite simples de entretenimento televisivo. A primeira: o que é hoje este concurso e para que serve? Resposta: concurso de talentos para encontrar uma personalidade e canção que representem Portugal no concurso internacional Eurovisão. Mas será apenas ou fundamentalmente isso? Que é uma montra não há dúvidas, só não tenho a certeza de que tenha lugar no ambiente correto.
O fosso entre o formato tradicional de apresentação e votação e a linguagem dos concorrentes que se apresentam é gigante. Como se estivéssemos a assistir a artes cénicas de uma escola independente de teatro no popular Parque Mayer. São linguagens diferentes que não “encaixam”.
O que pretendem os concorrentes? Mostrar a sua diferença e/ou criatividade? Romper barreiras? Ganhar um passaporte para entrar no inclusivo mundo da Eurovisão e lá ou através desses contactos construir uma carreira? E sobre estas ambições impõe-se perguntar? E quem dá apoio a estes jovens? Quem os orienta nessa procura? Onde estão os autores e compositores? E os agentes? E, finalmente para o que interessa no final: estão estas performances integradas no ambiente certo? O que é e para que serve o Festival?
Aguardo respostas.