
Cansaço, falta de ar, dores, confusão mental e comprometimento de um ou mais órgãos são alguns dos sintomas da "covid-19 prolongada", uma condição que afeta cerca de 60 mil britânicos que não tiveram inicialmente fortes sintomas da doença mas que continuaram a sentir diferenças no corpo depois de ficarem livres do vírus. As conclusões são do novo estudo Coverscan conduzido com cerca de 500 pessoas com média de 44 anos de idade.De acordo o 'Guardian', especialistas afirmam que "numa população jovem de baixo risco com sintomas contínuos, quase 70% dos indivíduos apresentam comprometimento de um ou mais órgãos quatro meses após os sintomas iniciais da infeção por Sars-Cov-2". Os órgãos mais afetados são o coração, os pulmões, o fígado e o pâncreas.
"Existem implicações não apenas para os casos de covid prolongada, mas também para as abordagens de saúde pública que assumiram que os jovens sem doenças adjacentes são de baixo risco", diz o documento.
"A boa notícia é que o comprometimento é leve", afirmou o cardiologista e professor da University College London Amitava Banerjee. "Mas, mesmo com um olhar atento, há algum comprometimento e em 25% das pessoas afeta dois ou mais órgãos [...] Isto é interessante porque precisamos saber se [essas deficiências] persistem ou se estão a melhorar - ou se há um subconjunto de pessoas que podem piorar".
Sintomas também verificados nos casos mais graves
O 'Guardian' revela que um outro estudo que analisou 58 pacientes que foram hospitalizados com covid-19 também notou sintomas nos voluntários meses depois da doença. Cerca de 60% apresentavam sequelas semelhantes nos pulmões, 29% nos rins, 26% no coração e 10% no fígado, dois a três meses após a infeção inicial. Também foram notadas alterações nos tecidos em algumas partes do cérebro.
"As descobertas iniciais de um estudo que examinou o impacto de longo prazo da Covid-19 revelaram que uma grande proporção de pacientes com covid-19 que teve alta hospitalar ainda apresentavam sintomas de falta de ar, fadiga, ansiedade e depressão dois a três meses após contrair o vírus", diz o estudo C-MORE, conduzido pela Universidade de Oxford.
Falta saber qual o perfil de pacientes mais afetados, se estavam mesmo livre de outros problemas de saúde antes de terem sido infetados com o novo coronavírus e se estes sintomas prolongados serão sequelas a longo prazo ou apenas a médio prazo.