
Já era previsível que a chegada dos talibãs ao poder no Afeganistão não decorresse de forma totalmente pacífica e está-se a confirmar que, para muitos, foi mesmo uma sentença. Ao mesmo tempo que os talibãs recomendavam às estações de rádio que ajustassem a sua programação para que esta se alinhassem com os valores defendidos pelo Islão, levando a que as pessoas tenham parado de fazer soar música, o cantor de música tradicional, Fawad Andarabi, terá sido assassinado.
Quem o revelou foi o antigo ministro afegão, Masoud Andarabi, através do Twitter, onde condenou o incidente: "A brutalidade dos Talibã continua em Andarab. Mataram brutalmente o cantor folclórico Fawad Andarabi, que simplesmente trazia felicidade a este vale e às suas gentes", referindo-se a Panjshir, região a norte da capital Cabul.
Taliban’s brutality continues in Andarab. Today they brutally killed folkloric singer, Fawad Andarabi who simply was brining joy to this valley and its people. As he sang here "our beautiful valley….land of our forefathers…" will not submit to Taliban’s brutality. pic.twitter.com/3Jc1DnpqDH
— Masoud Andarabi (@andarabi) August 28, 2021
Esta é apenas mais uma consequência das medidas tomadas pelos Talibã, que, nos últimos tempos, já incluíram o impedimento de professores masculinos de lecionar raparigas nas escolas e levaram à remoção de músicas ou programas na rádio com vozes femininas, de acordo com o ‘Times Now News.’ Contudo, Khalid Sediqqi, produtor numa estação privada de rádio afegã, afirmou à Reuters que esta última não se tratou de uma exigência, mas sim uma alteração por opção própria para evitar que os talibãsdecidissem encerrar a estação, acrescentando que "ninguém quer entretenimento neste país, nesta altura, estamos todos em estado de choque."
Também, a pivô e jornalista Beheshta Arghand, que ganhou reconhecimento após ter entrevistado um representante dos talibãs para a televisão, fugiu do país por temer pela sua vida, devido aos crescentes relatos de intimidação a membros da comunicação social, segundo a ‘CNN’, com um proprietário de uma cadeira televisiva a declarar mesmo que a maioria dos repórteres e jornalistas terão saído do Afeganistão.